Prefeito diz que maior problema no transporte em Salvador está no metrô: ‘lamento é ver um governador que desconhece o problema’
Bruno Reis também criticou falta de incentivos do governo estadual no transporte público da capital baiana
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), disse, na manhã desta quarta-feira (8), que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), desconhece a realidade do transporte público da capital baiana e ressaltou que a maior reclamação está justamente nos usuários do metrô. O petista criticou o aumento das passagens de ônibus que entrou em vigor desde o último sábado (4), passando de R$ 5,20 para R$ 5,60, mas ao mesmo tempo confirmou, em entrevista exclusiva ao Portal M!, que irá também conceder o reajuste do metrô. Apesar de usar a mesma justificativa do prefeito de que seria contratual, justificou que os dois modais não poderiam ser comparados e criticou a qualidade do serviço municipal.
Em resposta ao governador, Bruno ironizou e disse que falaria mais sobre o assunto quando efetivamente o reajuste fosse anunciado pelo petista. No entanto, acabou reagindo às críticas e acusou o governador de desconhecer a dinâmica do sistema de transporte de Salvador, além de destacar a ausência de políticas estaduais para subsidiar o setor.
“O que mais eu lamento é ver um governador que desconhece o problema, que nesses 2 anos não se apropriou dos assuntos. Ele fica passeando pela Bahia, mas não conhece dos problemas”, bradou em entrevista ao Portal M!.
Pesquisa Atlas/Intel: gargalos no transporte e segurança
Durante a entrega de casas reformadas pelo programa Morar Melhor, no bairro de Paripe, nesta quarta-feira (8), Bruno Reis novamente defendeu o aumento de R$ 5,20 para R$ 5,60, justificando que a medida é contratual e segue tendência observada em outras capitais brasileiras, assim como acontecerá com o metrô. Questionado sobre a pesquisa Atlas/Intel que o coloca como o terceiro prefeito mais bem avaliado do todo o Brasil, mas aaponta que as maiores fragilidades do seu governo são a segurança pública e o transporte, o gestor disse que está ciente do desafio nesse segundo mandato que se inicia, mas lembrou que a segurança é de responsabilidade, por lei, dos governos estadual e federal.
“Em relação ao transporte público, boa parte desse problema, e não é querendo transferir responsabilidade, se você for ver onde as pessoas mais se queixam do transporte, é justamente as pessoas que estão próximas ao metrô. Porque antes tinha a opção de pegar o ônibus na sua origem e para o destino final. E muitas hoje tem que passar pelo metrô. Essa integração com o metrô foi algo solicitado pelo próprio governo estadual, que agora critica a situação que ajudou a criar”, pontuou o prefeito ao Portal M!.
Sobre a integração das linhas de ônibus com o metrô, Bruno voltou a deixar claro, assim como fez durante toda a campanha eleitoral, que essa foi uma exigência do governo estadual e a maior parte da receita obtida com a tarifa do transporte coletivo beneficia o Estado. “Falar de linhas que foram integradas ou retiradas ou cortadas conforme ele [governador] queira colocar, foram pedidos do governo que ele faz parte há 16 anos, que agora já são 18. Ele desconhece, não participava. Então, as linhas foram integradas por um contrato de programa por a exigência do Estado. É fácil ficar com 61% do aumento.
Bruno Reis criticou ainda a falta de incentivo por parte do governo do Estado. “É o único Estado que não dá isenção do ICMS. É o único Estado que não tem uma política diferenciada para o transporte público. E chegar e fazer as críticas dele? O transporte metropolitano de Salvador no passado aumentou 8%. O reajuste que a gente deu foi menor. Vamos aguardar o reajuste do metrô, o maior beneficiário desse reajuste é o Governo do Estado, porque ele fica com a maior parte da passagem. Agora, vamos discutir os números, quem é o técnico deles que conhece, mais preparado para discutir comigo, vamos discutir, já que ele não conhece”, bradou ao Portal M!.
Críticas do governador
As falas de Bruno Reis são respostas às críticas feitas pelo governador da Bahia, que na última segunda-feira (6), falou sobre o reajuste da tarifa durante o lançamento de novos voos regulares no Aeroporto Internacional de Salvador. Ele destacou a precariedade da frota, o corte de linhas de ônibus e a falta de melhorias perceptíveis nos serviços como principais motivos de sua insatisfação. “Foi um aumento muito agressivo. Minha maior preocupação é a qualidade do serviço”, declarou.
Rodrigues também mencionou promessas não cumpridas, como a implementação de ônibus com ar-condicionado, e sugeriu que a população poderia aceitar o reajuste caso houvesse melhorias concretas. “Se tínhamos a promessa de acesso rápido e ônibus com qualidade, talvez a sociedade entendesse que estaria pagando por isso”, pontuou.
Impacto do aumento da tarifa e justificativas
Com o reajuste, Salvador passou a ter a tarifa de ônibus mais cara entre as capitais do Nordeste. A decisão gerou controvérsias e foi criticada pela oposição na Câmara Municipal, que destacou a precariedade do transporte coletivo. Entretanto, Bruno Reis defendeu que o aumento foi baseado na inflação acumulada e respaldado por estudos da Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal).
A Prefeitura também comparou a situação de Salvador com outras seis capitais brasileiras que implementaram reajustes semelhantes, como São Paulo e Belo Horizonte. Para o prefeito, as críticas do governador não consideram o contexto mais amplo e ignoram as responsabilidades do governo estadual no desequilíbrio financeiro do sistema de transporte.
Reajuste do metrô em pauta
Na contramão de suas críticas ao aumento da tarifa de ônibus, Jerônimo Rodrigues confirmou que o metrô que conecta Salvador a Lauro de Freitas também passará por um reajuste em 2025. A medida, segundo o governador, é necessária para equilibrar os custos do sistema metroviário, que atualmente conta com subsídios do governo estadual.
“O Estado hoje assume um passivo relativamente grande sobre o serviço do metrô”, explicou Jerônimo, reforçando que o aumento é inevitável devido a cláusulas contratuais. A justificativa, entretanto, assemelha-se à utilizada pela Prefeitura para o reajuste do ônibus, gerando questionamentos sobre a coerência das críticas do governador.
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