Vixe! A reforma de Jerônimo e o retorno do PP ao governo. Lula não interfere e Lira deve eleger Elmar na Câmara. E a resistência de Brito

Reforma de Jerônimo

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já começou a esboçar a reforma que fará em seu secretariado até o final do ano. Segundo informação chegada à Coluna Vixe!, pelo menos quatro pastas devem ser alvo de mudanças entre os meses de novembro e dezembro. O movimento, segundo dizem, não tem relação direta com a eleição. O objetivo é que os ajustes aconteçam para melhorar a performance do governo.

Perfis menos políticos

O entendimento é que nomes como o de Sérgio Brito (Secretaria de Infraestrutura) e Jusmari Oliveira (Desenvolvimento Urbano) devem ser substituídos por quadros mais técnicos e com perfis menos políticos, indicados pelo próprio partido. Quem conversa mais de perto com o governador diz que ele planeja abrir diálogo com o senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, para tratar sobre o assunto.

A volta de Cavalcanti

Para a Casa Civil, o secretário Afonso Florense (PT) pode ser substituído pelo ex-secretário Marcus Cavalcanti, que pode ser liberado pelo ministro Rui Costa (PT) para ajudar na gestão da Bahia. Até o entendimento com o ministro já teria sido iniciado, sobretudo devido a Rui entender que o auxiliar já cumpriu suas principais missões no âmbito do governo federal. A vinda dele é apontada como estratégica para melhorar a gestão Jerônimo. Com isso, Florense deve retornar a Brasília, por ser candidato à reeleição.

Mudança na SDR

Outro nome do PT que pode ser substituído é o do secretário de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, que deve reassumir o mandato na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Pelo que se fala na Governadoria, Jerônimo já teria começado a dialogar com a direção do seu partido, o PT. A expectativa é que as siglas não criem problema, já que o governador tem feito gestos de fortalecimento político na base aliada.

Sem criar problemas

Só no PT, ele atuou para o candidato em Feira de Santana, Zé Neto, se licenciar do mandato para a suplente Elisangela assumir em Brasília. Com o movimento, chamou a líder do MST, Lucinha, e Radiovaldo para o jogo político. “O governador atendeu todo mundo agora na política, justamente pra depois da campanha dizer que quer um gesto de reciprocidade para azeitar o próprio governo”, afirmou um deputado que transita bem na Governadoria.

A reaproximação com o PP

No bojo da reforma do secretariado está o projeto de reaproximação do governo com o PP, que rompeu na eleição de 2022 para governador e marchou ao lado do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). Pelo que se comenta na Governadoria, ele quer entregar a Seplan (Secretaria de Planejamento) para o Progressistas. O problema estaria sendo a escolha do nome de alguém que pudesse unificar a sigla. No banco de apostas, cresce o secretário-geral do partido, Jabes Ribeiro, que dialoga com as duas correntes da sigla e abriu mão de assumir a candidatura a prefeito de Ilhéus devido à intransigência de Valderico Júnior em compor a chapa com ele.

Não será da Assembleia

A única certeza que se tem é que o novo titular da Seplan não será um deputado estadual, já que a ascensão de um progressista para o secretariado abriria vaga para Soraia Cabral, primeira suplente da legenda e esposa de Dr. Pitágoras (PP), prefeito de Candeias.

Lira deve emplacar Elmar

Por mais que parte da imprensa nacional diga que não, movimentos dessa semana em Brasília levaram dirigentes de partidos a apostarem que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deverá conseguir emplacar o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, na sua sucessão em 2025. O deputado baiano enfrenta a concorrência do líder do PSD na Casa, o também baiano Antonio Brito, e do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP).

Lula não vai intervir

O nome de Elmar cresceu após o presidente Lula indicar aos líderes partidários, durante reunião na última segunda-feira (26), que não vai intervir na eleição para a Câmara. O petista teria mencionado que não repetiria os erros do passado, referindo-se à derrota do candidato Arlindo Chinaglia, em 2015, apoiado pela então presidente Dilma Rousseff.

Decisão do STF

Na verdade, quem transitou nos últimos dias pela capital federal disse que o presidente Lula e sua articulação política não estavam dispostos a “pagar o preço” por contrariar Lira, sobretudo depois dos desgastes gerados pela decisão do Supremo Tribunal Federal, de suspender o pagamento de emendas parlamentares. “A crise dos últimos dias fortaleceu o atual presidente Arthur Lira no processo de definição do seu sucessor e deixou o Planalto acuado”, explicou um deputado baiano que integra o Centrão.

Digital de Rui

Pra completar os desgastes entre o Planalto e o Legislativo, apoiadores de Arthur Lira teriam identificado a digital do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, na decisão do STF contra as emendas parlamentares, o que teria causado mais repulsa dos principais líderes de bancada na Câmara. Com o estremecimento na relação entre os três poderes, um líder de bancada ouvido pela Coluna Vixe! garantiu que Lira buscará anunciar ainda essa semana o nome que apoiará para sucedê-lo no cargo.

Lira sai fortalecido

Para aliados do atual presidente da Câmara, a iniciativa do STF teria sido pensada para fragilizar a posição dele na sucessão da Casa, o que não aconteceu. “Lira se fortaleceu muito mais internamente e não deixará esse episódio do Supremo passar em vão. Ele vai aproveitar para consolidar seu desejo de ver Elmar como o próximo presidente da Câmara dos Deputados”, informou o deputado do Centrão.

Brito não desistirá da candidatura

Os demais postulantes ao comando da Casa, porém, avaliam que o apoio de Lira a Elmar não significa a vitória certa do atual líder do União Brasil. O deputado Antonio Brito, por exemplo, teria deixado claro durante a reunião de segunda com Lula que respeitará a escolha do presidente, mas que não desistirá da candidatura. Brito teria afirmado que a decisão final caberá aos próprios parlamentares.

Ligação com o Planalto

Pelo que se comenta em Brasília, pesa contra o deputado Antonio Brito o fato de ser aliado do PT e ligado ao Planalto, o que fragilizaria seu discurso de independência diante das vontades e pressões do presidente Lula e sua equipe, cenário que os deputados de todo o país tentam evitar. “Ainda mais pelo fato de todos terem entendido a necessidade de ter uma Câmara independente”, como completou o parlamentar ouvido pelo Portal M!.

Conversa com todos os lados

Recentemente, Antonio Brito havia enfatizado que conversa com “todos os lados” da política e que não tem alinhamento automático com o governo. “Ao mesmo tempo que eu tenho um alinhamento com o PT a nível Bahia, também tenho ótima relação com o PL a nível nacional”, disse ao Portal M! na ocasião, ao lembrar um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro.