Líder rebelde celebra fuga de Assad e promete futuro para a Síria: ‘Vitória para a nação’

Abu Mohammed al-Golani, líder do grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), fez a primeira aparição pública no domingo (8) após a fuga do ditador Bashar al-Assad da Síria. Durante discurso em uma mesquita da capital, Damasco, ele declarou: “Esta vitória, meus irmãos, com a ajuda de Deus, [foi feita] pelo sangue dos mártires, das viúvas, dos órfãos e do sofrimento das pessoas que estavam nas prisões”.

Com a saída de Assad, al-Golani celebrou o que chamou de “vitória para a nação islâmica”. O discurso foi recebido com entusiasmo por apoiadores, que veem no líder rebelde uma figura decisiva para o futuro do país. A multidão respondeu com gritos de “Deus é grande!”.

No pronunciamento transmitido pela TV estatal, al-Golani reforçou o compromisso com a revolução que começou em 2011. “Não há chance de voltar atrás, estamos determinados a continuar o caminho que começamos”, destacou. Ele ainda afirmou que o futuro da Síria está nas mãos do povo rebelde, que busca libertar o país de um “regime opressivo”.

Estratégia de reformulação de imagem

Al-Golani, de 42 anos, nasceu em Riade, na Arábia Saudita, mas tem origem familiar na região de Golã, anexada por Israel nos anos 1970. Conhecido também como Abu Mohammed al-Jawani, ele tem trabalhado nos últimos anos para reformular a própria imagem e a do HTS, distanciando-se de antigos aliados, como a al-Qaeda.

Sob sua liderança, o HTS se apresentou como uma força mais moderada e pluralista, buscando atrair o apoio de minorias religiosas e étnicas da Síria. Esse esforço de mudar a imagem também visa conquistar legitimidade internacional, mesmo sendo amplamente reconhecido como um grupo extremista.

O que aconteceu

Forças rebeldes sírias entraram na capital, Damasco, em meio a rumores de que o presidente Bashar al-Assad fugiu do país após 13 anos de guerra civil. A Rússia confirmou a saída de Assad, enquanto o primeiro-ministro Mohammed al-Jalali declarou estar pronto para apoiar a continuidade da governança. A ofensiva ocorreu apenas 12 dias após o grupo militante Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e facções aliadas lançarem uma grande ofensiva no noroeste da Síria, capturando a cidade de Aleppo e seguindo em direção ao sul até a capital, enquanto o exército sírio enfrentava um colapso.

A guerra civil síria começou em 2011 como uma revolta pacífica e pró-democracia contra o governo de Assad, mas rapidamente se transformou em um conflito em grande escala, devastando o país. Mais de 500 mil pessoas morreram, e cerca de 12 milhões foram forçadas a deixar suas casas, com cinco milhões buscando refúgio no exterior.

A guerra parecia ter chegado ao fim com a vitória de Assad, que, com o apoio de potências como Rússia e Irã, recuperou a maior parte do território sírio.