Trump defende cessar-fogo imediato na Ucrânia e considera retirada dos EUA da Otan

Declarações do presidente eleito geram controvérsia internacional ao sugerir mudança na postura do país em relação à guerra e à aliança militar ocidental


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Estadão Conteúdo e Redação 09/12/2024 10:12 Internacional
Trump defende cessar-fogo imediato na Ucrânia e considera retirada dos EUA da Otan - Reprodução/Instagram @realdonaldtrump

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou, neste domingo (8), debates internacionais ao pedir um cessar-fogo imediato na guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Em suas redes sociais e durante entrevista à NBC, ele também indicou a possibilidade de reduzir o apoio militar ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e até mesmo retirar o país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

As declarações trouxeram preocupação a aliados da Ucrânia e à comunidade internacional, que veem os posicionamentos como um potencial enfraquecimento do papel dos EUA em questões globais de segurança.

Trump apela por fim imediato da guerra

Trump fez um apelo direto ao presidente russo, Vladimir Putin, e sugeriu que a Ucrânia está disposta a negociar. “Zelenski e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e acabar com a loucura”, disse Trump no seu perfil no Truth Social.

O republicano evitou confirmar se já conversou com Putin após sua vitória eleitoral, mas garantiu que está trabalhando para pôr fim ao conflito. “”Não quero dizer nada sobre isso, porque não quero fazer nada que possa impedir a negociação”, disse o presidente eleito no programa Meet the Press, da NBC.

Proposta diverge da estratégia atual dos EUA

O apelo por um cessar-fogo imediato contrasta com a abordagem do governo do atual presidente Joe Biden, que prefere evitar pressões para negociações rápidas. O democrata e aliados acreditam que um acordo precipitado poderia favorecer a Rússia, forçando concessões prejudiciais à Ucrânia e permitindo uma possível retomada da guerra no futuro.

Por outro lado, Trump argumenta que é capaz de alcançar soluções rápidas, promovendo negociações diretas e explorando o envolvimento de outras potências, como a China, para mediar o conflito. “”Eu conheço bem Vladimir. Este é o momento de ele agir. A China pode ajudar. O mundo está esperando”, declarou.

Reações da Ucrânia e da Rússia

O presidente Zelenski considerou as discussões, no sábado (7), com Trump construtivas, mas reafirmou que a Ucrânia busca uma paz sólida e duradoura. “Quando falamos sobre uma paz efetiva com a Rússia, devemos falar, antes de tudo, sobre garantias efetivas de paz. Os ucranianos querem a paz mais do que qualquer outra pessoa. A Rússia trouxe a guerra para nossa terra”, afirmou em publicação no Telegram, aplicativo de mensagens.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, por sua vez, reiterou sua disposição para negociações, mas citou a resistência da Ucrânia em dialogar enquanto Putin permanecer no poder. A Rússia já anexou territórios ucranianos, o que complica qualquer tentativa de acordo, considerando as violações à soberania do país.

Otan sob alerta: Trump considera retirada

Durante a entrevista à NBC, Trump voltou a criticar os aliados da Otan, acusando de dependerem excessivamente dos gastos militares dos EUA. Embora reconheça avanços na contribuição financeira de outros países-membros, ele não descartou a possibilidade de retirar os Estados Unidos da aliança militar. A declaração reacendeu os temores de que o republicano possa adotar uma política de isolamento em relação à aliança ocidental.

“Se eles estiverem pagando suas contas e se eu achar que eles estão nos tratando de forma justa, a resposta é absolutamente que eu permaneceria na Otan”, pontuou. 

Impacto Global das declarações

As declarações de Trump destacam uma possível reconfiguração da política externa dos Estados Unidos, com impactos significativos na guerra na Ucrânia e na relação com aliados da Otan.

  • Cessar-fogo na Ucrânia: proposta enfrenta ceticismo, pois pode significar concessões à Rússia
  • Retirada da Otan: poderia enfraquecer a aliança militar e comprometer a segurança europeia diante da expansão russa

Especialistas, como o ex-conselheiro de segurança nacional H. R. McMaster, alertam contra soluções rápidas para o conflito. “O que me preocupa é esse tipo de ideia falha de que Putin pode ser aplacado, que chegará a algum tipo de acordo. Acho que é muito importante que o presidente Trump siga seu instinto nessa questão… paz por meio da força. Que tal dar a eles o que precisam para se defender e depois dizer a Putin: ‘Você vai perder essa guerra?'”, declarou em entrevista à Fox News.

EUA sobre crises globais

As recentes declarações de Donald Trump apontam para mudanças significativas na abordagem dos EUA em relação a crises globais. Enquanto ele busca se posicionar como um negociador hábil e rápido, suas propostas levantam preocupações sobre possíveis impactos na estabilidade internacional e na confiança dos aliados ocidentais.

A guerra na Ucrânia e o futuro da Otan continuam sendo questões centrais para o governo norte-americano, com implicações profundas para a geopolítica mundial.

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