Morre Armando Freitas Filho, ícone da poesia brasileira, aos 84 anos

Armando Freitas Filho, um dos maiores poetas do Brasil, morreu nesta quinta-feira (26) aos 84 anos. Conhecido por sua significativa contribuição à literatura e vencedor de prêmios como Jabuti e Alphonsus de Guimaraens, o autor morreu em sua residência após complicações de saúde. A informação foi confirmada pela editora Companhia das Letras, que publicará em breve Respiro, último livro do autor.

Armando dedicou mais de seis décadas de sua vida à poesia, começando a escrever seus próprios versos aos cinco anos, inspirado pela leitura que seu pai lhe proporcionou através de dicionários e jornais. Em sua trajetória, destaca-se a influência de nomes como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, que se tornaram seus mestres e referências.

Sua estreia oficial foi em 1963 com o livro Palavra, com o qual participou do movimento Instauração Práxis, que se opunha ao concretismo, defendendo a “palavra-energia” em detrimento da “palavra-objeto”. Já nos anos 1970, se envolveu com a poesia marginal, mas optou por não se associar a uma ortodoxia poética, mantendo sua singularidade.

Em 2003, ele publicou sua obra completa em Máquina de escrever e, ao completar 80 anos em 2020, lançou Arremate, onde expressou sua paixão pelas artes visuais e reverenciou poetas e escritores que admirava. Neste livro, ele mencionou sua admiração por Drummond, declarando que ele era Deus, uma bíblia, além de homenagear outros grandes nomes da literatura e das artes. Armando também lançou Só prosa em 2022, onde a poesia se entrelaça com suas experiências e reflexões sobre sua vida e a cidade do Rio de Janeiro.

Armando atuou também como pesquisador e assessor em diversas instituições culturais. Ele era conhecido por apoiar novos poetas e receber jovens escritores em sua casa, oferecendo orientação e incentivo.

Em comunicado no Instagram, a poeta Alice Sant’Anna, editora de Freitas Filho na Companhia das Letras, lamentou a morte: “Armando era um dos maiores poetas brasileiros em atividade. Sua poesia fala sobre o amor, a morte, a casa, o ofício de escrever, o Rio de Janeiro. Seu legado é gigantesco e continua vivo em cada poema seu”.

O poeta deixa sua esposa, dois filhos e netos.

Leia também:

Arquidiocese de Salvador finaliza etapa do processo de beatificação de Madre Vitória

Juventudes pesqueiras e quilombolas se reúnem em Salvador para debater racismo ambiental e mudanças climáticas

Salvador ganha oitava academia pública ao ar livre no Bonfim