Eleição em SP: apagão se torna novo ingrediente político em debate na Record
Falta de luz que afetou mais de 3,1 milhões de pessoas é motivo de jogo de empurra entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos

Após uma série de ausências do prefeito Ricardo Nunes (MDB) a outros debates, o candidato à reeleição finalmente compareceu a um dos encontros previstos com seu adversário na corrida à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Vestidos com exatamente as mesmas paletas de cores, os dois rivais foram novamente colocados cara a cara na noite deste sábado (19), nos estúdios da TV Record, na Barra Funda, bairro da Zona Oeste de São Paulo.
Diferente do que se viu no primeiro turno, em que a Record impôs regras rígidas e pouco trabalhou os confrontos diretos, o segundo debate da emissora foi marcado especialmente pelas perguntas, respostas e acusações entre os oponentes.
O apagão no abastecimento de energia, que afetou a capital paulista durante os sete dias anteriores ao embate, foi o ingrediente inédito do programa. Desde o último dia 11, mais de três milhões de pessoas sofreram com a falta de luz na Grande São Paulo – algo que vai diretamente contra os interesses do atual prefeito, que passou a travar uma guerra de narrativas com a Enel, concessionária responsável pela distribuição na capital e Região Metropolitana.
Boulos defendeu o rompimento do contrato com a empresa e jogou a culpa pela crise na Prefeitura, referindo-se ao atual prefeito como o “pai do apagão” – a quem também acusou de falta de pulso e liderança durante a crise na cidade. “Esse contrato é concessão federal. Se fosse municipal, já estava fora”, rebateu Ricardo Nunes. A jornalista Christina Lemos, âncora do Jornal da Record, questionou o prefeito sobre uma possível reestatização do setor elétrico. Na resposta, Nunes reforçou as críticas à Enel e reiterou que dispensa os serviços da empresa, voltando a alegar que a quebra do contrato por caducidade cabe ao governo federal, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Já no comentário a que tinha direito, Boulos apontou arrogância por parte do prefeito, que não assume assume a responsabilidade pelo problema. “Assuma. Tenha o mínimo de humildade. Por uma vez na vida, seja líder. Um líder assume erros”. Nunes preferiu usar a tréplica para trazer à tona um episódio, no mínimo, curioso. O prefeito afirmou que Boulos, quando tinha 35 anos, deixou de arcar com um acidente de trânsito. “Você acha que líder é alguém que bate no carro do outro, dá o celular, nunca atende e o pai paga a conta, com 35 anos? Um marmanjo”, disse. A citação do suposto acontecimento faz parte da estratégia de Nunes de pintar o adversário como alguém irresponsável, que não estaria apto a governar uma cidade como São Paulo.
À frente nas principais pesquisas, o prefeito novamente se furtou a responder a maioria dos questionamentos que lhe foram feitos. Em cerca de duas horas de debate, Nunes se dedicou a suscitar dúvidas quanto à capacidade de gestão de Boulos, além de voltar a afirmar que o deputado seria contra a Polícia Militar, a favor do aborto e da legalização das drogas – todos temas polêmicos e particularmente sensíveis entre o eleitorado mais conservador.
Boulos, por sua vez, explora um estereótipo que se criou sobre o prefeito: alguém sem opinião própria. Claramente mais à vontade no embate, o deputado se empenhou em se colocar como alguém com mais energia e mais firmeza que o adversário. Além, claro, das acusações de costume. Sempre que encontrou espaço, o candidato do PSOL questionou o prefeito sobre seu suposto envolvimento com a ‘Máfia das Creches’ – esquema de desvio de recursos públicos no qual Nunes é investigado pela Polícia Federal -, e sobre o fato de o ex-cunhado de Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), trabalhar na Prefeitura. Trata-se de Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb).
O que está posto é a já conhecida polarização do “bem contra o mal”. Em determinado ponto do debate, quando já estavam exauridas as cartas na manga de ambos os candidatos, o que o eleitor assistiu foi um verdadeiro disse-me-disse, no qual um acusa o outro de mentir, ainda que ninguém consiga provar nada. A tática é comum a menos de uma semana da decisão do segundo turno; agora, o que se espera é que cada um dos postulantes apele para o emocional e os valores dos variados perfis de eleitor.
Já não é mais a razão que rege a disputa na maior cidade do país – mas, sim, o poder de convencimento sobre as duas antagônicas visões sobre a realidade do povo paulistano.
O segundo turno das eleições está previsto para o próximo domingo (27), e ocorre das 8h às 17h. Se tudo permanecer dentro do esperado, uma prévia dos resultados deve ser divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por volta das 20h, quando já deve ser possível ter uma noção de quem, afinal, será o prefeito de São Paulo a partir de janeiro do ano que vem.
Matheus Pastori
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