Cientistas políticos apontam ‘efeito Bruno Reis’ em eleições para Câmara e Kleber consolidado na oposição
Ao Portal M!, especialistas avaliam que candidatura emedebista foi “mal absorvida” pela esquerda
A reeleição do prefeito Bruno Reis (União Brasil) com ampla vantagem em Salvador reafirmou seu protagonismo na política local, superando os concorrentes Geraldo Júnior (MDB) e Kleber Rosa (PSOL) com folga. Cientistas políticos ouvidos pelo Portal M! destacaram que o desempenho de Kleber solidificou seu espaço na oposição, enquanto a candidatura de Geraldo Júnior não obteve força entre a esquerda. Além disso, a ampliação da base governista na Câmara Municipal de Salvador (CMS) fortalece ainda mais o controle de Bruno Reis sobre a cidade, garantindo maior governabilidade para seu segundo mandato.
Em avaliação ao desempenho do prefeito Bruno Reis, que conquistou 1.045.690 votos (78,67), o cientista político Cláudio André de Souza afirmou não ter se surpreendido com o volume de votos, inclusive em função da dificuldade do campo da esquerda em estabelecer uma estratégia em “direção ao centro para conseguir dialogar com o conjunto da cidade”.
“Então, um dos elementos que eu atribuo a essa votação foi uma pré-campanha tardia por parte do vice-governador Geraldo Júnior. Eu vejo que esse foi um cenário. Cenário que levou a uma grande dificuldade do candidato em dialogar com o campo da esquerda, a se estabelecer como alternativa para a esquerda no enfrentamento na polarização com o prefeito Bruno Reis”, afirmou.
Ainda conforme o especialista, o resultado possui uma relação direta com a boa aprovação do atual prefeito, além de não ter tido uma “oposição ferrenha”. “Tem também uma relação direta e praticamente causal com a avaliação positiva do seu governo, exatamente por ser um governo que não teve nenhum tipo de oposição mais ferrenha, sistemática no âmbito da sociedade civil, não me refiro somente aos vereadores, mas um governo que não teve grandes problemas no diálogo com a sociedade e, portanto, a avaliação positiva sustentou a intenção de voto e portanto os votos válidos no atual prefeito”.
Da mesma forma, o cientista político e consultor de relações governamentais, Marcelo Lima, avaliou o resultado como “expressivo”, mas dentro do “esperado”. “Dada a circunstância que as pesquisas apontavam nos últimos meses, não só nas últimas semanas, quando as campanhas eleitorais vieram se fortalecendo, mas desde as primeiras pesquisas que foram sendo divulgadas, desde o ano passado até esse ano, já apontavam uma vitória, um resultado positivo de Bruno Reis à reeleição”, afirmou.
Kleber Rosa em segundo: resultado significativo
Outro cenário analisado pelos especialistas foi o segundo lugar do candidato do PSOL, Kleber Rosa, na corrida eleitoral. Enquanto o psolista conquistou 138.610 votos (10,43%), o candidato do MDB, Geraldo Júnior, obteve 137.298 votos (10,33%).
Na avaliação de Marcelo Lima, o primeiro ponto evidenciado pelo resultado foi de que não houve um “crescimento robusto” da esquerda soteropolitana no pleito, em comparação com a última eleição, quando Major Denice obteve 228.942 (18,86%).
“Ele evidencia que não houve um crescimento de um projeto da esquerda soteropolitana. O outro ponto é uma ascensão clara da liderança e falo especificamente do candidato Kleber Rosa, que nos últimos dias, conseguiu sair ali de uma zona que o pessoal estava acostumado e conseguiu quebrar essa barreira. Ele conseguiu colocar o PSOL como a grande figura da esquerda soteropolitana nessas eleições”. O especialista acredita ainda que o resultado consolida Kleber como um “novo representante da oposição na capital”.
Já com relação ao desempenho emedebista, o especialista avalia que o processo eleitoral do candidato foi “mal absorvido”. “A expectativa do MDB junto com o PT tinha para Geraldo uma expectativa de segundo turno, ou de pelo menos um desempenho um pouco mais robusto, um crescimento maior do projeto que o PT tem aqui para a prefeitura de Salvador. Então, eu entendo como resultado que consegue mexer muito com a carreira do Geraldo Júnior, que já foi presidente da Câmara de Vereadores, que agora é nosso atual vice-governador, e foi uma derrota muito forte, olhando para o ponto de vista dos partidos, tanto o MDB como o PT, e olhando também do ponto de vista de um projeto pessoal do candidato Geraldo Júnior”.
Cláudio André, por sua vez, classificou o resultado psolista como “muito significativo”, sobretudo por ser um partido “pequeno” e que bateu recorde na votação. Ele lembrou que o desempenho alcançado neste ano foi cerca de 10 vezes superior ao de 2020, quando Hilton Coelho (PSOL) obteve 16.868 votos (1,39%).
“É praticamente 10 vezes mais de votos recebidos, e isso inclusive se refletiu na eleição a vereador, o partido tendo mais vereadores eleitos que o PT. O PT elegeu uma vereadora e o PSOL elegeu dois vereadores. Então, esse é um resultado muito significativo. Com certeza, Kleber Rosa se consolida como uma liderança de oposição a Bruno Reis, e vale a pena como ver vai se dar esse trabalho da sua visibilidade na cidade, na sua organização política. E, com certeza, Kleber vai avaliar ser candidato em 2026, exatamente para dar continuidade à sua carreira política em Salvador”, disse.
Base governista amplia representantes
Como já mostrado pelo Portal M!, as eleições municipais foram responsáveis por ampliar o número de cadeiras da base governista na Câmara Municipal de Salvador (CMS). Ao todo, dentre as 44 cadeiras, 33 delas serão ocupados pelos dez partidos que fazem parte base de sustentação do governo municipal. Além disso, entre os atuais parlamentares, 26 deles foram reeleitos – uma renovação de cerca de 40% na Casa.
Na avaliação de Cláudio André, o resultado é refletido através da votação do prefeito Bruno Reis. “Esse é um elemento importante que a gente deve considerar, um trabalho muito forte na prefeitura que se refletiu na eleição para a vereança, e vejo exatamente como uma governabilidade em voo de cruzeiro, muito difícil prever que o prefeito reeleito vai ter dificuldades na governabilidade diante desse perfil de Câmara Municipal totalmente, ou quase totalmente, favorável ao seu projeto”, explicou.
Já para Marcelo Lima, o resultado evidenciou a grande vitória obtida pelo atual prefeito e de sua base, que conta com partidos como PP, Republicanos e PDT. A base conta ainda com PSDB e Cidadania, DC, PL e PRD.
“Essa votação na Câmara Municipal é resultado de uma grande articulação, de uma campanha muito bem pensada por parte da situação soteropolitana de conseguir preencher as cadeiras na Câmara. Então, esse foi um movimento muito estratégico do candidato, de olhar também com muita atenção para a eleição da nossa casa municipal, que lhe dará consequentemente uma governabilidade, uma tranquilidade para governar, para conseguir aprovar seus projetos que, se eventualmente, ele não tivesse conquistado esses 33 representantes, não teria. Esse movimento de conquista de boa parte da nossa câmara municipal, é de extrema importância estratégica para a governabilidade, para a continuidade do projeto do União Brasil e de Bruno Reis nos próximos anos”, avaliou
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