Pagodeiro do PCC é preso na Bahia após 9 meses foragido
Segundo SSP, Latrell Brito é apontado como chefe de esquema de fraudes em licitações públicas e lavagem de dinheiro

O empresário e cantor Vagner Borges Dias, mais conhecido como Latrell Brito, foi preso, na manhã da última segunda-feira (27), em Jacuípe, no Litoral-norte da Bahia, após permanecer foragido por 9 meses. O pagodeiro, envolvido com o Primeiro Comando da Capital (PCC), foi capturado pelo Grupo de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), em uma ação conjunta com a Polícia Militar.
Latrell, que usava o nome falso de Moisés Mota Sena para escapar das autoridades, era o principal alvo da Operação Munditia, deflagrada em 2024. Durante as investigações, ele foi apontado como chefe de um esquema de fraudes em licitações públicas e lavagem de dinheiro, envolvendo empresas que mantinham contratos com prefeituras e câmaras de vereadores de diversas cidades brasileiras.
Esquema criminoso e participação do pagodeiro
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) empresário foi identificado como o gestor de uma rede de empresas que operavam em conluio com agentes públicos corruptos. Essas empresas eram utilizadas pelo PCC para disputar licitações fraudulentas e lavar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas. As investigações mostraram que o grupo criminoso pagava propinas a políticos e servidores públicos em troca de contratos públicos milionários.
Entre as cidades citadas nas investigações estão Sorocaba e Itatiba, em São Paulo. Em Sorocaba, a empresa “Safe”, ligada a Latrell, firmou contratos com a prefeitura e a Câmara de Vereadores, movimentando milhões de reais. O primeiro contrato com a Câmara de Sorocaba foi assinado em 2018, e o valor total dos contratos com a prefeitura ultrapassou R$ 25 milhões.
Prisão e fuga do pagodeiro
Conforme a SSP-BA, Latrell havia se escondido na Bahia desde a deflagração da operação, quando ele fugiu minutos antes da chegada da polícia em sua residência. Ele passou a viver sob o nome de Moisés Mota Sena e foi encontrado em Jacuípe, quando saía da praia. A prisão foi realizada em flagrante, pois ele estava utilizando documentos falsos para se ocultar.
Nas redes sociais, o pagodeiro ostentava uma vida de luxo e sucesso empresarial, mas fora da Internet, sua atuação estava longe de ser glamourosa. Ele era conhecido por pagar propinas a pregoeiros e outros envolvidos no processo licitatório. Além disso, Latrell fazia lobby junto a políticos, e, segundo a investigação, utilizava o dinheiro do tráfico de drogas para garantir a vitória de suas empresas nas licitações públicas.
Envolvimento de políticos e expansão da corrupção
A operação também revelou a extensão da corrupção em algumas prefeituras, especialmente em Sorocaba. Documentos apreendidos durante a operação mostraram que o PCC infiltrou membros em diferentes esferas do poder público. Um dos alvos foi o ex-secretário de Administração de Sorocaba, José Marcos Gomes Júnior, que, segundo os promotores, teria recebido propinas do grupo criminoso. A denúncia aponta que o “Júnior” estaria envolvido em um esquema de repasse de dinheiro para garantir contratos fraudulentos com a prefeitura.
Além disso, conversas entre os membros do PCC e outros envolvidos no esquema mostraram que a organização criminosa atuava de forma coordenada, pagando subornos e manipulando os processos licitatórios para obter vantagens ilícitas. Um dos registros mais impactantes é uma troca de mensagens entre Latrell e seus subordinados, em que ele orienta um motorista sobre o “itinerário da corrupção”, passando por cidades como Guarujá, Cubatão e Sorocaba, com a missão de entregar dinheiro para garantir a continuidade das fraudes.
Como PCC se infiltrou nas prefeituras e câmaras de vereadores
A operação “Munditia” revelou como o PCC se infiltrou no setor público, manipulando contratos em diversas cidades e usando empresas de fachada para lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A contabilidade das empresas investigadas mostrou que Sorocaba foi uma das principais cidades envolvidas no esquema. Documentos apreendidos indicaram que, em 2021, a cidade estava com notas pendentes, sendo mencionada como parte do processo de “pulverização criminosa”, no qual contratos eram distribuídos entre diferentes municípios para ampliar a rede de corrupção.
A investigação também revelou que o grupo de Latrell estava envolvido em contratos de grande valor, incluindo contratos emergenciais durante a pandemia, como no caso da Prefeitura de Sorocaba, que firmou um contrato de R$ 199 mil para serviços de limpeza no hospital de campanha.
Futuro das investigações
A prisão de Latrell é apenas o começo de uma série de investigações que envolvem não apenas membros do PCC, mas também políticos e servidores públicos envolvidos na fraude de licitações e no esquema de corrupção. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), segue com o trabalho de aprofundar as investigações e garantir que os responsáveis sejam punidos.
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