Parte do teto de igreja desaba na Bahia e reforça alerta sobre patrimônios históricos

Parte do teto da Igreja São João de Deus, localizada em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, desabou no último domingo (23). De acordo com a Defesa Civil do município, ninguém ficou ferido. O o local estava fechado para visitação havia seis meses devido às condições precárias da estrutura. As informações são do G1 Bahia.

Na manhã desta segunda-feira (24), uma vistoria foi realizada no templo e uma nova inspeção pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi solicitada. Segundo o diácono Alan Bacelar, um dos responsáveis pela paróquia, a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Cachoeira já havia recomendado a interdição do local há seis meses, comunicando a situação à Santa Casa da Misericórdia, ao Iphan e à Cúria Diocesana.

Risco em igrejas históricas na Bahia

O desabamento em Cachoeira ocorreu menos de um mês após a tragédia na Igreja de São Francisco de Assis, também conhecida como “igreja de ouro”, em Salvador. No incidente, uma turista de 26 anos faleceu e outras cinco pessoas ficaram feridas após o colapso do teto do templo.

Após o acidente, pelo menos oito igrejas foram interditadas na capital baiana. Vistorias conjuntas do Iphan e da Defesa Civil de Salvador (Codesal) identificaram irregularidades estruturais nesses templos.

O instituto informou que as inspeções estão sendo feitas de forma preventiva, com apoio de uma força-tarefa composta por 15 servidores de outros estados. O cronograma das vistorias não foi detalhado, mas serão contratadas obras emergenciais para estabilização, escoramento e segurança dos monumentos.

Ainda na fase inicial dos trabalhos, serão feitos diagnósticos, triagem, higienização e armazenagem das estruturas e bens artísticos, que posteriormente serão restaurados e remontados.

Força-tarefa interdita oito igrejas em Salvador

A força-tarefa do Iphan e Codesal interditou oito igrejas em Salvador por risco estrutural. Ao todo, foram vistoriados 106 imóveis, incluindo casarões, museus, conventos e templos religiosos.

Os problemas identificados incluem estruturas de madeira comprometidas, infiltrações, fissuras em alvenarias e oxidação de ferragens. Entre os templos fechados estão:

• Igreja de São Miguel
• Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem
• Igreja Nossa Senhora da Ajuda
• Igreja e Convento dos Perdões
• Igreja de São Bento da Bahia
• Igreja dos Quinze Mistérios
• Igreja da Ordem Terceira do Carmo
• Convento Santa Clara do Desterro

A Igreja de São Francisco de Assis, interditada após o desabamento parcial do teto, também segue fechada.

O Centro Histórico de Salvador possui 2.017 imóveis tombados pelo Iphan, sendo 1.687 casarões. Desses, quatro igrejas foram interditadas por risco muito alto.

Monitoramento e medidas emergenciais

A operação teve como foco 287 imóveis de risco alto e muito alto, conforme levantamento do Projeto Casarões da Codesal. O objetivo é identificar danos estruturais que possam provocar desabamentos e incêndios, além de indicar soluções para mitigar os riscos.

Na terça-feira (11), o Iphan iniciou apoio técnico para a contratação de obras emergenciais na Igreja de São Francisco de Assis. A equipe atuará na fiscalização de outros bens tombados no Centro Histórico.

“A equipe vai dar todo o suporte técnico e logístico necessário para as contratações de obras emergenciais que o Iphan deve fazer nas próximas semanas”, explicou Paulo Farsette, coordenador-geral de Conservação do Iphan.

O diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, ressaltou que as inspeções são feitas continuamente para evitar colapsos e incêndios.

O Projeto Casarões, de atuação preventiva, já vistoriou 2.969 imóveis, classificando:

• 109 em risco muito alto
• 342 em risco alto
• 1.656 em risco médio
• 677 em risco baixo
• 185 sem risco identificado

A Defesa Civil notifica proprietários e moradores sobre as condições dos imóveis e, quando necessário, recomenda a evacuação e orienta sobre recuperação das edificações.