Colisão entre aves e aviões no Brasil é ameaça constante à segurança aeronáutica

Medidas como manejo de fauna e uso de cães e falcões têm ajudado a reduzir os riscos de incidentes


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Héber Araújo 17/03/2025 07:00 Cidades
Colisão entre aves e aviões no Brasil é ameaça constante à segurança aeronáutica - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A colisão entre aves e aviões é uma ameaça constante à segurança aeronáutica. No Brasil, essa ocorrência é a segunda maior causa de incidentes aeronáuticos, colocando em risco a vida de passageiros e tripulantes. Estima-se que, em média, dez aviões colidam com aves por dia no país, sendo que seis desses incidentes envolvem aeronaves comerciais. Para reduzir os riscos, aeroportos em todo o território nacional adotam uma série de medidas que vão desde o manejo da fauna até o uso de tecnologias sonoras e animais treinados.

Medidas de controle contra colisões

Os aeroportos brasileiros têm se esforçado para implementar práticas eficazes no controle da fauna nas áreas operacionais. Entre as medidas adotadas estão o manejo de ovos e ninhos, a remoção de poleiros e abrigos, o controle da vegetação e o uso de dispositivos acústicos que emitem sons de alta frequência para espantar as aves.

Alguns aeroportos, como o Aeroporto de Brasília, contam com a ajuda de cães da raça Border Collie, Zeca e Vida, que são treinados para afastar as aves da área de risco. Além deles, os aeroportos têm usado a falcoaria para afastar aves invasoras.

Essa combinação de métodos tem mostrado resultados positivos. No caso de Brasília, os dados de 2024 revelaram uma redução de 30% nas colisões em comparação com o ano anterior. Já o Aeroporto de Guarulhos, considerado um dos mais movimentados do país, conseguiu reduzir em 60% o número de ocorrências com fauna, graças ao uso de técnicas semelhantes.

O papel dos animais no controle da fauna aeroportuária

A utilização de cães e falcões tem se mostrado uma estratégia eficaz para afastar aves dos aeroportos. O Aeroporto de Porto Alegre, administrado pela Fraport Brasil, também emprega falcoaria, utilizando aves de rapina para patrulhar o espaço aéreo e evitar que espécies indesejadas se aproximem. Além disso, a equipe de gerenciamento de fauna dos aeroportos conta com profissionais especializados, como biólogos e veterinários, que trabalham para garantir que as práticas de manejo estejam de acordo com as regulamentações ambientais.

O Rio de Janeiro, por sua vez, conta com o uso de canhões sonoros e técnicas de controle mais específicas, como o treinamento de cães. O Rio Galeão, concessionária responsável pelo aeroporto, afirma que as ações têm sido bem-sucedidas, com uma redução significativa de colisões envolvendo aves.

Entre as aves que mais causam colisões estão o quero-quero, o carcará e a pomba-de-bando. O quero-quero, em particular, faz ninhos nos gramados dos aeroportos, o que aumenta o risco de colisões. Além das aves, também há registros de colisões com animais terrestres, como répteis e até capivaras. Esses incidentes, embora menos frequentes, representam um risco real à segurança das operações aéreas.

Avanços no controle e monitoramento da fauna

Uma das iniciativas mais recentes no Brasil é o uso de exames de DNA para identificar as espécies de animais envolvidas nas colisões. O Ministério de Portos e Aeroportos lançou um projeto pioneiro para analisar amostras de DNA da fauna envolvida em “bird strikes” (colisões com pássaros), com o objetivo de aprimorar os planos de manejo de avifauna nos aeroportos. O projeto conta com a colaboração de 42 aeroportos e três laboratórios especializados.

Além disso, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) criou um programa de reportes para incentivar os aeroportos a registrarem e compartilharem informações sobre esses incidentes. O objetivo é promover uma maior transparência e colaborar para o aprimoramento das estratégias de prevenção. Em caso de descumprimento das normas de manejo de fauna, os aeroportos podem ser penalizados com multas e até restrições operacionais.

Casos de destaque e importância da colaboração

Incidentes envolvendo colisões com aves continuam a ser registrados, como o caso do voo da Latam em fevereiro de 2024, no qual um Airbus A321 precisou retornar ao aeroporto após colidir com uma ave. Embora o incidente tenha sido controlado sem vítimas, ele gerou uma série de desabafos, com o CEO da Latam, Jerome Cadier, destacando a importância de um trabalho mais consistente por parte dos aeroportos no controle da fauna.

Casos como esse evidenciam a necessidade de uma colaboração mais efetiva entre os operadores de aeroportos, as autoridades municipais e as companhias aéreas. O objetivo é evitar que eventos como esses impactem ainda mais a aviação comercial, que já enfrenta desafios relacionados à segurança e aos custos operacionais.

 

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