Ex-diretora de presídio é presa por suspeita de facilitar fuga de detentos em Eunápolis 

A ex-diretora do presídio de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, foi presa, na noite desta quinta-feira (23), por volta das 21h, pela Polícia Civil da Bahia após investigações da fuga de 16 detentos em dezembro do ano passado. Com prisão preventiva autorizada pela Comarca de Eunápolis, a ex-gestora é suspeita de facilitar a fuga dos detentos e colaborar com uma organização criminosa. Até o momento, apenas um dos foragidos foi encontrado, mas morreu após confronto com a polícia.

Investigação revela possível participação em esquema criminoso

De acordo com a Delegacia Territorial de Eunápolis, Joneuma Silva Neres teria facilitado a invasão e a fuga do presídio no final do ano passado. As investigações apontam que a ex-diretora não apenas permitiu a ação dos criminosos, mas também mantinha ligações com uma facção criminosa. A fuga, ocorrida em 12 de dezembro de 2024, expôs fragilidades no sistema prisional e levantou questões sobre a infiltração de agentes públicos em esquemas ilegais.

A prisão foi realizada na Avenida Getúlio Vargas, próximo a uma agência bancária. Durante a abordagem, os policiais apreenderam diversos itens que podem servir como provas no caso, incluindo aparelhos celulares, chips telefônicos, um caderno de anotações e R$ 8 mil em espécie. Todo o material foi encaminhado para análise na delegacia.

Operação busca esclarecer vínculos e responsabilidades

Após a detenção, Joneuma foi submetida a exames periciais e deve ser transferida para o Conjunto Penal de Teixeira de Freitas. A investigação, que ainda está em andamento, busca esclarecer o papel da ex-diretora no episódio da fuga e sua possível participação em atividades criminosas mais amplas.

A fuga de detentos em dezembro de 2024 já havia levantado suspeitas sobre a existência de colaboradores internos. A prisão de Joneuma reforça a tese de que agentes públicos podem estar envolvidos em esquemas que comprometem a segurança das unidades prisionais.

Relembre fuga dos detentos 

Criminosos fortemente armados invadiram, na noite do dia 12 de dezembro de 2024, o Conjunto Penal de Eunápolis, no Sul da Bahia, libertando 16 detentos, maioria ligada à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) de Eunápolis. O ataque, ocorrido por volta das 23h, envolveu troca de tiros com agentes de segurança, uso de cordas para acessar o presídio e resultou na morte de um cachorro de guarda. Entre os fugitivos está um criminoso perigoso, conhecido como “Dada”.

A empresa responsável pela segurança acionou a polícia, mas não conseguiu evitar a fuga. O secretário estadual José Castro cancelou compromissos para acompanhar as investigações, enquanto a polícia intensificou buscas pelos fugitivos. A ação evidenciou falhas na segurança prisional e gerou impacto no sistema de ressocialização.

Paralelamente, a Operação Aláfia, realizada em novembro e dezembro, apreendeu mais de 800 itens ilícitos em presídios baianos, reforçando a necessidade de melhorias no controle interno e no combate ao crime organizado dentro do sistema prisional.

Dos 16 detentos que escaparam, Anailton Souza Santos, conhecido como “Nino”, morreu em confronto com a polícia no último dia 16 deste mês, e os outros 15 seguem foragidos.

Segurança na Bahia 

Um mês após a fuga de 16 detentos do presídio de Eunápolis, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou a troca de comando da unidade. A fuga, em 12 de dezembro, foi marcada por uma invasão de homens armados. Desde então, a Secretaria de Administração Penitenciária conduz uma intervenção administrativa, mas nenhum fugitivo foi localizado até agora.

Paralelamente, Jequié enfrenta uma onda de violência com oito homicídios entre 3 e 5 de janeiro, incluindo casos brutais. O governador afirmou estar intensificando ações policiais e operações de inteligência para conter o crime organizado. Apesar disso, Jequié continua entre as cidades mais violentas do país, expondo os desafios na segurança pública.

Críticos, como o vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, e o deputado estadual Sandro Régis (União Brasil), apontam falhas na gestão de Jerônimo e cobram medidas mais eficazes para enfrentar a violência urbana e os problemas no sistema penitenciário. Investimentos em tecnologia e segurança ainda não trouxeram os resultados esperados, mantendo a Bahia no topo do ranking nacional de violência. A população segue preocupada com a falta de soluções concretas para o problema.