A Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou, nesta última segunda-feira (14), a abertura de um processo de auditoria para examinar o trabalho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O objetivo é verificar se foram cumpridas as responsabilidades de fiscalização permanente sobre a Enel, concessionária de energia em São Paulo, especialmente em relação ao cumprimento de suas obrigações contratuais e do plano de contingência.

A crise energética em São Paulo se intensificou nos últimos meses. Nos últimos 11 meses, a cidade sofreu três grandes apagões. O mais recente começou na noite de sexta-feira (11).

A crise energética também é pauta dos candidatos no segundo turno das eleições municipais de São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL) acusou o prefeito Ricardo Nunes de negligência com a cidade e de complacência com a Enel. Nunes, por sua vez, direcionou críticas ao governo federal, levando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a rebater, acusando o prefeito de propagar “fake news”.

O processo de auditoria reflete também tensões políticas sobre a gestão da Aneel, cujos diretores foram nomeados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Nunes nas eleições municipais.

Quarto dia no escuro

O apagão chegou ao quarto dia nesta terça-feira (15) e, segundo a Enel, ao menos 430 mil imóveis na Grande São Paulo, entre residências e comércios, continuam sem energia elétrica. Na capital, cerca de 280 mil clientes ainda estão afetados pela falta de luz, após o forte temporal que atingiu a região e causou extensos danos à rede elétrica. A Enel não forneceu uma previsão de restabelecimento total do serviço.

A empresa informou que equipes de outros estados, como Rio de Janeiro e Ceará, estão colaborando para normalizar a situação, embora não tenha detalhado o número de profissionais envolvidos. Até as 11h desta segunda-feira, 1,6 milhão de clientes já haviam tido o fornecimento de energia restabelecido, após o pico do apagão que afetou mais de 2,1 milhões de pessoas na noite de sexta-feira (11), quando ventos de até 107,6 km/h foram registrados durante a tempestade.