A eleição para a primeira vice-presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), que estava prevista para esta terça-feira (8), foi novamente adiada para a próxima terça-feira (15). A mudança ocorre após o recuo do deputado estadual Júnior Muniz (PT), que havia colocado seu nome na disputa mesmo após a indicação interna do partido em favor da deputada Fátima Nunes.

A confirmação do quarto adiamento e da definição do nome de Fátima Nunes como candidata única foi feita, na manhã desta terça-feira (8), pelo deputado Rosemberg Pinto (PT), líder do governo na AL-BA, em entrevista concedida aos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!, durante o programa De Olho na Bahia, na Rádio Mix Salvador (104.3 FM).

Eleição é remarcada para próxima terça-feira (15)

Segundo Rosemberg, já havia um entendimento dentro do PT desde a semana passada de que a eleição não ocorreria nesta terça. “Nós já havíamos ajustado que votaríamos na próxima semana, dia 15, porque já tínhamos feito uma pactuação. Cabia a indicação ao Partido dos Trabalhadores, estava já bem afinado o nome da deputada Fátima Nunes, e o deputado Júnior Muniz apresentou seu nome também”, explicou.

Consenso interno no PT garante nome de Fátima Nunes

O líder do governo relatou que o nome de Fátima Nunes foi reafirmado após nova rodada de diálogo dentro da bancada petista, encerrando um impasse que já durava três semanas. Segundo ele, houve um entendimento político para garantir a unidade do partido e manter o respeito ao critério da proporcionalidade, conforme prevê o regimento da Casa.

“O Partido dos Trabalhadores reafirmou o nome da deputada Fátima Nunes. Isso também foi pactuado internamente dentro do PT e ela será candidata, já inclusive com compromisso de todos os outros partidos, para que seja uma votação com apenas o nome dela”, disse Rosemberg.

“Segundo o regimento da Casa, é preciso manter a proporcionalidade, e caberia ao PT essa indicação, rompendo apenas por um acordo político anterior de colocar a deputada Ivana Bastos naquele momento específico”, completou.

Recuo de Júnior Muniz foi bem-recebido pelo partido

A entrada de Júnior Muniz na disputa havia surpreendido não apenas a bancada, mas o próprio Rosemberg Pinto, que afirmou ter tomado conhecimento da candidatura durante uma entrevista à imprensa na Assembleia. “Na realidade, causou uma surpresa a todos nós. O deputado Júnior tem, obviamente, legitimidade para colocar o nome, mas o local apropriado seria na reunião da bancada do PT. E ele não pôde estar presente nas duas vezes em que o tema foi debatido”, pontuou.

Após uma conversa direta entre os dois, Rosemberg optou por não colocar a eleição em votação naquele momento e devolver a discussão à bancada do partido. “Conversei, ele colocou o seu desejo pessoal de fazer essa disputa. Então combinei com a deputada Ivana que não colocássemos em votação naquela tarde e remeteríamos ao PT essa pretensão”.

“O partido se reuniu e reafirmou o nome da deputada Fátima. O deputado Júnior Muniz entendeu e agora teremos uma eleição com muita tranquilidade”, reforçou o líder.

Apesar das tensões internas, o líder do governo minimizou o impasse e negou qualquer “disputa política”. “Não há nada por trás disso do ponto de vista de disputa política, como houve algumas suposições. Apenas o desejo do deputado Júnior Muniz de ser da mesa-diretora da Casa, no segundo cargo mais importante, o de vice-presidente, que certamente será da deputada Fátima Nunes”.

Rosemberg segue na liderança do governo

Além de tratar sobre a eleição da primeira vice-presidência, Rosemberg também falou sobre sua permanência na liderança do governo na AL-BA. De acordo com o parlamentar, houve uma conversa com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), que manifestou o desejo de que ele continuasse à frente da função.

“O governador conversou comigo e me pediu. Eu, obviamente, tinha essa pretensão de estar na mesa-diretora da Assembleia, mas rearrumando tudo isso, o governador me pediu para que eu continuasse na liderança do governo. Para mim, é muito honroso estar liderando 43 deputados (sic) naquela Casa. É sempre muito positivo, como líder da maioria e como líder do governo”, destacou.

Rosemberg ressaltou ainda o papel de diálogo e pactuação com a oposição que exerce na liderança. “Agora, com o deputado Tiago Correia [PSDB], que representa a minoria, a gente constrói pactuações. Já votamos todos os projetos que foram encaminhados pelo Poder Executivo e alguns projetos, inclusive, de deputados, principalmente agora no mês de março, de iniciativa da bancada das mulheres na Casa.”

Próximos passos na AL-BA

Com a eleição da primeira vice-presidência da Assembleia marcada para a próxima terça-feira (15), a expectativa é de que o nome de Fátima Nunes seja aprovado de forma unânime, como resultado da pacificação interna no PT e do apoio das demais bancadas. Considerado estratégico na estrutura da AL-BA, o cargo ficou vago após Ivana Bastos (PSD) assumir a presidência da Casa, em definitivo, em 18 de março. A mudança ocorreu após o afastamento do deputado Adolfo Menezes (PSD), determinado por decisão transitada em julgado do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com o feito, Ivana se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo em 190 anos de existência da Casa. A nova presidente chegou a marcar a eleição anteriormente, mas precisou adiar, por quatro vezes, a sessão em função do impasse entre os petistas e da ausência de quórum, já que diversos parlamentares estavam em viagem pelo interior do Estado.