Lula prevê economia crescendo acima de 3% e cobra programa para saneamento básico no Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou, nesta terça-feira (26), a expectativa de crescimento da economia brasileira acima de 3% neste ano. Durante a abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), em Brasília, Lula citou a inflação controlada e o aumento da massa salarial como fatores que sustentam sua projeção.

“Estamos vivendo uma situação boa com a inflação controlada, com a economia crescendo acima das previsões”, afirmou o presidente. Ele lembrou que previsões iniciais apontavam para um crescimento bem menor: “Vocês lembram dos especialistas na televisão: ‘A economia vai crescer só 0,8%’. Cresceu 3%. ‘A economia vai crescer 1%.’ Vai crescer 3% ou um pouco mais de 3%.”

Segundo Lula, há avanços em diversas frentes econômicas: “O mundo desenvolvido não é aquele em que poucos têm muito dinheiro e muitos não têm nada. É aquele em que muitos têm pelo menos um pouco”, disse.

Programa de construção de banheiros

Ainda durante o evento, Lula pediu ao ministro das Cidades, Jader Filho, que desenvolva um programa nacional de construção de banheiros, direcionado à população que ainda vive sem saneamento básico adequado. O presidente destacou a importância da medida, referindo-se a ela como “decência e respeito”.

“Eu morei em uma casa em que moravam 27 pessoas. Era uma casa que tinha um banheiro só, não tinha descarga, não tinha chuveiro Eu sei o que é uma pessoa ter um banheiro, banheiro é a coisa mais simples. E como pode ter 4 milhões de pessoas sem banheiro? Eu falei para o Jader Filho, ministro das Cidades: pode preparar um programa, porque nós vamos fazer os banheiros que as pessoas precisam”, afirmou.

Lula antecipou possíveis críticas sobre o orçamento e rebateu: “Depois, não venha a Fazenda dizer: ‘Isso é gasto’. Não é gasto, é decência, é respeito. Eu vi na televisão as pessoas indo para o mato, sem lugar para tomar banho”. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, estava na plateia.

Reformulação no Minha Casa, Minha Vida

O presidente também comentou sobre projetos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Ele mencionou a necessidade de ajustes em um projeto de 3 mil moradias em um estado não especificado. “Não é possível fazer 3 mil casas sem acesso à cultura. Isso vira uma balbúrdia. Temos que chamar os empresários, a Caixa, o governador e rediscutir o projeto para fazer algo decente”, declarou.

Lula destacou o papel do setor privado no sucesso do programa habitacional e afirmou que o governo pode ser o indutor, “mas o construtor é quem sabe construir. Se não fosse a compreensão empresarial, não teríamos o sucesso do Minha Casa, Minha Vida”. Ele também garantiu que não faltará crédito para construção de habitações no país.

Burocracia e denuncismo

Lula criticou o excesso de burocracia e o que chamou de “denuncismo” no Brasil, apontando obstáculos para a execução de projetos, tanto no governo quanto no setor empresarial.

“É um verdadeiro inferno fazer as coisas andarem. Tem toda uma burocracia para vencer barreiras, fazer canteiro e obter licenciamento”, disse.

Segundo ele, a competitividade em licitações também é afetada por denúncias: “O primeiro empresário que entra com processo em uma licitação é sempre o que perdeu”, concluiu.