Mercado de trabalho para o público 50+: oportunidades e desafios em 2025

Ao Portal M!, o consultor de carreiras Fábio Rocha ressaltou que essa faixa etária tem boas chances em posições de liderança


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Bruno Brito 29/12/2024 08:50 Cidades
Mercado de trabalho para o público 50+: oportunidades e desafios em 2025 - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com o avanço do envelhecimento populacional, posições de liderança despontam como as áreas mais promissoras no mercado de trabalho para o público 50+. Setores como saúde, teleatendimento e turismo se destacam por sua demanda crescente por profissionais experientes, enquanto startups ainda enfrentam desafios para integrar os 50+ ao ritmo acelerado da transformação digital. Essa transição reforça a necessidade de alinhamento entre competências, experiência e segmentos que valorizam a vivência dos sêniores no mercado.

Ao Portal M!, o diretor-executivo da Damicos Consultoria e especialista em carreira e longeratividade, Fábio Rocha, ressaltou que as áreas com maior potencial para o público 50+ serão sempre posições de “liderança e qualquer atividade que tenha como público prioritário os 50+”.

“Nossa experiência, estudo e vivência mostra que isto depende muito de cada segmento. Por exemplo, nas startups, os 50+ ainda são vistos como um público desconectado desta velocidade do mundo em transformação digital e 5.0. Já na área de saúde, as posições de gestão são prioritariamente ocupadas pelos 50+. Claro que se pensarmos em negócios ou atividades exclusivas para os 50+, no campo da saúde, teleatendimento, turismo, estas organizações precisarão dos 50+ de uma forma mais intensa”.

Qualificação para mercado de trabalho do público 50+

Questionado sobre quais tipos de habilidade e qualificação o profissional dessa faixa etária deve buscar para disputar e conquistar essas vagas, o especialista enfatizou que o maior diferencial dos 50+ é a “maturidade e senioridade”. Para tanto, ele ressalta ser necessário que estas pessoas sejam “capaz de acreditar nisto e de vender este seu diferencial”.

“Do outro lado, precisa saber trabalhar seu modelo mental, para que o mesmo seja capaz de conviver com as novas gerações, os novos formatos de relações de trabalho e as chamadas mudanças instantâneas, comuns no mundo atual. A dificuldade com a tecnologia, por exemplo, tem muito mais a ver com a resistência ao novo, ao mundo online, do que com as ferramentas – na grande maioria, autoexplicativas deste mundo virtual”.

O especialista acredita que a experiência é uma vantagem destes candidatos no mercado, inclusive pela facilidade em saber os “atalhos de como vencer grandes desafios”, seja no campo técnico ou comportamental.

“Uma geração que viveu grandes crises, grandes mudanças e ambientes tão diversos, do ponto de vista da experiência, da maturidade e do equilíbrio, estão mais prontas para qualquer desafio. Claro que se este profissional está preso a crenças, a um contexto que não existe mais, ele estará refém de um mundo que já passou. Então, para mim, o grande desafio dos 50+ é estar aberto ao novo, seja uma nova tecnologia, um novo modelo de relação de trabalho ou a necessidade de se reinventar a cada momento”.

Revolução digital e o público 50+

Encarado como o maior desafio de adequação ao público 50+, a revolução digital pode exigir diversas demandas desse grupo, a exemplo da capacidade de se adaptar rapidamente às mais diversas mudanças. Por isso, Fábio Rocha ressaltou que a revolução digital vai muito além de uma revolução tecnológica, e traduz a velocidade das mudanças e define o atual mundo hibrido: online e presencial, simultaneamente.

“Entendo que o maior desafio dos 50+ é ser capaz de se adaptar a esta velocidade das mudanças, sabendo que aquilo que deu certo na semana passada, pode não dar certo na semana seguinte. Ter consciência que tenho que criar novos drives, novos ativos profissionais a cada ciclo de carreira, a cada organização ou a cada desafio, pode ser muito extenuante e desanimador para quem está preso à ideia de que com o que sou ou o que sei, dou conta deste mundo VUCA [representação da volatilidade e mudança recorrente] ou BANI [representação da era do caos, gerada pelo excesso de informações]”.

Líderes tóxicos e o tratamento às pessoas mais velhas

Outra questão importante quando o assunto são as pessoas 50+ no mercado de trabalho é a relação com líderes tóxicos. Para tanto, o especialista adverte que pessoas mais experientes podem também ser estes lideres tóxicos, por estarem preso a um modelo comando-controle, de microgerenciamento e da cultura do medo no exercício da liderança.

“Em tese, caso estejam com sua autoestima ok, são mais capazes de lidar melhor com esses líderes incapazes de criar um ambiente com segurança psicológica. Assim, pelo menos neste aspecto, os 50+ são muito mais ‘cascudos’ para lidar com estes bullyings institucionais, no campo do exercício da liderança”.

Público 50+ e a necessidade de renda extra

Por fim, outro assunto abordado pelo especialista em carreira e longeratividade foi a necessidade de algumas pessoas do público 50+, sobretudo as que passaram de 60 anos, de obter uma fonte de renda extra, embora já estejam aposentadas. Fábio Rocha foi questionado sobre como este público pode manter a qualidade de vida e conciliar o trabalho necessário com o desejo de descansar após décadas de trabalho.

Sobre o tema, o especialista ressaltou que o mundo atual é responsável por mesclar, em um mesmo momento, as questões de estudo, trabalho e lazer. No entanto, entre as pessoas 50+, o modelo exigiria que primeiro houvesse uma preparação, para só depois haver o trabalho, e posteriormente, o descanso.

“Os 50+ precisam mapear seu status-quo, seus ativos profissionais e planejarem um novo ciclo de vida e carreira. Para mim, é viável o conceito de harmonia entre vida e trabalho, mas o equilíbrio pleno é uma ilusão”.

Rocha reforça seu argumento dizendo que uma mãe com um filho recém-nascido terá sua balança pesando muito mais para a dimensão pessoal, o que é perfeitamente compreensível.

Portanto, o consultor ressalta que os 50+ precisam entender sua realidade presente e futura, para definir que estratégias, decisões e ações são viáveis para o seu momento.

“Uma pessoa com 60+ que tem uma vida organizada financeiramente e que os filhos estão ‘encaminhados’ tem uma realidade bem diferente daquele com problemas financeiros ou que ainda é provedor de filhos e netos”.

Fábio Rocha também deixou uma mensagem aos profissionais 50+ que buscam se destacar no mercado de trabalho em 2025. Segundo o especialista, é necessário ter “orgulho de sua experiência, maturidade e senioridade”.

“Se permita, se esforce para conviver com o novo, inclusive entenda que a convivência com as gerações mais novas, lhe levarão a se manter atualizado”.

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