A Lavagem do Bonfim, uma das festas religiosas mais tradicionais do Brasil, deve seguir movimentando a rede hoteleira de Salvador. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Seção Bahia (ABIH-BA), o período tem expectativa de ocupação superior a 70%, refletindo o fortalecimento do turismo na cidade, que vem registrando altos índices desde o segundo semestre de 2024.

Lavagem do Bonfim: uma festa estratégica

A Lavagem do Bonfim, realizada há mais de dois séculos, vai além da devoção religiosa. “Temos uma das maiores festas religiosas do Brasil, que todos os anos atrai centenas de milhares de turistas e baianos. Salvador não é só sol e praia, mas também um destino cultural, histórico e gastronômico”, afirmou Luciano Lopes, diretor de Comunicação e Marketing da ABIH-BA.

A festa, que combina procissão, celebração e um encontro de culturas, é um dos pontos altos do verão soteropolitano, colaborando para o aumento da taxa de ocupação hoteleira. Além disso, promove contratações temporárias na rede hoteleira e no trade turístico, ampliando o impacto econômico da temporada.

Desempenho hoteleiro alavancado

A hotelaria de Salvador fechou 2024 com números expressivos, atingindo uma ocupação média anual de 64,15%, superior a anos anteriores. A diária média também registrou alta, alcançando R$ 643,11, enquanto o Revpar foi de R$ 412,53. Segundo a ABIH-BA, os resultados são reflexos de uma maior procura em praticamente todas as regiões turísticas da Bahia durante o verão.

“O segmento hoteleiro é um grande empregador, funcionando em três turnos e demandando mão de obra variada. Porém, ainda enfrentamos desafios, como a alta competição com plataformas digitais e questões estruturais”, destacou Wilson Spagnol, presidente da ABIH-BA.

Além disso, os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) mostram um crescimento de 3,9% no número de passageiros no aeroporto de Salvador, atingindo 6,7 milhões entre janeiro e novembro de 2024. Os voos internacionais, por exemplo, registraram alta de 4,5% no mesmo período, um sinal positivo para o turismo internacional na região.

Conforme Spagnol, a disputa por rotas aéreas domésticas é intensa e fundamental para o desenvolvimento do turismo local.

“A disputa pelas rotas domésticas é intensa e de fundamental importância para o destino, e passa pela negociação de instrumentos e incentivos tributários. Nem sempre o movimento de aeronaves e passageiros reflete o potencial turístico da região, como mostra o caso de Recife nos primeiros 11 meses de 2024 (8,8 milhões) ter ultrapassado o número de passageiros de Salvador (6,7 milhões)”, enfatizou.

Projeções para 2025

De acordo com a vice-presidente da ABIH-BA, Liliane Pinheiro, a hotelaria está muito otimista para o ano de 2025, pois todos os polos turísticos da Bahia estão sendo muito procurados pelos viajantes que buscam o descanso de sol e praia, mas também à diversidade cultural e histórica que a Bahia oferece.

“O trade está muito confiante, pois Salvador e a Bahia como um todo têm se requalificado no que se refere a parte turística, tanto na questão corporativa, como na questão de lazer. Muita coisa nova está acontecendo. Na capital baiana temos os museus e centros culturais, enquanto que no interior temos diversas rotas turísticas, inclusive o enoturismo, que envolve as vinícolas, por exemplo em Mucugê. Então acreditamos que a força do produto turístico Bahia vai favorecer o aumento na demanda por viagens”, disse.

Com uma oferta cada vez mais diversificada, Salvador e outros polos turísticos da Bahia se consolidam como destinos que atendem aos mais variados perfis de viajantes, potencializando a economia do estado e criando oportunidades em diferentes setores.

Dados e desafios do setor

Os números de desempenho hoteleiro são baseados na Pesquisa Conjuntural de Desempenho (Taxinfo), realizada pela ABIH-BA e Brasil. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a melhoria das conexões aéreas e a competitividade desleal com plataformas digitais que oferecem diárias sem a mesma carga tributária.