Psicólogos dão dicas para lidar com sentimentos de tristeza no fim do ano

Conforme Sergio Manzione, uma das iniciativas importantes é traçar planos, metas e objetivos factíveis

Por Bruno Brito
29/12/2023 às 08h00
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Foto: Stockphotos
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O período de final do ano proporciona sentimentos mistos. Nesta época, é comum que muitas pessoas estabeleçam novas metas, mesmo sem alcançar objetivos antigos. Diante deste quadro, que pode desencadear sentimentos de tristeza ou angústia, psicólogos dão dicas para lidar melhor com a pressão do fim do ano e com essas sensações desagradáveis, para que elas não se repitam. 

Conforme o psicólogo Sérgio Manzione, uma das iniciativas importantes é traçar planos, metas e objetivos factíveis, como forma de evitar possíveis frustrações por não alcançá-las. "Uma das coisas iniciais é diminuir as suas expectativas. Ir com calma. Você não precisa correr 100 km, corra um metro, aí não deu, ande um centímetro. O importante é não ficar parado", enfatizou.

Outro aspecto importante cittado pelo especialista é a necessidade de não se "viver em função de agradar os outros", sobretudo nas redes sociais. Conforme Manzione, é importante que as pessoas se coloquem em primeiro lugar.

"Isso não é egoísmo, isso é protagonismo. Então, se coloque em primeiro lugar, você vai ser a pessoa que vai olhar para você de forma carinhosa, você vai olhar pra você de forma amistosa, ou seja, você vai ser seu amigo, você vai ser sua amiga". De acordo com ele, ao se priorizar, será possível obter "satisfação". 

O psicólogo também destacou que não se prender a problemas é uma iniciativa necessária, como forma de amenizar eventuais consequências. Segundo ele, é necessário que o foco esteja na "solução". 

"Não adianta você ficar preso aos problemas, o problema você identifica, e a partir deste momento que identificou o problema, você parte para a busca da solução. Onde está a solução? É possível resolver esse problema? Como eu resolvo isso? De que forma? Antigamente, se dizia que o que não tem remédio, remediado está. Ou seja, se não tem solução, a solução já está dada, ou seja, não tem o que fazer", explicou. 

Neste ponto, Manzione ressaltou que a medida necessária está em "amenizar as consequências", como pedir desculpas a uma pessoa "que você fez mal de alguma forma, pedir perdão, reparar esse mal. E é importante também, a gente se perdoar". 

Essa avaliação ocorre porque "todos nós cometemos [erros]". "Você pode errar, pode fazer bobagem, pode não ser aceito mesmo por um grupo, mas isso não quer dizer que outros grupos não lhe aceitem. Você pode ser desprezado por uma pessoa, você pode ter uma esposa, por exemplo, que prefere trocar todo o bem-estar dela, trocar tudo por uma aventura de liberdade. Pode acontecer tudo isso, mas existem oito bilhões de pessoas. Então se você não encontra felicidade em um ponto, tenha certeza que essa felicidade, essa alegria, essa satisfação, essa completude, ela está em outro ponto. Se você não vê saída, você está olhando para o lugar errado", pontuou Manzione.

Suicídio não é saída; procure ajuda

O especialista também reforçou a mensagem de que o "suicídio não é saída" para lidar com eventuais sentimentos negativos. Ele enfatizou que existem profissionais para ajudar essas pessoas.

"Se você tiver algum tipo de religião, qualquer religião condena isso. Só para dar o exemplo de algo transcendental, mas a gente tem que pensar nisso. Se você elimina a sua vida, se você quer se livrar de um problema, não é se matando, porque as pessoas não se matam para tirar a vida, mas para se livrar de um sofrimento. Para se livrar de sofrimento, você tem profissionais [que podem ajudar]. Você tem acompanhamento, você tem saídas, você tem pessoas especializadas que podem lhe dar esse caminho", apontou. 

Ainda segundo o especialista, isso pode não ser resultado apenas das pressões características do final de ano, mas também da ansiedade que aflora nesta época. "Você começa a se comparar, e vai comparar sempre com coisas que estão na rede e vai se sentir frustrado. Então, repetindo, estipule metas que são factíveis, que você pode cumprir. Isso para evitar que você não entre em uma onda de desânimo".

Quem também listou dicas para evitar esse cenário foi a professora do curso de Psicologia da Universidade Salvador (Unifacs), integrante do Ecossistema Ânima, Nayara Barreto. Segundo ela, as técnicas de combate à ansiedade podem incluir a incorporação de atividades prazerosas à rotina diária e reservar momentos dedicados ao descanso físico, visando uma absorção mais eficaz dos sentimentos. 

"Lembrando sempre que nenhuma dessas dicas substituem o acompanhamento profissional. Além disso, em situações de crise no final de ano, os serviços de emergência psiquiátrica estão sempre à disposição", ressaltou a especialista. 

Se precisar de ajuda, o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta um serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

O contato pode ser feito através do telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos mais de 120 postos de atendimento) ou pelo site, por chat e e-mail. Em Salvador, o contato presencial pode ser feito na unidade localizada na Rua do Bângala, Nº. 47/99 Nazaré, com atendimento em regime de plantão 24h. 

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