Mãe de garota morta após cair em bueiro aponta negligência: ‘Alguém foi culpado por aquilo’

A morte de Amanda Máximo Teles da Silva, de 12 anos, após queda em um bueiro em Dias D’Ávila, não foi uma fatalidade, conforme avaliação da mãe, Leiliane Teles, que falou pela primeira vez sobre o caso neste sábado (7).

“Aquilo não foi uma fatalidade, alguém foi culpado por aquilo ali, e foi uma vida que se foi. Eu poderia ficar calada, no meu cantinho, mas eu quero justiça. Foi negligência do órgão público da cidade, que no caso é a prefeitura, porque o que aconteceu com Amanda poderia acontecer com qualquer criança”, afirmou em entrevista à TV Bahia.

Ainda abalada, ela destacou que Amanda era doce e tímida, mas muito determinada quando tinha um objetivo. “Ela tinha o sonho de ser modelo para mudar a realidade da família”, relembrou. O acidente aconteceu em 27 de novembro, durante as fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana de Salvador (RMS). Amanda caiu no bueiro ao atravessar a Avenida Lauro de Freitas, em frente à escola.

Uma câmera de segurança registrou o momento em que Amanda tropeçou ao lado do bueiro inundado e caiu. As imagens mostram que a visibilidade era reduzida devido ao alagamento, o que impediu a adolescente de perceber o manilhamento aberto.

Esforços nas buscas e desfecho trágico

As buscas por Amanda começaram logo após o acidente. No dia seguinte, a mochila da adolescente foi encontrada a 2 km do local, com a ajuda de cães farejadores. O corpo de Amanda foi localizado 48 horas depois, em 29 de novembro, por equipes do Corpo de Bombeiros, que contaram com cerca de 80 militares e voluntários.

As condições das tubulações, estreitas e profundas, dificultaram os trabalhos. Para alcançar o corpo, foram usadas câmeras avançadas cedidas por uma empresa de engenharia. O sepultamento ocorreu no dia 30 de novembro, em meio à comoção de amigos e familiares.

Reações da prefeitura e Embasa

Em nota, a Prefeitura de Dias D’Ávila informou que está realizando estudos de engenharia para remanejar a tubulação e fechar o buraco. “A gestão municipal tem mando contato com a VLI, proprietária da linha férrea, e com a Embasa, que possui tubulação de esgoto junto à rede pluvial, buscando um esforço conjunto para resolver a situação de maneira definiva. Além disso, um laudo técnico está sendo elaborado pela Prefeitura, e será solicitada uma perícia técnica complementar para garantir que todas as soluções sejam implementadas com precisão e segurança”.

No entanto, o local do acidente ainda estava aberto até o sábado (7). A Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), também citada, disse ter recebido a solicitação para o remanejamento apenas na sexta-feira (6).

Segundo a Embasa, a análise técnica necessária para mudanças no sistema demanda estudos rigorosos. A concessionária ressaltou que as redes de água e esgoto são de grande porte, instaladas em profundidade, e essenciais para a população.

Chuva histórica e outros desastres

O acidente ocorreu em meio ao novembro mais chuvoso de Salvador desde 1961, com 322 mm de chuva registrados entre os dias 1º e 27, quase o triplo da média histórica de 108 mm para o mês. Em Salvador, outras duas pessoas morreram em deslizamentos de terra nos bairros Pernambués e Saramandaia.

Estrutura precária e risco constante

A prefeitura afirmou que o bueiro onde Amanda caiu estava aberto e sem proteção há mais de 30 anos. Com cerca de 700 metros de extensão, a tubulação leva a água ao rio Imbassaí. Especialistas alertam que situações como essa evidenciam a necessidade de melhorias na infraestrutura urbana para evitar novas tragédias.