Vixe! A tensa dança das cadeiras na Câmara. Cacá sacrifica o PP pela base de Bruno. A habilidade de Muniz. As nuances do Podemos e a política de Jerônimo em Salvador

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Por Osvaldo Lyra e equipe
10/04/2024 às 10h07
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Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

A dança das cadeiras na Câmara 

O prazo para mudança partidária terminou no último sábado e, até os 45 minutos do segundo tempo, o clima foi de tensão na base do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Com a janela criada pela legislação eleitoral, 14 dos 43 vereadores que integram a Câmara de Salvador mudaram de partido. Como resultado da dança de cadeiras, o União Brasil permaneceu como a maior bancada na Casa, com seis integrantes (Cátia Rodrigues, Claudio Tinoco, Duda Sanches, Kiki Bispo, Marcelle Moraes e Paulo Magalhães Júnior). O vereador Alberto Braga voltou para a suplência, assim como Orlando Palhinha, ambos no UB. 

Plenário Cosme de Farias

Petistas e tucanos mantidos 

O PT e o PSDB também mantiveram seus quatro vereadores: os petistas Arnando Lessa, Marta Rodrigues, Luiz Carlos Suíca e Tiago Ferreira, e os tucanos Carlos Muniz, Cris Correia, Daniel Alves e Téo Senna. O PCdoB também permaneceu com dois vereadores, Augusto Vasconcelos e Hélio Ferreira, assim como o PL, com Alexandre Aleluia e Isnard Araújo. Alguns partidos se mantiveram com um representante no Legislativo soteropolitano. O PV continuou com André Fraga; o PSD, com Edvaldo Brito; o PSOL, com Laina Crisóstomo; e o PSB, com Sílvio Humberto. 

Marta Rodrigues

A força da Iurd 

O Republicanos tinha quatro vereadores, mas com a saída de Alberto Braga, ganhou a filiação de outros dois parlamentares, Alfredo Mangueira e Leandro Guerrilha, que passaram a engrossar as fileiras do partidos ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que manteve os vereadores Luiz Carlos Souza, Ireuda Silva e Júlio Santos. Entre os mais otimistas, inclusive, a expectativa que a sigla eleja quatro vereadores no próximo pleito. 

Luiz Carlos Souza

Jogo de cintura 

Quem acompanhou as movimentações do último final de semana viu de perto o jogo de cintura do presidente municipal do PP, Cacá Leão, que teve que se redobrar para ajudar na formação dos partidos aliados do prefeito Bruno Reis, sacrificado até mesmo a formação do seu partido. Dos seis vereadores progressistas, três mudaram de sigla (Leandro Guerrilha, Roberta Caires e Sabá). Com a entrada do vereador George Gordinho da Favela, o PP passa a contar agora com quatro vereadores, com Maurício Trindade, Sandro Bahiense e Sidninho. Há quem diga, também, que a linha de corte tenha ficado altíssima para os progressistas. 

Cacá Leão

A estratégia do PDT

O PDT, que quer eleger quatro vereadores em outubro, perdeu Randerson Leal para o Podemos, mas ganhou Débora Santana e Roberta Caires, além de ter mantido Anderson Ninho. Nas contas do presidente estadual da sigla, Félix Mendonça Júnior, os cinco primeiros do PDT serão beneficiados, pois dos eleitos um deverá ser indicado pela sigla para ocupar um cargo no Executivo, caso se confirme a reeleição do prefeito Bruno Reis. 

Félix Mendonça Júnior

Novatos fortalecidos 

Na queda de braço, capitaneada pelo prefeito Bruno Reis e seus apoiadores, três partidos que não tinham representação na Câmara, passaram a ter. O PMB segue com o vereador Átila do Congo (ex-Patriota). O DC, comandado na Bahia pelo experiente secretário Igor Dominguez, passou a ter quatro vereadores com mandato: Toinho Carolino, Marcelo Maia, Sabá e Ricardo Almeida, que deverá ser um dos mais votados do próximo pleito. Outro novato, o PRD, que surgiu a partir da junção do Patriota e do PTB, passou a ter dois vereadores: Dr. José Antônio e Fábio Souza.

Igor Dominguez

A aposta do PSDB 

Apontada como candidata única da Igreja Assembléia de Deus, a candidata Tia Jove é uma das principais apostas do PSDB. Até o último minuto, partidos como o Republicanos tentaram levar a novata, mas não conseguiram viabilizar a troca partidária. Ponto para o presidente da  Câmara de Salvador, Carlos Muniz, que se articulou e conseguiu garantir a permanência da candidata no ninho tucano. A aposta é que ela seja uma das mais votadas do partido.

