O setor mineral brasileiro apresentou, nesta terça-feira (28), durante a Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram) 2025 — realizada no Centro de Convenções de Salvador —, um conjunto de metas ambientais e sociais que representam uma nova fase na relação entre mineração, tecnologia e sustentabilidade. O anúncio foi feito pelo diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, e pelo presidente da Vale S.A., Gustavo Pimenta, com foco nas propostas que o Brasil levará à COP30, conferência mundial do clima que acontece em novembro, em Belém (PA).

“A mineração legal é aliada do planeta”, afirmou Pimenta, ao defender que o setor deve combinar eficiência, tecnologia e impacto positivo.

Segundo o executivo, a indústria vive um momento de virada e precisa demonstrar que é capaz de gerar valor social e ambiental. “Não se trata apenas de extrair, mas de devolver. O futuro da mineração será construído com inovação e respeito às pessoas e ao meio ambiente”, completou durante apresentação na Exposibram, que segue até próxima quinta-feira (30), no bairro Boca do Rio.

Compromissos ambientais e climáticos até 2030

Ao abrir o segundo dia da Exposibram, Raul Jungmann destacou que a mineração brasileira chega a 2025 em um momento decisivo. Segundo o diretor-presidente do Ibram, o país terá papel central nas negociações internacionais sobre o clima, uma vez que o Brasil presidirá as discussões da COP30 até 2031.

“Durante um ano, o Brasil será o líder mundial das negociações climáticas. Agora é a hora do compromisso”, afirmou.

De acordo com Jungmann, a transição energética precisa ser justa e equitativa, e que a mineração brasileira tem condições de se apresentar como exemplo global.

“O nosso impacto territorial é mínimo, mas a nossa responsabilidade é enorme. Queremos ampliar a biodiversidade, reduzir o uso de água limpa e garantir eficiência hídrica, alinhando nossas operações aos desafios climáticos que o mundo enfrenta”, pontuou.

Vale aposta em tecnologia, circularidade e reconstrução de confiança

Ao apresentar a visão da Vale para os próximos anos, o presidente da empresa, Gustavo Pimenta, defendeu uma mineração cada vez mais tecnológica, circular e de baixo carbono. O executivo afirmou que a empresa já reduziu 27% das emissões de gases de efeito estufa e pretende chegar a 33% até 2030, mantendo neutralidade total no escopo 2 e substituindo parte do diesel por etanol em equipamentos de grande porte.

Segundo Pimenta, a meta é “tornar a Vale exemplo global de inovação ambiental e eficiência energética”. Entre as iniciativas, ele citou a preservação de 1,3 milhão de hectares de florestas em parceria com o ICMBio, equivalente a cinco vezes o território de São Paulo.

“A floresta de Carajás só está de pé porque a Vale está lá, cuidando e protegendo. É uma parceria que envolve vigilância constante, prevenção a incêndios e combate a invasões. Isso mostra que mineração e conservação não são forças opostas.”

O presidente da companhia também apontou o avanço da mineração circular, baseada no reaproveitamento de rejeitos e materiais antes descartados. “Estamos produzindo milhões de toneladas a partir de fontes circulares, utilizando tecnologia para reprocessar minérios com alto teor. É mais eficiente, mais seguro e com menor pegada ambiental.”

Mineração brasileira em transição: inovação e governança no centro do debate

A Exposibram 2025 segue em Salvador com uma programação que inclui palestras, painéis temáticos, cursos e apresentações técnicas sobre sustentabilidade, inovação e governança ambiental. O evento se consolida como o principal espaço de discussão sobre o futuro da mineração no país, reunindo lideranças empresariais, autoridades e pesquisadores para debater os caminhos de uma mineração mais responsável e inclusiva.

A presença conjunta de Raul Jungmann e Gustavo Pimenta reforçou a tentativa de reposicionar a mineração brasileira no cenário global, diante dos desafios da transição energética e da necessidade de gerar valor local com menor impacto ambiental. O discurso de ambos sinalizou uma nova narrativa para o setor, voltada à inovação, à transparência e ao compromisso com metas verificáveis.

Embora a Bahia não tenha sido citada diretamente nas falas, a realização do evento na capital baiana simboliza o protagonismo crescente do estado na mineração nacional, especialmente em projetos de cobre, níquel e terras raras, insumos fundamentais para as tecnologias de baixo carbono. Com metas públicas, prazos definidos e novos padrões de governança, a mineração brasileira busca se apresentar à COP30 como uma indústria em transformação, movida por inovação, responsabilidade social e propósito ambiental.

O tom das falas de Jungmann e Pimenta reforça o esforço do setor em redefinir sua imagem: de explorador de recursos naturais a protagonista da economia verde global.