O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central justificou, na ata divulgada nesta terça-feira (12), o recente aumento de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), agora em 11,25% ao ano. Em nota, o colegiado diz que foi “apropriado diante das condições econômicas correntes e das incertezas prospectivas, refletindo o compromisso de convergência da inflação à meta, essencial para a construção contínua de credibilidade”.

A decisão pelo aumento foi tomada durante reunião realizada na última quarta-feira (6) e supera o ajuste de 0,25 ponto percentual feito em setembro. Segundo o Copom, a mudança visa fortalecer o compromisso com a convergência da inflação para a meta, essencial para a construção da credibilidade econômica do país.

No documento, o colegiado aponta que as incertezas em torno da inflação exigem monitoramento contínuo e optou por não fornecer indicações explícitas sobre possíveis movimentos futuros. A expectativa dos economistas é que uma nova alta de 0,50 ponto percentual ocorra em dezembro, com alguns analistas considerando até a possibilidade de uma elevação maior, de 0,75 ponto percentual.

“A reancoragem das expectativas é um elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta ao menor custo possível em termos de atividade”, declarou o grupo, ressaltando que a política monetária é crucial para restaurar a confiança nas metas inflacionárias.

A ata alerta que uma piora nas expectativas pode prolongar o ciclo de aperto monetário. Sobre a inflação de curto prazo, o Copom assinala que o cenário apresenta desafios adicionais, com alta nos preços dos alimentos impulsionada pela estiagem e uma pressão nos preços dos bens industrializados devido à recente desvalorização cambial. Na inflação de serviços, o comitê observa que a inércia dos preços segue elevada, dificultando a convergência para a meta, especialmente em um ambiente de atividade econômica ainda aquecido.

O Banco Central projeta que o IPCA, índice que mede a inflação oficial, deverá alcançar 3,6% no horizonte relevante de quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, acima do centro da meta de 3%. Para 2024, a expectativa é de uma inflação de 4,6%, também acima do teto da meta, que é de 4,5%.