Não é novidade que a Bahia possui uma forte relação com cultura, religião e tradições afros, o que atrai os olhares de pessoas em todo o mundo. Por isso, o governo da Bahia e a prefeitura de Salvador passaram a investir em festivais, eventos culturais e demais ações para influenciar e incentivar o afrotursimo.

A força do turismo baiano em números

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, de janeiro a outubro de 2024, o volume das atividades turísticas na Bahia cresceu 7,3 %, em relação ao mesmo período de 2023, enquanto no Brasil o crescimento foi de 2,3%.

O estado é a porta de entrada de mais de 40% dos turistas internacionais que procuram o Nordeste brasileiro, de acordo com dados da Polícia Federal e do Ministério do Turismo.

De janeiro a novembro, o fluxo de visitantes de outros países na Bahia cresceu 59,9%, enquanto no Nordeste o aumento foi de 40%, e o Brasil registrou 12,9%.

Incremento de voos na alta estação

Nos dois primeiros meses de 2025, o aeroporto de Salvador, principal porta de entrada dos visitantes na Bahia, receberá mais de nove mil voos domésticos e 530 da América do Sul e da Europa.

O governo do estado viabilizou a ampliação das rotas internacionais com destino a Porto Seguro para cinco semanais, com origem em Buenos Aires.

Com isso, no verão 2024, a Bahia será o estado do Norte/Nordeste a receber mais voos diretos da América Latina.

Setur-BA investe no afroturismo através do Agô Bahia

Um dos principais projetos promovidos pelo governo do estado, através da Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA), é o Agô Bahia, que visa valorizar as religiões de matriz africana, desenvolvendo roteiros turísticos para as comunidades de terreiros, além de guias para a visitação desses espaços sagrados. 

Em nota, a Setur divulgou que, atualmente nove terreiros de Salvador, localizados próximos à Baía de Todos-os-Santos, além de outro na Costa dos Coqueiros, em Camaçari, fazem parte da iniciativa, que promove capacitações em empreendedorismo e melhorias nas instalações dos terreiros de candomblé.

Entre os beneficiados estão espaços como Casa Branca, Gantois e Ilê Axé Opô Afonjá, que integram um roteiro turístico inédito. O projeto Agô Bahia também lançou um guia de visitação aos templos, facilitando o acesso de visitantes a esses espaços culturais.

Capacitação de baianas de acarajé

O projeto também promoveu a capacitação de 220 baianas de acarajé e de receptivo. Os cursos abordaram assuntos como  manipulação de alimentos, atendimento qualificado, marketing digital, empreendedorismo, gênero e raça.

O secretário estadual do Turismo, Maurício Bacelar, comemora os números do setor na Bahia e projeta novos recordes no verão 2025.

“Nós vamos bater um recorde seguido. A temporada 23/24 foi um recorde na Bahia e a temporada 24/25, com certeza absoluta, será um recorde sobre a movimentação da temporada passada, por conta do número de voos que o governo do estado trouxe para a Bahia nesse período. Para que você tenha uma ideia, somente da América Latina, nós vamos receber 19 voos semanais. E, a partir de janeiro, teremos voos diários ligando Salvador a Buenos Aires. O mercado da América Latina é o maior mercado emissor de turistas internacionais do Brasil e em particular da Bahia”. 

Afroturismo é tendência do turismo em 2025

O titular da Setur-BA, Maurício Bacelar, não tem dúvida de que uma das principais tendências do turismo em 2025 no estado é o afroturismo, que tem tudo para se consolidar nesta temporada.

“É aqui na Bahia que os turistas encontram a melhor experiência do afroturismo no mundo. O governo do estado tem um investimento na área das religiões de matriz africana. Nós temos trabalhado as baianas de acarajé, trabalhado os blocos afro, enfim, a cultura que os negros africanos trouxeram para a Bahia. Nós guardamos costumes do povo africano que não tem na África, mas que tem aqui. Para os negros da diáspora no mundo, o melhor local de se fazer uma experiência de afroturismo, de conhecer a sua origem, é aqui na Bahia”.

Secult investe no afroturismo: Salvador Capital Afro

Para a prefeitura de Salvador, o período do afroturismo começou ainda na primavera, em novembro, mês da Consciência Negra. A capital baiana ficou sob influência da ação Salvador Capital Afro, com a realização de uma série de  eventos culturais e econômicos, em busca de reafirmar o  protagonismo da cidade no afroturismo global.

Segundo dados divulgados pela Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), os visitantes autodeclarados pretos e pardos são os que passam mais tempo na capital baiana, sendo que  21% deles ficam mais de dez noites.

Além disso, turistas negros oriundos das Américas são responsáveis por um mercado que movimenta US$ 129,6 bilhões. Para estes visitantes, Salvador é um destino acolhedor e culturalmente relevante.

Festival Afropunk é marco do afroturismo

Uma das principais atrações que a prefeitura de Salvador promove pensando no desenvolvimento do afroturismo é o Festival Afropunk, evento de música que traz artistas negros renomados, difusores da musicalidade afrodescendente. 

Outro projeto da prefeitura de Salvador é o Rolê Afro, lançado neste ano, que traz 11 roteiros turísticos que dão destaque à cultura e história afro-brasileira.

No lançamento do projeto, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, destacou a prioridade dessas ações culturais e de promoção do afroturismo na capital baiana.

“Estamos mostrando ao mundo que Salvador é a capital afro, valorizando sua cultura negra como nosso principal ativo”.