Tia Jove

A conta que não fecha

Se for levada em consideração a projeção otimista de todos os partidos para a próxima eleição em Salvador, a Câmara de Vereadores teria que ter, no mínimo, 86 vagas e não as 43 existentes hoje. Nas contas dos caciques das siglas, as projeções são sempre jogadas para cima. No União Brasil, por exemplo, o planejamento prevê a eleição de oito vereadores, com possibilidade de chegar a nove, a depender do desempenho dos candidatos e do voto de legenda. A estimativa é feita pelo presidente municipal do partido, o deputado Luciano Simões Filho.

Luciano Simões Filho

Nomes novos na disputa 

Até então filiado ao DC, quem pode surgir como uma aposta no Republicanos é o candidato Osmar Santos, conhecido como Mala. Na última eleição, ele teve quase 4 mil votos. Outro nome que pode surgir bem posicionando na disputa pela Câmara de Salvador é Rodrigo Amaral, conhecido no meio político como Horroroso, uma das apostas do PSDB, que pode surpreender no número de votos. 

Mala e Horroroso

E o MDB elege quantos? 

Já o MDB permaneceu com um vereador, com a entrada de Joceval Rodrigues (ex-Cidadania) e a saída de Alfredo Mangueira. Os mais otimistas dizem que o partido dos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima consiga eleger três vereadores. No entanto, para isso se confirmar, dependerá da atuação do candidato a prefeito Geraldo Júnior. Entre as postas em emedebistas está o ex-deputado David Rios, que possui base sólida em Salvador. 

David Rios

Geraldo e os partidos da base 

Na base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o clima no processo de montagem dos partidos foi diferente do ocorrido entre os aliados de Bruno Reis. A montagem das siglas ficou a cargo de cada direção partidária e de quem comanda a Federação PT, PCdoB e PV. A informação é que Geraldinho não se envolveu diretamente no processo, apesar de ter feito algumas reuniões e ter participado de encontros com possíveis candidatos, como Solidariedade, PSB e da Federação. 

Geraldo Jr

Relação com lideranças comunitárias 

Diferente do que acontece com a base do prefeito em Salvador, que tem um verdadeiro exército de lideranças comunitárias responsáveis pela atração e multiplicação dos votos, a base de Jerônimo não alimenta essa relação direta com as bases. A política do governo na capital é diferente. Enquanto a dor de cabeça de Bruno é arrumar de forma harmônica todo mundo que ele tem, na de Geraldo você tem um grande número de partidos, mas não tem essa mesma quantidade de multiplicadores, nem a mesma capilaridade na cidade. 

Jerônimo Rodrigues

Podemos fortalecido

Ainda na base do Governo do Estado, um dos partidos mais fortes para a eleição deste ano é o Podemos, fruto da fusão com o PSC. Capitaneado na Bahia pelo deputado federal Bacelar, a sigla conta ainda com o suporte dos cristãos Heber e Eliel Santana, que também possuem base forte em Salvador e são experts na montagem do partido, isso eleição após eleição. 

Heber Santana

A ofensiva de Bruno 

A informação que circulou nos últimos dias, inclusive, é que o prefeito Bruno Reis teria feito uma "super ofensiva", indo "pra cima" dos possíveis candidatos da sigla adversária, cooptando e enfraquecendo os antigos aliados. Pelo visto, não conseguiu. Os dirigentes do Podemos aproveitaram pra lançar "iscas" para atrapalhá-los. A informação extraoficial é que no cenário mais realista, elegem dois, podendo chegar a até três vereadores em outubro.  

Bruno Reis

Apostas do Podemos 

Entre as apostas do partido estão João Cláudio Bacelar, filho do deputado Bacelar, e o ex-deputado Eliel Santana, caso ele confirme realmente a candidatura à Câmara de Salvador. Se eventualmente decidir não entrar na disputa, seu filho Heber deve apresentar outro nome competitivo, que garanta a representação dos cristãos no legislativo soteropolitano. E, correndo por fora, tem ainda o vereador Randerson Leal, que deixou o PDT para ingressar na sigla e deve brigar por uma das vagas no Legislativo.

João Cláudio Bacelar