‘Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação’, diz Mourão sobre plano de golpe

Senador e ex-vice-presidente disse que ‘golpe não funciona assim’


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Redação 16/12/2024 16:30 Política
‘Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação’, diz Mourão sobre plano de golpe - Alan Santos/PR

O senador e ex-vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), refutou a hipótese sobre uma suposta tentativa de golpe em 2022. Segundo ele, houve reuniões entre militares, mas sem avanço para a execução de ações concretas. “É uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp. Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação”, afirmou o senador em entrevista ao jornal O Globo.

Na visão de Mourão, um golpe de Estado exigiria mais do que planejamento em redes sociais. “Golpe não funciona assim. É como na Síria, Venezuela e Turquia: é tropa na rua, é tiro, é bomba”, explicou. Ele também elogiou a postura do Exército ao não se envolver na articulação.

Papel das Forças Armadas em possível golpe

O general destacou o papel do Exército ao respeitar a legalidade durante as investigações. “O Exército se baliza por três vetores: legalidade, legitimidade e estabilidade. Uma reversão de processo eleitoral na base da força lançaria o país no caos”, declarou. Para Mourão, o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, agiu de forma correta ao se manter fora do processo.

O senador reafirmou que o apoio das Forças Armadas seria essencial para qualquer ação desse tipo. “As Forças Armadas, como instituição de Estado, permaneceram à margem disso”, completou. Ele também classificou a derrota eleitoral como algo que deveria ser encarado sem questionamentos.

Investigações sobre assassinatos em plano de golpe

Mourão minimizou as suspeitas sobre planos para assassinatos de autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB). “Essa investigação da PF é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e mensagens de e-mails. Os indiciados pareciam um grupo pequeno, sem condições de executar aquilo que diziam”, disse. Ele também afirmou desconhecer qualquer plano nesse sentido.

O senador mencionou que sabia de reuniões no Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições, mas desconhecia os assuntos tratados. “Na época, o presidente estava com os comandantes e Braga Netto. Mas eu não tinha conhecimento dos detalhes”, afirmou.

Mourão negou qualquer participação em reuniões relacionadas ao planejamento de golpe. “Nunca fui chamado para reuniões dessa natureza. Minha agenda é pública, basta consultar”, disse. Ele ainda destacou que seu nome foi citado por indivíduos que não tinham conexão com ele.

O senador também elogiou a escolha de José Múcio como ministro da Defesa no governo Lula. “Foi uma escolha acertada pelo perfil dele, principalmente em um momento de desconfianças mútuas”, pontuou.

Críticas à eleição de 2022

Ao falar sobre a eleição presidencial de 2022, Mourão disse que a derrota de Jair Bolsonaro (PL) foi causada por erros internos. “Lula venceu mais por deficiências nossas. Bolsonaro perdeu pelas idiossincrasias do mandato, especialmente na pandemia, que geraram frisson na sociedade”, analisou. O senador defendeu a união da direita para vencer em 2026.

Sobre a pandemia, Mourão admitiu que o governo Bolsonaro cometeu equívocos. “A questão principal era evitar comentários sobre áreas técnicas que não dominávamos. Teve comentários desnecessários”, disse, ressaltando que não tem conversado com o ex-presidente.

Braga Netto foi preso preventivamente no sábado (14), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Segundo a PF, Braga Netto foi um dos principais financiadores de uma organização criminosa que planejava um golpe de Estado e homicídios de autoridades, incluindo o ministro do STF.

A investigação revelou indícios de que Braga Netto teria interferido no processo de delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Ele também é acusado de participar de reuniões para pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano.

Acusações contra Braga Netto

A PF indicou que Braga Netto teve participação preponderante na organização criminosa, além de financiar ações ilícitas e tentar obstruir as investigações. Ele é acusado de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, com penas que podem chegar a 28 anos de prisão.

A defesa do general divulgou uma nota afirmando que provará sua inocência. “Com a crença no devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve obstrução”, declarou.

Operação Contragolpe

A Operação Contragolpe investiga a organização criminosa responsável por planejar ações contra o governo eleito em 2022. A PF apontou que o grupo, formado por militares, planejava a execução do golpe em 15 de dezembro de 2022.

Entre as ações planejadas, está a tentativa de homicídio de Lula, Alckmin e Moraes, além da prisão de opositores. Braga Netto, apontado como um dos líderes, negou envolvimento e classificou as acusações como “fantasiosas”.

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