Aliados de ACM Neto rompem silêncio após críticas de Marabá
Paulo Azi sai em defesa de correligionário e classifica falas do prefeito de Luís Eduardo Magalhães como falta de ‘memória e caráter’

As críticas do prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Júnior Marabá (PP), ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), reacenderam o debate sobre a atuação do líder político no interior da Bahia. Durante a posse do novo presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Wilson Paes Cardoso, nesta sexta-feira (28), em Salvador, prefeitos e parlamentares comentaram a declaração de Marabá, em entrevista exclusiva ao Portal M!, que cobrou maior proximidade de Neto com seus aliados municipais. O episódio expôs um sentimento de insatisfação crescente entre lideranças do Estado.
Paulo Câmara reforça insatisfação
Entre os que se pronunciaram, o deputado estadual Paulo Câmara (PSDB) foi um dos mais enfáticos ao reforçar que a insatisfação com ACM Neto não é um caso isolado. Segundo o tucano, diversos prefeitos têm reclamado da falta de diálogo e da ausência do vice-presidente nacional do União Brasil e ex-candidato ao governo nas articulações políticas locais.
“O que o prefeito Júnior Marabá falou é a realidade de muitos gestores na Bahia. Não é um caso pontual. Você tenta contato, manda mensagem, liga, e nada. Isso gera um sentimento de abandono entre aqueles que estiveram ao lado de Neto em momentos decisivos”, afirmou Câmara em entrevista à rádio Baiana FM.
“Você às vezes manda um zap e ele não responde. […] Isso é da natureza dele, é da personalidade, é uma queixa do mundo político. O que foi colocado pelo prefeito Júnior Marabá é fato. Eu estava presente na maior carreata da campanha de ACM Neto, o esforço que Júnior fez, e depois não houve uma ligação”, completou.
Outros casos
O parlamentar também citou prefeitos como Eduardo Hagge (MDB), de Itapetinga; Zé Cocá (PP), de Jequié; e Hildélcio Meireles (União Brasil), de Cairu, como exemplos de aliados que compartilham da mesma insatisfação. Câmara também falou sobre a construção da liderança política de Neto na Bahia.
“Liderança é aquilo que você constrói. A liderança na Bahia está sendo construída? Falam em Bruno [Reis], falam em Neto, falam em João Roma… Qual é o nosso líder hoje de fato?”, questionou.
Neto x Jerônimo
Além disso, o deputado estadual comparou a postura de ACM Neto com a do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que, segundo ele, tem demonstrado maior empenho em manter proximidade com prefeitos do interior.
“O governador chega às cidades à tarde, fica até tarde da noite, acompanha tudo de perto e ainda pergunta se deu tudo certo. Esse tipo de atenção faz diferença na relação política”, pontuou o tucano.
Zé Cocá adota cautela, mas defende “política de resultados”
Diferente de Câmara, o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), adotou um tom mais diplomático ao comentar o assunto. Durante o evento da UPB, ele evitou endossar diretamente as críticas de Marabá, mas defendeu uma nova abordagem política baseada em ações concretas. Para o gestor, “não é mais o momento de debater tratos políticos”.
“Precisamos discutir políticas públicas, falar sobre o que é melhor para Jequié, para a Bahia. Eleição já passou e agora a prioridade deve ser a gestão”, declarou.
Zé Cocá também destacou a necessidade de uma maior articulação entre lideranças municipais, estaduais e federais para garantir avanços para os municípios. “Precisamos unificar esforços com o governo estadual e federal para debater soluções reais. A política mudou e exige um novo dinamismo”, acrescentou.
O prefeito ainda reforçou que a era da política baseada apenas em reuniões e promessas ficou para trás. “Antes, os prefeitos passavam o dia todo atendendo pessoas, mas não conseguiam mostrar resultados. Hoje, precisamos focar em ações concretas que beneficiem a população. Essa é a política que eu acredito”, concluiu.
Críticas de Marabá repercutem no meio político
A polêmica começou quando Júnior Marabá criticou ACM Neto por, segundo ele, não dar a devida atenção aos aliados do interior após a campanha eleitoral. O gestor de Luís Eduardo Magalhães chegou a citar o próprio caso, afirmando que, mesmo tendo organizado uma das maiores carreatas da candidatura de Neto, nunca recebeu sequer um telefonema de agradecimento.
“Isso machuca as pessoas. Você se dedica, luta, mobiliza sua base, e depois não tem nem um reconhecimento mínimo. Esse é um sentimento que muitos prefeitos compartilham”, declarou.
Conforme o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, as demandas do município “são bem acolhidas pelo Governo do Estado” e Neto não demonstra intenção de liderar o processo eleitoral de 2026 na Bahia. Além disso, Marabá afirmou que, apesar de tê-lo apoiado em 2022 e de Neto ter recebido 70% dos votos no município, não há sinais de movimentação política para a próxima disputa.
“Eu costumo dizer que tenho uma independência política. Como prefeito, tenho um bom relacionamento com o governador Jerônimo Rodrigues, sempre foi muito agradável”.
Marabá disse ainda que, apesar do apoio à oposição nas eleições de 2018 e 2022, nunca teve proximidade com ACM Neto. Segundo ele, outras lideranças compartilham dessa mesma visão, mas não externam suas opiniões publicamente.
“Não tivemos uma participação efetiva no interior baiano, nas eleições de 2024. Então, eu vi que não existiu esse respaldo e eu vejo que não existe um respaldo dessa construção para o ano que vem. Visto isso, eu percebo que existe uma recondução natural do governador em relação ao processo de 2026“, completou.
As declarações do prefeito causaram impacto imediato no cenário político baiano e reacenderam o debate sobre o papel de ACM Neto como liderança no Estado. Apesar das críticas, o ex-prefeito de Salvador ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Paulo Azi rebate críticas
Por outro lado, o presidente do União Brasil na Bahia, deputado federal Paulo Azi, rebateu as declarações do prefeito de Marabá. Azi classificou as falas de Marabá como uma tentativa de “justificar a traição ao povo que o elegeu” e acusou o prefeito de falta de “memória e caráter”.
Para o parlamentar, ACM Neto teve papel fundamental para garantir a filiação de Marabá ao antigo Democratas (DEM) em 2020, permitindo sua candidatura à prefeitura de Luís Eduardo Magalhães.
“Coube a ACM Neto assegurar a sua filiação ao nosso partido, garantir a legenda e conceder apoio decisivo para a sua eleição. O detalhe que impressiona é que, logo depois de eleito, sem qualquer postura de consideração e respeito partidário, sem ter a dignidade de sequer avisar, Junior Marabá se desfilia do partido”, declarou.
De acordo com o dirigente partidário, as declarações recentes de Júnior Marabá têm motivações questionáveis. Para Azi, “causa estranheza as declarações ofensivas e injustas do prefeito, que parecem mais uma tentativa de chamar atenção na mídia baiana”.
“Resta à população de Luís Eduardo Magalhães se perguntar o que está por trás dessa repentina verborragia”, concluiu.
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