Brasil pode ter que voltar a importar petróleo, alerta diretora da Petrobras
Exploração da nova margem equatorial, considerada o novo pré-sal, é considerada essencial

O Brasil pode ter que voltar a importar petróleo dentro de dez anos, caso a exploração da nova margem equatorial, considerada o novo pré-sal, não avançar. A afirmação foi feita por Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, durante um evento no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (24). As informações são da Agência Brasil.
A estatal busca a licença para explorar a área, que se estende da costa do Rio Grande do Norte ao Amapá, conhecida por seu potencial de reservatórios de petróleo. A falta de descobertas e a queda prevista na produção do pré-sal podem levar à dependência externa a partir de 2034.
Sylvia Anjos destacou que o Brasil é autossuficiente em petróleo desde 2006, com 81% da produção atual advinda do pré-sal. No entanto, a Petrobras enfrenta desafios com a exploração na margem equatorial. A empresa possui 16 poços autorizados, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu permissão apenas para perfurar dois poços na costa do Rio Grande do Norte.
A diretora enfatizou que o tempo é crítico, pois a produção do pré-sal pode apresentar declínios em cinco a seis anos. “O tempo está sendo muito crítico, em cinco, seis anos tem uma caída da produção do pré-sal e, com isso, a gente pode voltar a ser importador de petróleo em 2034, 2035, se a gente não tiver descobertas”, afirmou Sylvia.
Ela detalhou ainda que a Petrobras tomou medidas para atender as exigências do Ibama, como a criação de um centro de acolhimento de animais em caso de vazamentos e simulações de emergências ambientais.
As preocupações ambientais são um aspecto central nas discussões sobre a exploração da nova área. Sylvia comentou sobre a disseminação de “fake news científicas”, especificamente a informação de que há corais na foz do rio Amazonas, o que ela negou. “Não existe coral na foz do Amazonas, isso não é verdade. Existem rochas semelhantes a corais,” assegurou a diretora, que frisou que os poços estão a 540 quilômetros da costa e que a área não é isolada.
O Ibama não forneceu uma data para a resposta ao pedido de reconsideração, e a Petrobras solicitou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a suspensão do prazo de exploração para não perder concessões sem licença. Sylvia expressou sua frustração com a possibilidade de não obter a autorização ainda em 2024: “Eu já estou frustrada”.
Caso a licença fosse concedida imediatamente, a Petrobras acredita que as atividades de perfuração não começariam antes de 2024, dada a necessidade de preparar e transportar a sonda. O custo de inatividade devido à espera pela licença representa um prejuízo significativo, com gastos elevados para manter sondas paradas. A diretora lamentou os custos de aluguel das sondas, destacando a pressão econômica que a demora na licença causa à empresa.
O pedido de licença da Petrobras para a margem equatorial foi feito em 2013, embora a área tenha ganhado destaque recentemente. Atualmente, a Petrobras já perfura poços na costa do Rio Grande do Norte, mas não há informações sobre a viabilidade econômica das reservas. A diretora enfatizou a importância de novas tecnologias para tornar a produção rentável, mesmo em áreas que não oferecem grandes volumes.
Em relação ao futuro da exploração, a Petrobras está em busca de parceiros, mas as incertezas em torno das licenças têm desencorajado grandes petroleiras. “Todas as empresas estão de olho no Brasil, porém, elas perderam a esperança com a questão da licença. Então, [se a Petrobras conseguir] todo mundo volta a ter interesse”, disse Sylvia. Apesar disso, ela reafirmou que a Petrobras possui conhecimento suficiente para conduzir campanhas exploratórias sem parcerias.
Ela comentou ainda sobre a transição energética, destacando que a exploração de petróleo não é incompatível com as políticas ambientais. Ela afirmou que a empresa está investindo em tecnologias para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e que o petróleo continuará sendo uma fonte essencial para a economia global nos próximos anos. “A emissão do pré-sal chega a ser de sete a nove quilos de CO2 por barril. A média no mundo é 17 kg,” concluiu Sylvia, assegurando que a Petrobras busca alcançar a neutralidade de carbono antes de 2050.
Redação
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