Eleições na França: coalizão entre centro e esquerda impede ascensão da extrema-direita
Pesquisas de boca de urna indicam virada no pleito legislativo do país europeu
Pesquisas de boca de urna apontam vitória da coalisão entre centro e esquerda no segundo turno das eleições legislativas na França, realizadas neste domingo (7). A informação é da pesquisa Ipsos-Talan para a rede estatal de rádio e TV. Os resultados oficiais ainda não foram divulgados. Veja os dados da boca de urna:
- Nova Frente Popular (esquerda): entre 172 e 192 assentos
- Juntos (coalizão governista, de centro): entre 150 e 170 assentos
- Reunião Nacional (extrema-direita): entre 132 e 152 assentos
A Assembleia Nacional possui 577 assentos; são necessários 289 cadeiras para a formação de uma maioria capaz de definir o primeiro-ministro.
Embora ainda não tenham batido o martelo sobre a união, líderes do bloco esquerdista indicaram que poderiam se aliar ao centro para obter maioria — apesar das pautas distantes e até opostas em muitas questões de ambos.
O Palácio do Eliseu, sede do Executivo francês, disse que o presidente, Emmanuel Macron, não vai fazer um chamado imediato para a nomeação de um primeiro-ministro. Ainda não está claro se o atual premiê, Gabriel Attal, aliado de Macron, vai pedir demissão do cargo.
Primeiro turno das eleições da França
No primeiro turno, das eleições da França, ocorrido no último domingo (30), o Reunião Nacional, partido de extrema-direita de Marine Le Pen, conquistou a maioria dos votos: 33%. A Nova Frente Popular, um grande bloco de partidos de esquerda, ficou em segundo lugar, com 28% dos votos, e o bloco centrista do presidente francês, Emmanuel Macron, terminou em terceiro lugar, com 20% dos votos.
Esquerda e centro desenham o ‘cordão sanitário’ contra a extrema-direita desde a semana passada, quando Macron propôs a formação de uma aliança. A união, na prática, daria a esse novo grupo a maioria no Parlamento, o que, na França, garante o direito de nomear um primeiro-ministro.
Ao longo da semana, mais de 200 candidatos centristas e de esquerda desistiram das disputas para aumentar as chances de seus rivais moderados e tentar impedir que candidatos da extrema-direita vencessem. O ‘cordão sanitário’ também ganhou apoio de celebridades como o ex-jogador Raí e Mbappé, o capitão da seleção francesa, semifinalista da Eurocopa.
De acordo com as principais pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta semana, o número de assentos do bloco da esquerda e do centro seria suficiente para garantir uma maioria absoluta, de 289 cadeiras no Parlamento francês, e, assim, indicar um primeiro-ministro. Mas há incertezas em relação à participação dos eleitores.
Essa possibilidade pode impedir que Macron tenha de governar em uma situação no mínimo desconfortável, ao lado de um premiê opositor.
Pelo sistema político da França, semipresidencialista, o primeiro-ministro, indicado pelo partido ou coalizão que conquistam maioria no Parlamento, governa em conjunto com o presidente — este escolhido em eleições presidenciais diretas e separadas das legislativas e que, na prática, é quem ganha mais protagonismo à frente do governo.
No cenário de os dois serem de lados opostos, forma-se o chamado governo de coabitação. Nesse modelo, o presidente mantém o papel de chefe de Estado e da política externa — a Constituição diz que ele negocia também tratados internacionais—, mas perderia o poder de definir a política doméstica e de nomear ministros, o que ficaria a cargo do primeiro-ministro.
Isso aconteceu pela última vez em 1997, quando o presidente de centro-direita, Jacques Chirac, dissolveu o Parlamento pensando que ganharia uma maioria mais forte, mas, inesperadamente, perdeu o controle da Casa para uma coalizão de esquerda liderada pelo partido socialista.
Caso a boca de urna não se confirme e a extrema direita ganhe, Macron terá de nomear um adversário, o jovem líder do RN, Jordan Bardella, de 28 anos, para o cargo de primeiro-ministro — se optar por não fazê-lo, ele pode ser alvo de uma Moção de Censura, um recurso do Legislativo no qual deputados votam se querem mantê-lo ou não no cargo.
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