Copom eleva Selic a 12,25% e prevê novas altas em 2025 para conter inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (11), elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 12,25% ao ano. A decisão foi unânime entre os nove membros e marca o maior aperto monetário desde fevereiro de 2022, quando os juros subiram 1,5 ponto.

A medida foi motivada pela deterioração das expectativas inflacionárias, que se intensificaram após o anúncio do pacote fiscal e da reforma do Imposto de Renda (IR), no final de novembro. O aumento superou as projeções predominantes no mercado, que apostavam em um ajuste de 0,75 ponto.

Perspectivas para 2025

O Copom sinalizou a continuidade do ciclo de alta, prevendo novos aumentos de 1 ponto nas próximas reuniões, marcadas para janeiro e março de 2025. “A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, afirmou o Banco Central em nota.

A instituição destacou que o cenário econômico se agravou desde a última reunião, em novembro, com maior resiliência na inflação de serviços e impactos das políticas econômicas interna e externa.

Entre os fatores que podem pressionar a inflação para cima, o BC citou a desancoragem das expectativas e o dinamismo da atividade econômica. Por outro lado, mencionou como elementos que podem reduzir a inflação uma desaceleração global mais acentuada e impactos mais fortes do aperto monetário sobre a economia mundial.

“Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, destacou o Comitê, que também apontou os efeitos negativos das discussões fiscais recentes nos ativos financeiros.

Impactos

A decisão ocorre em meio à alta do dólar, que ultrapassou R$ 6 no início de dezembro, alcançando o maior patamar desde o lançamento do Plano Real, em 1994. Essa desvalorização cambial tem exercido pressão adicional sobre as expectativas de inflação, que já apontam estouro da meta nos próximos dois anos.

O Boletim Focus, publicado nesta semana, projeta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,84% para 2024 e 4,59% para 2025. Ambos os índices superam a meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

Última reunião com Campos Neto

Esta foi a última reunião do Copom sob a presidência de Roberto Campos Neto. A partir de janeiro, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, assumirá o comando do Banco Central, tornando-se o primeiro presidente indicado pelo terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Outros três novos diretores também integrarão o Copom, após aprovação no Senado na terça-feira (10). Campos Neto encerra quase seis anos à frente da autarquia, marcados por mudanças como a autonomia do BC e avanços tecnológicos nos meios de pagamento.

Cenário internacional

No cenário externo, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e a expectativa de políticas inflacionárias no país podem dificultar cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), contribuindo para o ambiente de incertezas econômicas globais que impactam o Brasil.