A Salvador desconectada: um abismo entre a Cidade Alta e a Baixa
Articulista diz que obras há mais de 1 ano no Elevador Lacerda e inoperância do Plano Inclinado prejudica turismo no Pelourinho

Entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa, onde Salvador se revela em suas camadas de história e cultura, os meios de transporte que ligam esses dois mundos estão tão parados quanto uma obra inacabada. O Elevador Lacerda, ícone monumental e cartão-postal da cidade, jaz fechado há mais de um ano para reformas intermináveis. Ao seu lado, o Plano Inclinado Gonçalves permanece igualmente inerte, envolto num silêncio que ninguém sabe explicar. No coração de uma cidade cuja vida pulsa pela diversidade e pela criatividade, o que se vê é a estagnação.
E assim, diante desse cenário de abandono, dois imensos navios de cruzeiro atracam no porto, despejando turistas ávidos por conhecer o que ouviram ser um “caldeirão cultural”. Eles chegam cheios de expectativas, mas encontram barreiras que não deveriam existir. Sem o Elevador Lacerda e o Plano Inclinado Gonçalves, o acesso entre a Cidade Baixa e a Cidade Alta vira uma saga. Subir a ladeira a pé, encarar um táxi ou procurar um ônibus em meio ao trânsito caótico da região? Para muitos, é mais fácil desistir. E aqueles que se aventuram a subir a pé pela Ladeira da Montanha encaram outro risco: a insegurança. O resultado disso é a frustração estampada nos rostos dos visitantes, que deixam Salvador sem entender como a capital do axé e da hospitalidade permite tal descaso com sua própria essência.
Enquanto isso, os comerciantes e ambulantes que dependem do fluxo de turistas assistem, impotentes, ao prejuízo diário. A falta de circulação de pessoas significa lojas vazias, bancas esquecidas e a sensação de que o potencial da cidade está sendo sabotado. A economia local, que poderia estar fervendo com a presença dos visitantes, fica morna, quase fria. Salvador, que sempre foi boa de acolher, hoje se mostra uma anfitriã desajeitada.
E o prefeito? Talvez esteja ocupado com reuniões ou discursos pomposos, mas o que se percebe é que o turismo, tão vital para a capital baiana, não parece estar no topo da lista de prioridades. Não é preciso muito para entender que criatividade e interesse poderiam transformar essa situação em oportunidade. Uma solução provisória, como transporte alternativo, poderia amenizar o impacto. Mas o que se vê é a inércia, o reflexo de uma gestão que não enxerga o valor simbólico e econômico de seus próprios tesouros.
No final das contas, todos perdem. Os turistas, que deixam de vivenciar o encanto do Pelourinho. Os comerciantes, que perdem o sustento. E a cidade, que reforça uma narrativa de descaso e incompetência. Salvador merece mais. Não é apenas a Cidade Alta ou a Cidade Baixa que estão desconectadas. É toda a gestão pública que parece estar fora do lugar.
*José Yglesias Garcia é morador e empreendedor do Centro Histórico de Salvador
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