Ministério da Saúde investiga mortes suspeitas por febre oropouche
Segundo o ministério, já foram registrados mais de 7 mil casos da doença no país este ano

O Ministério da Saúde está investigando três mortes suspeitas de febre oropouche no Brasil: uma em Santa Catarina e duas na Bahia. Se confirmadas, serão as primeiras mortes registradas pela doença no mundo. No Maranhão, um caso foi investigado, mas descartado. Já foram registrados mais de 7 mil casos da doença no país este ano.
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que registrou os dois óbitos como febre oropouche, mas aguarda confirmação oficial do ministério. As mortes ocorreram em Camamu e Valença, no sul da Bahia, e as vítimas, de 21 e 24 anos, não tinham comorbidades.
Um estudo pré-print, conduzido por 20 cientistas de órgãos baianos, como a Sesab, o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia e a Fiocruz, analisou as mortes na região. O relatório alerta que a rápida propagação do vírus da febre oropouche, OROV, “já representa um surto preocupante para a população”.
O Ministério da Saúde afirmou que ainda não pode confirmar as mortes, pois é necessária uma avaliação criteriosa dos aspectos clínicos epidemiológicos, considerando o histórico do paciente e exames laboratoriais específicos.
Casos na Bahia
Os casos na Bahia ocorreram em março e junho deste ano. A primeira paciente apresentou dores musculares, abdominais, de cabeça e atrás dos olhos, além de diarreia, náuseas e vômitos. Procurou unidades básicas de saúde e, dois dias após os primeiros sintomas, foi a um hospital de referência com visão turva e dificuldade para enxergar. Internada, desenvolveu agitação, pressão baixa e falta de oxigênio no sangue.
A segunda paciente teve febre, fraqueza e dores em várias partes do corpo, incluindo articulações. Também apresentou erupção cutânea vermelha, manchas roxas e sangramento no nariz, gengivas e área vaginal, além de sonolência e vômitos.
O que isso representa
De acordo com a análise dos especialistas no estudo, os casos destacam alguns pontos importantes a serem observados: a rápida progressão dos sintomas até a morte, a presença de coagulopatia grave (uma condição em que o sangue tem dificuldade em coagular corretamente, levando a sangramentos e complicações), e a ocorrência de problemas no fígado, que podem ter contribuído para a coagulopatia e, consequentemente, para as mortes.
“Fica claro que a infecção por OROV pode levar a fenômenos hemorrágicos, como estudos anteriores demonstraram, e o envolvimento hepático também pode ser esperado nesta infecção”, diz o relatório.
O relatório destaca ainda que a evolução clínica dos pacientes com febre oropouche foi muito semelhante à de uma febre hemorrágica grave, comumente observada em casos de dengue. Para eles, isso representa um desafio para o diagnóstico que merece atenção.
“Se não fosse pela extensa avaliação laboratorial e pelo surto de OROV em curso na região, esses casos provavelmente teriam sido classificados inadequadamente como mortes por dengue”, diz o relatório.
Por isso, segundo o documento da Sesab, os casos mostram como é de extrema importância implementar uma vigilância epidemiológica ativa e garantir a coleta de amostras suficientes para monitorar outras doenças, além de realizar a vigilância genômica.
Caso em Santa Catarina
Já a Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Santa Catarina informou estar acompanhando a investigação de um caso suspeito de óbito da doença conduzida pelo Estado do Paraná e com apoio do ministério. Segundo a pasta, o caso foi identificado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e o paciente atendido por serviços de saúde locais paranaenses, onde o óbito aconteceu no mês de abril.
No entanto, “durante a investigação, foi estabelecido que o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, uma vez que o paciente teve registro de viagem ao Estado”, explica em nota.
No texto, a secretaria explica que, neste momento, Santa Catarina não investiga outros casos suspeitos de óbito pela doença. Segundo a pasta, os municípios com maior número de casos confirmados são Luiz Alves (65), Botuverá (35) e Blumenau (9). Santa Catarina registra um total de 140 casos confirmados até o momento.
Sobre a doença
A febre oropouche é uma doença causada por um vírus chamado Orthobunyavirus (OROV), que pertence à família Peribunyaviridae e é transmitido por artrópodes (como mosquitos). Os sintomas são semelhantes aos da dengue e incluem dor de cabeça, dores musculares, náuseas e diarreia. Em alguns casos, a doença pode evoluir para formas mais graves, com sintomas neurológicos. Atualmente, não há vacina ou tratamento específico para a doença Pacientes com sintomas devem descansar, fazer tratamento para aliviar os sintomas e seguir o acompanhamento médico.
Recentemente, o Ministério da Saúde alertou para a importância dos cuidados das gestantes com a doença, diante de suspeitas de casos de microcefalia possivelmente associados à doença. Como medidas de proteção para gestantes, a pasta recomenda:
- Evitar áreas onde há muitos insetos (maruins e mosquitos), se possível, e usar telas de malha fina em portas e janelas;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele;
- Manter a casa limpa, incluindo a limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, e o recolhimento de folhas e frutos que caem no solo;
- Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão.
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