Campos Neto descarta moeda comum para Brics e América Latina e destaca desafios fiscais do Brasil
Presidente do BC também destacou soluções práticas e ágeis para integração financeira entre países, como Pix
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou, na manhã desta terça-feira (29), que não considera necessário desenvolver uma moeda comum para os países do Brics ou para a América Latina, uma ideia que vem sendo discutida entre algumas nações desses blocos. Ele acredita que os avanços nos sistemas de pagamento instantâneo, como o Pix no Brasil, já oferecem soluções práticas e ágeis para a integração financeira entre países, reduzindo a necessidade de uma moeda única.
“Quando vemos essa discussão sobre uma moeda dos Brics ou uma moeda comum para a América Latina, percebemos que não precisamos disso”, afirmou Campos Neto durante sua participação no Lide Brazil Conference, realizado em Londres.
Ele explicou que a capacidade de interligar sistemas de pagamento instantâneo entre países seria suficiente para garantir a fluidez nas transações internacionais sem a necessidade de uma nova moeda. “A relevância desses blocos de moeda diminui quando conseguimos conectar sistemas de pagamento de forma rápida e direta entre os países”, disse ele, ressaltando que essa alternativa é mais prática e condizente com a realidade econômica atual.
Inovações
Campos Neto também compartilhou atualizações sobre o avanço do sistema financeiro no Brasil, incluindo novos recursos para o Pix. Segundo ele, a partir da próxima semana, os usuários do aplicativo “Wallet”, do Google, poderão realizar pagamentos por aproximação usando o Pix, ampliando as opções para transações rápidas e seguras.
“Assim como você adiciona seus cartões de crédito ao Google Wallet, poderá também adicionar o Pix, facilitando ainda mais o uso desse sistema de pagamento no cotidiano”, afirmou.
Segundo Campos Neto, essa novidade reflete o compromisso do Banco Central em manter o Brasil na vanguarda da tecnologia financeira e ampliar o acesso dos usuários a novas ferramentas de pagamento. Ele também pontuou que o Open Finance no Brasil, que permite o compartilhamento de dados financeiros de forma segura e consentida pelos usuários, é o mais avançado do mundo e oferece um número crescente de serviços. O Banco Central projeta o lançamento de um Superapp até 2025, que unirá todas as funcionalidades do Open Finance, consolidando várias operações financeiras em um único aplicativo, simplificando a experiência do usuário e aumentando o acesso a serviços financeiros de maneira segura.
Desafios fiscais e taxas de juros no Brasil
Além das inovações tecnológicas, Campos Neto abordou os desafios econômicos e fiscais do país. Ele afirmou que é “muito difícil” reduzir o nível de juros no Brasil sem uma melhora nas políticas fiscais, explicando que a queda das taxas de juros reais em ocasiões anteriores sempre esteve atrelada a um “choque positivo” fiscal, como aconteceu no governo de Michel Temer com a implementação da regra do teto de gastos.
“Desde o plano Real, vimos que a possibilidade de baixar juros está diretamente ligada a avanços no equilíbrio fiscal”, afirmou.
Campos Neto demonstrou preocupação com a inflação de curto prazo, que não mostra sinais de convergência para a meta, e alertou que as expectativas de inflação futura estão desancoradas, o que é problemático para o modelo de metas adotado pelo Banco Central. “O modelo de metas depende de expectativas, e precisamos que elas estejam ancoradas para manter o controle sobre a inflação”, disse ele.
Outro ponto de destaque na fala do presidente do Banco Central foi o nível de dívida bruta do Brasil, que é atualmente o mais alto entre os países emergentes. Campos Neto apontou que, embora o governo esteja fazendo um esforço fiscal no curto prazo, o nível de endividamento do país e os altos juros reais continuam a ser um dos principais desafios para o desenvolvimento econômico.
Ele enfatizou que, no âmbito do esforço primário – ou seja, o esforço fiscal que o governo realiza excluindo os juros da dívida –, o Brasil está em linha com outros países emergentes. No entanto, o alto custo do endividamento compromete o crescimento sustentável e dificulta a redução das taxas de juros a níveis mais competitivos.
Para Campos Neto, o mercado de trabalho aquecido e o nível de atividade econômica robusto também impactam a política monetária do país, adicionando complexidade à gestão econômica em um cenário de pressão inflacionária. Ele reafirmou que o Banco Central continua monitorando o cenário para ajustar sua política de acordo com as condições fiscais e as expectativas inflacionárias, de forma a buscar uma estabilização econômica que permita uma trajetória de juros mais baixa no futuro.
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