Delegado da Polícia Civil da Bahia é exonerado após investigação sobre desvio de fuzis

O delegado Nilton Tormes, coordenador técnico do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), foi exonerado do cargo, nesta quarta-feira (26), pela Polícia Civil da Bahia. A ação ocorreu após investigação por suspeita de envolvimento no desvio de fuzis apreendidos em uma operação realizada em julho de 2024. A exoneração foi formalizada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).

A exoneração ocorre em meio a um processo investigativo conduzido pela Corregedoria da Polícia Civil, após denúncia anônima. O delegado, que se manifestou por meio de uma nota oficial, afirmou que recebeu a notícia com surpresa, comprometendo-se a colaborar integralmente com as investigações para esclarecer os fatos.

“Recebi com surpresa o início da investigação, mas sempre respeitei a opção político-institucional. Continuo colaborando ativamente com a investigação, uma vez que não tenho nada a temer. Assim, espero que a apuração revele a regularidade do meu exercício da função pública ao longo de mais de 20 anos na Polícia Civil”, destacou o delegado em nota.

Investigação sobre desvio de fuzis

De acordo com informações, as investigações focam no desvio de pelo menos 14 fuzis apreendidos durante uma operação policial no bairro do Caji, localizado em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A operação tinha como objetivo combater o tráfico de armas e drogas, mas uma denúncia revelou que, embora a equipe policial tenha informado ter apreendido seis fuzis, havia indícios de que pelo menos 20 armas desse tipo estavam no local, além de pistolas e outros materiais ilícitos.

Além das armas, a denúncia também aponta o desaparecimento de joias e grandes quantias que estariam no local da apreensão, elementos que também estão sendo investigados pelas autoridades competentes.

Na ocasião da operação, a polícia apreendeu ainda uma metralhadora, mil munições, coletes balísticos e 10 quilos de pasta base de cocaína, o que gerou ampla cobertura midiática, dada a complexidade e a repercussão da ação.

A Polícia Civil informou que, na última sexta-feira (21), foram cumpridos mandados de busca e apreensão para apurar as acusações contra o delegado, mas detalhes da investigação continuam em sigilo.

Jerônimo Rodrigues comenta caso

De acordo com o governador da Bahia, a polícia precisa ser ética e que o policial investigado deverá ser punido, caso seu envolvimento no caso seja comprovado. De acordo com Jerônimo, o delegado terá direito de se defender das acusações, mas se a Justiça comprovar que houve culpa, ele será punido de forma adequada.

“Ele terá o direito de se defender, tanto no âmbito da entidade quanto no âmbito da Justiça. Estamos falando de uma corregedoria, que eu tenho pedido ao secretário Marcelo Werner, que seja cada vez mais rigorosa. Qualquer profissional que cometer deslize terá que responder, ele pagará pelos danos”, declarou o governador.

Rodrigues, na segunda-feira (24), já havia feito uma troca na cúpula da Segurança Pública da Bahia, mas afirmou que as nomeações foram feitas com base em critérios técnicos e na necessidade de aprimoramento das políticas de combate à violência no estado. “É o gás de novo que precisamos fazer nas polícias e no DPT, tanto na Civil quanto na Militar e nos Bombeiros”, afirmou.