Governador nega exclusão de indígenas para tratar conflitos agrários no Extremo-Sul da Bahia
Segundo Jerônimo, novo encontro será marcado ainda nesta semana com movimentos indígenas e sem terra

O governador Jerônimo Rodrigues negou, na manhã desta terça-feira (25), a exclusão das lideranças indígenas na primeira reunião para tratar sobre os conflitos agrários no Extremo-sul da Bahia. Em entrevista ao portal M!, o governador disse que a decisão de não incluir foi tomada para evitar um ambiente de tensão. A reunião aconteceu, nesta última segunda-feira (24), na Secretaria de Relações Institucionais (Serin), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, e contou com a presença de representantes rurais, sindicalistas e autoridades do setor. Porém, o encontro ocorreu sem a participação de representantes indígenas, o que gerou questionamentos por parte das lideranças desse grupo.
“Nós estamos reunindo, não houve negação de ninguém, pelo contrário. Só não quisemos, no Extremo-sul, juntar, naquele momento de tensão, as partes. Não dava para a gente poder fazer aquilo daquela forma. Mas não existe, de forma nenhuma, exclusão. Vocês sabem, eu me reconheço como indígena, isso não quer dizer que eu só olho para um lado, não tenho problema algum de receber as críticas, às vezes até infundadas”, explicou Jerônimo ao Portal M!, durante evento onde anunciou um pacote de entregas em celebração ao aniversário de 476 anos de Salvador e autorizou reformas e ampliação de unidades estaduais de saúde.
Reunião com índigenas e sem terra
Segundo o governador, o objetivo do governo é buscar soluções pacíficas e manter a ordem na região. Em entrevista ao Portal M!, Jerônimo afirmou que uma reunião com os movimentos indígena e se terra pode ser marcada ainda nesta semana para tratar sobre o assunto.
“Fizemos o convite para que, esta semana, um movimento indígena e sem terra pudesse também ser recebido aqui, para a gente poder tratar e é isso que está posto. Nós tivemos também um movimento muito próximo ali na Chapada Diamantina. Conseguimos, digamos assim, abortar com o diálogo, negociando. Eu espero que esta semana a gente possa, novamente, dar continuidade às negociações, para que possamos descobrir quem está por trás disso, porque temos tido uma maturidade muito grande do agronegócio, com o Movimento Sem Terra, com o movimento indígena”, concluiu o governador ao Portal M!.
Jerônimo responde críticas do movimento indígena
O governador também abordou as críticas que surgiram dentro do movimento indígena. Ele mencionou a falta de ética que observou em algumas reações em grupos de WhatsApp.
“Esta semana rolou nos grupos, inclusive companheiros meus do movimento indígena. Ali deve haver algum interesse que não é o interesse ético, ali tem algo fora da ética. Continuarei trabalhando para que a Bahia seja um estado de paz. Inclusive, ajudando com o governo federal nas negociações”, afirmou Jerônimo ao Portal M!.
Conflitos agrários no Extremo-sul da Bahia
Jerônimo também comentou sobre os esforços do Governo da Bahia em lidar com os conflitos agrários no Extremo-sul, especialmente no que diz respeito à presença das forças de segurança e a continuidade das negociações com os diferentes grupos envolvidos. Como envolve indígenas, o petista alertou que o caso passa a ser federal, mas o governo estadual tem ajudado na mediação do conflito.
“Eu não tinha nem reverberado ainda na imprensa. E, naquele momento, a gente fez um reforço. O coronel Paraíso, que fica responsável pelo Extremo-sul e costa, de imediato reforçou. Nós também reforçamos um núcleo que temos, um grupo de trabalho com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Quando é em ambiente federal, como é o caso das questões indígenas, a Polícia Militar não adentra sem autorização. Então, de imediato, a gente fortaleceu, reforçou e começamos a dialogar para ver se encontrávamos um ambiente de negociação”, relatou o governador ao Portal M!.
Segundo Jerônimo, é fundamental dar continuidade às negociações e manter o foco em uma resolução pacífica dos conflitos.
“A inteligência está trabalhando para ver se realmente não é o uso inadequado de pessoas indígenas, mas estamos tratando isso. Já tivemos lá a presença do meu secretário de Segurança Pública, Werner, que foi acompanhado do meu secretário de Política, Adolpho Loyola. Fizemos uma reunião com os proprietários, com o agro, e nós não podíamos, naquele momento, colocar juntos indígenas ou movimentos sem terra com o agro para não criar um ambiente de acirramento”, explicou o governador.
Entenda conflitos no Extremo-sul da Bahia
O líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e presidente estadual do PSDB, deputado Tiago Correia, acionou o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público da Bahia (MP-BA), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) e o governador Jerônimo Rodrigues (PT) para solicitar uma resposta urgente das forças de segurança e do sistema de Justiça contra o avanço das invasões de terras no Extremo-sul do Estado. Segundo produtores rurais, 81 propriedades já foram ocupadas.
“A anormalidade da situação é evidente e impõe a rápida atuação das forças de segurança e demais órgãos do sistema de Justiça, no momento em que diversas propriedades agrícolas estão sendo monitoradas e invadidas, inclusive propriedades fruto de assentamentos agrários”, afirmou Correia.
Relatos de produtores indicam que os ataques são realizados por grupos armados, utilizam indígenas como escudo para dificultar reações durante as ocupações. Os conflitos registrados no Extremo-sul da Bahia envolvem episódios de violência, com relatos de vítimas fatais e intensificação das tensões.
“As referidas invasões têm causado verdadeiros conflitos fundiários, similares aos mais tristes episódios de faroeste, com casos de extrema violência, física e psicológica, contando diversas vítimas, entre mortos e feridos – como foi o caso da morte de um indígena na última segunda-feira (10)”, detalhou o ofício enviado pelo deputado estadual Tiago Correia, líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
Além disso, relatos de moradores indicam que produtores rurais estão sendo ameaçados e suas propriedades invadidas. A Polícia Militar tem atuado para conter as invasões, mas alega que o efetivo disponível não é suficiente para controlar a situação. Segundo informações de moradores, os criminosos estão priorizando propriedades agrícolas com produção de café armazenada, utilizando um método recorrente de ação.
“Eles entram, roubam a produção, o maquinário e até o café que ainda está no pé para ser colhido. Depois de expropriar a fazenda, os criminosos deixam lá duas, três famílias indígenas e já partem para saquear uma nova fazenda. É um movimento criminoso que precisa de uma atitude imediata do Governo do Estado e do Governo Federal, até por envolver indígenas”, afirmou Correia.
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