Cigarros eletrônicos não são inofensivos. Saiba os riscos associados à nova moda entre os jovens

Especialista explica que uso pode causar consequências graves para pulmões e boca

Por Tiago Lemos e Bernardo Rêgo
07/01/2022 às 15h55
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Foto: Reprodução
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O cigarro eletrônico virou moda no Brasil e tem preocupado especialistas por causa dos problemas que o uso desses vaporizadores pode resultar. Um deles é a Evali, doença definida pelo pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro, diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), como "uma inflamação aguda que pode causar consequências graves, como a pessoa ter que ser internada, intubada e até falecer em decorrência disso".

A doença ganhou o nome de Evali, em 2019, por causa da sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury). Inicialmente, parece um quadro gripal. O paciente pode desenvolver tosse, falta de ar e dor no peito, além de dor na barriga, vômito, diarreia, febre, calafrios e perda de peso. 

Essa inflamação pulmonar relacionada à Evali está diretamente associada ao uso dos vapers, como são conhecidos os cigarros eletrônicos, e pode aparecer também na boca das pessoas doentes, causando sequelas na cavidade bucal.

A dentista Mara Souza ainda lembra que os vaporizadores tem aumentado, por exemplo, as lesões de herpes, além de ocasionar queimaduras. A especialista alerta que, apesar de "serem mais aceitos no meio social, os cigarros eletrônicos são proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa]". 

O pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro pontua que não existe tempo seguro para fazer uso dos vaporizadores. "As pessoas podem desenvolver uma reação de hipersensibilidade que pode ocorrer a curto, a médio e a longo prazo, então não tem um tempo seguro do uso do cigarro eletrônico e dos vaporizadores. As pessoas podem ter consequências como a doença de Evali", contou. 

A dentista Mara Souza alerta para os riscos dos vaporizadores

Consequências

O especialista alerta que trata-se de uma "inflamação causada pela combustão da inalação da fumaça que é extremamente quente, levando a danos pulmonares e alterações estruturais". Recentemente, o cantor sertanejo Zé Neto apresentou mancha com aspecto de vidro fosco nos pulmões por causa do uso dos vaporizadores.

Apesar de não ser mais perigoso que o cigarro tradicional, os vapers tem inúmeras doenças associadas ao seu uso, tais como "as infectocontagiosas, a tosse crônica, dispneias, neoplasias, tumores malignos, em virtude das inúmeras suubstancias liberadas. Doenças crônicas, como bronquite, podem ser agravadas, asmas também".

Em relação à nicotina, não dá para calcular a quantidade da substância presente no vaporizador, mas é grande. "Esses cigarros são contrabandeados e eles colocam bastante nicotina para criar uma enorme dependência, usam nitrosamina, usam sabores de chocolate, hortelã, que tornam esses vaporizadores mais atrativos para os jovens".