Bruno Reis nega envolvimento da Prefeitura de Salvador em esquema investigado pela PF

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), negou, na manhã desta quarta-feira (18), qualquer envolvimento da gestão municipal no esquema criminoso investigado pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Overclean. Em entrevista ao Portal M!, ele afirmou estar tranquilo em relação ao andamento das investigações e ressaltou a transparência das ações administrativas sob sua gestão.

“A prefeitura não é investigada, não há nenhum fato contra a prefeitura. Estou sem qualquer preocupação, tem nada a ver com a gente. Quem tem boca fala o que quer. O relatório é claro ao dizer que a secretaria [de Educação] não é investigada e de que não há nada contra o secretário Thiago Dantas”, afirmou o prefeito ao Portal M!, durante a entrega de nova contenção de encosta no bairro Tancredo Neves.

Operação Overclean

A Operação Overclean foi deflagrada no início do mês de dezembro, com o intuito de desarticular uma organização criminosa suspeita de envolvimento em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. O grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão durante o período investigado, dos quais R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos somente em 2024.

A ação contou com a participação do Ministério Público Federal, a Receita Federal do Brasil e a Controladoria-Geral da União, e cumpriu 17 mandados de prisão preventiva, 43 mandados de busca e apreensão e ordens de sequestro de bens nos estados da Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

O empresário José Marcos de Moura é apontado como um dos principais articuladores das negociações suspeitas e teria trânsito na Prefeitura de Salvador. Interceptações telefônicas e escutas ambientais feitas pela PF revelaram conversas nas quais Moura menciona um “amigo” que poderia interceder para resolver questões relacionadas ao pagamento da Larclean Saúde Ambiental Ltda., uma das empresas investigadas.

Em um dos diálogos captados pela investigação, o secretário de Educação do município de Salvador, Thiago Dantas, teria afirmado que pagamentos em atraso só seriam regularizados após o pagamento de uma “primeira parcela na parceria”, em novembro de 2024.

O que diz a PF

De acordo com a Polícia Federal, não há indícios de participação do secretário municipal de Educação de Salvador, Thiago Dantas, no esquema investigado pela Operação Overclean em pelo menos cinco estados. Pela ausência de qualquer sinal de envolvimento nos fatos apurados, o titular da Smed não foi alvo de nenhum dos mandados judiciais, cumpridos na última semana.

“Diferente do investigado Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, diretor-administrativo da Secretaria Municipal de Educação de Salvador/BA, não há elementos concretos aptos a demonstrar que o secretário municipal de Educação aderiu ao pacto criminoso, razão pela qual não será objeto de medida cautelar no âmbito deste apuratório”, destaca um trecho do relatório da Polícia Federal.

No mesmo dia em que foi deflagrada a operação, o servidor Flávio Pimenta foi exonerado pela Prefeitura de Salvador do cargo que ocupava na Secretaria Municipal de Educação da capital baiana. Thiago Dantas também determinou a instauração de uma sindicância administrativa para apurar os fatos veiculados pela imprensa sobre a investigação da operação Overclean.