O ator Francisco Cuoco morreu, nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, em São Paulo. Ele estava internado havia cerca de 20 dias no Hospital Albert Einstein e sofria complicações decorrentes da idade. A informação foi confirmada para a mídia por familiares, que optaram por não revelar a causa da morte. Entretanto, ele tratava um ferimento que evoluiu para infecção.

Cuoco deixa três filhos – Tatiana, Rodrigo e Diogo – e netos. Na última década, vinha fazendo aparições pontuais em novelas, encerrando uma trajetória marcada por papéis de galã, protagonistas e grandes atuações na dramaturgia brasileira.

De feirante a ator premiado

Francisco Cuoco nasceu em São Paulo e era filho de Leopoldo, um feirante imigrante italiano, e da dona de casa, Antonieta. Cresceu no bairro do Brás e, ainda na infância, demonstrou interesse pela atuação ao assistir às apresentações de circos mambembes que se instalavam perto de sua casa. Na juventude, conciliava o trabalho na feira com os estudos e chegou a cogitar seguir carreira no advogado.

Em vez disso, optou por cursar a Escola de Arte Dramática de São Paulo, onde estudou por quatro anos. Ingressou no grupo de atores Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e no Teatro dos Sete, dois grupos que marcaram época. Nos palcos, foi premiado em 1964 pela APCA como melhor ator coadjuvante pela peça Boeing-Boeing.

Estreia na TV e destaque em novelas da Globo

Cuoco iniciou sua carreira televisiva no Grande Teatro Tupi, na extinta TV Tupi, e acumulou papéis em novelas como Marcados Pelo Amor (1964), Redenção (1966) e Legião dos Esquecidos (1968). Em 1970, estreou na TV Globo em Assim na Terra Como no Céu, iniciando uma longa relação com a emissora.

Entre os personagens mais marcantes, destacam-se Carlão, o taxista de Pecado Capital (1975), e Herculano Quintanilha, de O Astro (1977), ambos considerados ícones da teledramaturgia. Cuoco também participou de Selva de Pedra (1972), O Sétimo Sentido (1982), Feijão Maravilha (1979), O Outro (1987) e O Salvador da Pátria (1989).

Na década de 1990, protagonizou o remake de Pecado Capital, em que teve um desentendimento com a atriz Carolina Ferraz. Posteriormente, os dois voltaram a contracenar no remake de O Astro (2011), onde retomaram a parceria de forma cordial.

Participações recentes e últimos trabalhos

Nos anos 2000 e 2010, Cuoco continuou ativo na televisão, ainda que em papéis menores. Esteve em Cobras & Lagartos (2008), Passione (2010), Sol Nascente (2016), além de participações em Salve-se Quem Puder (2020) e No Corre (2023), sua última aparição nas telas.

Cinema e teatro na vida do ator

Apesar do sonho de infância de atuar no cinema, Cuoco teve participações pontuais nas telonas. Atuou em Grande Sertão (1968), Traição (1998), Gêmeas (1999), Cafundó (2005), com Lázaro Ramos, e em produções com Renato Aragão, como Um Anjo Trapalhão (2000) e Didi – O Caçador de Tesouros (2006). No teatro, seu último trabalho foi no espetáculo Real Beleza (2015).

Vida pessoal, relações e momentos delicados

Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão entre 1960 e 1964, e depois com Gina Rodrigues, mãe de seus três filhos, de 1966 a 1984. Em 2014, se envolveu com a estilista Thaís Almeida, 53 anos mais jovem, relação que durou até 2017.

Durante a pandemia de Covid-19, o ator ficou recluso e foi diagnosticado com depressão. Em entrevista ao programa Conversa com Bial, em 2021, revelou que o apoio dos filhos foi essencial para superar o quadro. “Devagarinho, com ajuda dos filhos, eu fui me recuperando”, contou ao apresentador Pedro Bial.

Em 2019, Cuoco também enfrentou um processo de reconhecimento de paternidade movido pelo modelo Anthony Junior. O teste de DNA deu negativo, e tanto ele quanto a mãe do rapaz negaram a relação.