Paulo Markun faz alerta para que eleitores não sejam enganados pela Inteligência Artificial na campanha
Jornalista alerta que é preciso desconfiar de conteúdos suspeitos e não disseminar informações ‘automaticamente’
A Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel cada vez mais relevante em diversas áreas, inclusive durante as campanhas eleitorais. Com a capacidade de gerar conteúdos automáticos, como textos e imagens, a IA pode ser usada para influenciar o comportamento dos eleitores, de forma sutil e, às vezes, manipulativa. Por conta disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estipulou regras para coibir expressamente a disseminação de fake news manipuladas por IA, as chamadas deepfakes.
Convidado do especial Conversa On, do Portal M!, o escritor, jornalista e estudioso da IA, Paulo Markun, chamou atenção para os principais pontos que os eleitores devem estar atentos para não serem enganados por estratégias que utilizam a ferramenta de maneira mal-intencionada.
“O primeiro deles é a desconfiança. Não acreditar em tudo que a gente vê, escuta, lê e ouve na internet. A segunda coisa é não disseminar informações que você recebe automaticamente sem ter o ‘desconfiômetro’ ligado. A terceira questão é mais complexa. Eu acho que é tentar examinar e entender quem é que está falando aquele assunto, quem está debatendo, quais são as proposições que tem esse ou aquele candidato, a que partido pertence. Certas coisas que parecem ultrapassadas e que vão muito além daquela dancinha no TikTok, ou daqueles 15 segundos no Facebook, isso é importante de fazer”, orienta.
Questionado sobre as regras estipuladas pela Corte Eleitoral, Markun enfatizou se tratar de uma iniciativa “super importante”. Segundo ele, tem existido um movimento na direção de fiscalizar e regulamentar o uso da Inteligência Artificial.
“Mas a grande dificuldade é que a velocidade com que as pessoas se apropriam dessa ferramenta é muito maior do que a velocidade legislativa. E pouca gente no campo legislativo e no campo jurídico, inclusive, conhece bem isso”, afirmou.
Como exemplo, o jornalista citou a suspensão do uso do ‘X’ (antigo Twitter) no Brasil, a partir de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a empresa descumprir uma ordem do magistrado para designar um representante legal no país. Markun lembrou que Moraes chegou a determinar o bloqueio de aplicativos de VPN, mas voltou atrás em seguida. Os aplicativos VPN permitem ocultar a localização de acesso à internet. O objetivo da medida era impedir que usuários burlassem o bloqueio.
“Houve uma tentativa de cercear o uso do VPN, que não é IA, mas que, digamos, está ali nos arredores, no sentido de ser uma ferramenta de uso tecnológico bastante avançada, que permite acessar sites de outro país, sem identificar de onde você está. É uma ferramenta super importante. No meu caso aqui, de pesquisa, tem muitos sites do Brasil que eu não consigo acessar por estar em Portugal, e o VPN permite rapidamente. Isso é apenas um indício de como a coisa está sendo, vamos dizer assim, rápida”, pontuou.
Regulamentação da IA
Markun também alertou para a utilização da ferramenta para a produção de fake news e imagens fantasiosas, e enfatizou a necessidade de regulamentação da Inteligência Artificial como forma de conter a prática.
“A do [Donald] Trump beijando Kamala Harris, com uma qualidade impressionante, que pode ser feita por qualquer pessoa. [Isso] faz com que essa ferramenta muito relevante, que é a IA, seja realmente cada vez mais usada nas eleições, e possa influenciar os resultados eleitorais. Só para encerrar, a única reação possível da sociedade, e não é só no Brasil, é regulamentar isso. Aqui na Europa, está, num certo sentido, mais avançado esse debate do que no Brasil, por exemplo”, afirmou.
Confira o Conversa On com Paulo Markun na íntegra:
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