‘Claudia Leitte não é racista’, afirma Brown, após cantora ser acusada de racismo religioso

O cantor e compositor Carlinhos Brown defendeu, nesta última quarta-feira (18), a cantora Claudia Leitte, após ela mudar a letra da música “Caranguejo”, durante uma apresentação, realizada no último sábado (14), no “Soul D’Rua”, em Salvador. No evento no Candyall Guetho Square, Claudia cantou “Eu canto ao meu Rei Yeshua” no lugar de “Saudando a rainha Iemanjá”, o que gerou críticas à cantora, que foi acusada de racismo.  

“Uma coisa que eu não queria tá falando porque é polêmica, eu tenho uma espiritualidade muito acentuada. Mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista. Então, a gente não tem que estar polemizando sobre isso, que separa o que nós estamos fazendo”, declarou o cacique, em defesa de Leitte. 

Brown: Candyall Guetho Square é espaço laico

Brown destacou que o espaço do Candyall Guetho Square, onde a apresentação da cantora foi realizada é um espaço laico, onde todas as manifestações culturais e religiosas são bem-vindas. “O Guetho é uma casa laica. Todas as pessoas têm direito a ter suas manifestações. […] Claudinha, eu garanto você, não tem nada a ver com essa polêmica. Posso garantir que Claudinha não é uma pessoa racista, se ela mudou a letra, a responsabilidade dela como uma artista”, declarou.  

Sem citar nomes, Pedro Tourinho critica mudanças em letras no Axé

As críticas sobre a mudança na letra da música ganharam outros patamares quando o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, criticou, sem citar nomes, a mudança de letra de músicas do Axé. Na postagem em sua conta oficial no Instagram, ele afirmou que se travava de “racismo”, mas em momento algum citou Claudia Leitte. Inclusive, quando constatou a polêmica em torno da cantora, disse que os rumos estavam formando um direcionamento errado, já que o assunto era para ser discutido como um todo e repudiou qualquer manifestação de hater contra Leitte.  

“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu Tourinho em um trecho da postagem.  

A publicação do secretário teve uma série de comentários de apoiadores, que reforçavam às críticas, dentre os quais estava a cantora Ivete Sangalo, que curtiu a postagem e comentou “Sim”, concordando com as declarações de Tourinho.  

Vencedora do prêmio Jabuti critica Claudia Leitte: “terrorismo religioso”

A professora e escritora Bárbara Carine, vencedora do prêmio Jabuti em 2024, criticou a mudança da letra de Claudia Leitte e apontou que a atitude da cantora reflete um “terrorismo religioso”. Segundo ela, a Axé Music é a principal fonte de renda da artista, portanto, não deveria demonizar a cultura, já que usufrui dela.  

“É realmente revoltante o racismo religioso, eu diria até um terrorismo religioso, que essas pessoas instauram na nossa cultura. É extremamente revoltante o lucro com a demonização dessa cultura, porque é uma pessoa que vive do axé”, declarou a intelectual.  

Larissa Luz x Claudia Leitte

Está não é a primeira vez que Claudia Leitte é acusada de racismo. Em fevereiro deste ano, a cantora e atriz Larissa Luz criticou a loira, após um vídeo gravado da mesma música viralizar, onde ela troca o mesmo trecho da canção Caranguejo. Em resposta, Larissa fez uma adaptação e uma música católica do cantor Roberto Carlos, onde ela incluiu nomes de orixás nos versos da canção, dedicando a sua adaptação para Leitte.  

MP-BA inicia investigação contra Claudia Leitte por racismo  

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou, nesta quinta-feira (19), que instaurou um inquérito para apurar o possível racismo religioso, cometido por Claudia Leitte ao fazer a substituição de versos na música. Até o momento, a cantora ainda não se pronunciou sobre as críticas e nem sobre as investigações.  

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