Campos Neto destaca ‘transição suave’ no Banco Central para Gabriel Galípolo

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que conduziu uma “transição suave” no processo de mudança de comando da autarquia para Gabriel Galípolo. A declaração foi feita durante uma live de despedida no canal do Banco Central na última sexta-feira (20). Campos Neto ressaltou que esta é a primeira passagem de bastão após a aprovação da autonomia operacional da instituição.

“A gente sabia que essa autonomia é muito testada, é a primeira mudança de governo dentro de uma autonomia, então isso é super importante”, afirmou. “A gente teve muito ruído nessa transição, mas eu acho que a minha parte para contribuir com esse processo é fazer uma transição suave, e a gente está dando o exemplo de uma transição que é muito suave”, acrescentou.

Gabriel Galípolo assumirá em janeiro

O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro, e Galípolo assumirá o cargo em 1º de janeiro. Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o futuro presidente do Banco Central é atualmente diretor de Política Monetária. Nos últimos meses, ele ganhou protagonismo nas decisões da autarquia, incluindo uma maior influência na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Avanços e desafios da autonomia

Durante a live, Campos Neto destacou que gostaria de ter aprovado a “autonomia total” do Banco Central, que incluiria as independências financeira, orçamentária e administrativa. Segundo ele, a falta dessas dimensões pode comprometer a autonomia operacional da instituição.

“Eu acho que, para ter uma blindagem melhor do ciclo político, precisa ter autonomia financeira e administrativa. Então, acho que a gente caminhou muito no sentido da blindagem, mas a gente precisa avançar um pouco mais. Lembrando que a blindagem vem também com experiência e com tempo e com os enfrentamentos que são naturais”, disse Campos Neto.

Lula garante que não vai interferir na gestão de Galípolo

O presidente Lula destacou nesta sexta-feira (20) a confiança depositada no próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo, em vídeo publicado nas redes sociais. Ao lado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil), Lula assegurou que não haverá interferência do governo no trabalho da autarquia federal, que possui autonomia de gestão desde 2021.

Durante a declaração, Lula reiterou o compromisso com a independência do Banco Central. “Eu quero que você saiba que jamais haverá da parte da Presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central”, afirmou.