Vixe!! Wagner pode abrir espaço para Otto se lançar ao governo. Cenário prejudica ACM Neto? E o racha do PSOL na Bahia

Todas às quartas, temos novidades da política, do empresariado e da cultura para que você entenda melhor "como a roda gira" nos bastidores

Por Osvaldo Lyra e equipe
04/08/2021 às 07h32
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Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro
Wagner pode abrir espaço para Otto se lançar ao governo
 
Uma informação passou a circular nos bastidores nos últimos dias e, se confirmada, pode modificar o cenário eleitoral da Bahia em 2022. Fontes da Coluna Vixe informaram que o ex-presidente Lula já teria começado a admitir a possibilidade de o senador Jaques Wagner não ser o candidato à sucessão do governador Rui Costa. O nome escolhido do grupo seria o do senador Otto Alencar, presidente do PSD no estado. Quem circulou em Brasília na última semana disse que o próprio Lula já teria sinalizado isso. Além de investigações que poderiam atingir Wagner no próximo ano, pesaria o discurso do PT de ganhar Rui como mais um senador petista pela Bahia. 
 

A dúvida sobre o vice
 
Além disso, essa estratégia de lançar Otto ao governo do Estado resolveria outro problema da base do governo. O governador Rui Costa renunciaria ao mandato em abril de 2022, para disputar o Senado, abrindo espaço para o atual vice João Leão se tornar governador tampão por oito meses, como querem os integrantes da cúpula do Partido Progressistas. Nessa conjectura, a dúvida seria identificar quem ficaria com a vaga de vice, se um nome do PP ou da ala mais ideológica do PT, para garantir o engajamento da militância petista à chapa encabeçada pelo PSD.
 

A situação se complicaria para ACM Neto?
 
Esse cenário pode parecer estranho para muitas pessoas nesse momento, mas abre um cenário de preocupação no núcleo de campanha do presidente nacional do Democratas, ACM Neto, que poderia ter dificuldades no enfrentamento com o senador Otto Alencar. Explico: A política da Bahia se forjou nos últimos anos através do enfrentamento direto entre o DEM (e o ex-PFL) e o PT. O nome de Otto poderia atrair atores da política que hoje apoiam Neto, por exemplo, além de aglutinar os apoiadores das esquerdas e do PT. Há quem diga, inclusive, que num cenário com Otto candidato ao governo e com Rui ao Senado, a disputa pudesse ser definida já no primeiro turno.
 

Rui não preparou o substituto 
 
Já na outra ponta do jogo político, mais especificamente na oposição ao PT, o que se fala é que caso Otto se torne o candidato do grupo governista "não será meramente por uma escolha, mas por falta de opção". O governador Rui Costa não se preocupou em formar uma liderança política para sucedê-lo, como Wagner fez com ele. Um democrata de alto coturno disse ontem que essa conjectura pode acontecer, mas que hoje, eleitoralmente, Otto não pontua nem com dois dígitos. Fica entre 3% e 6 % nas pesquisas de intenção de voto. Natural de Ruy Barbosa, o senador do PSD tem respaldo político, desenvoltura, mas isso não se reflete em voto. Tudo depende da vontade do eleitor, do cidadão. 
 
 
 
 
Roma evita falar de candidatura, mas se movimenta 
 
Na última semana demos na coluna Vixe que a candidatura do ministro da Cidadania, João Roma, do Republicanos, ao governo estadual, era uma incógnita, mas agora esse cenário deu indicativos de que pode mudar. Diante da necessidade de o presidente Bolsonaro ter palanque na Bahia, Roma passou a intensificar as conversas e movimentações na capital e no interior. Questionado, ele tem evitado falar abertamente sobre o assunto. Diz que o foco tem que ser o fortalecimento das ações do governo federal no estado e que na hora certa o jogo estará configurado e ele se pronunciará. "Ninguém é candidato de si mesmo", enfatizou, ao admitir conversas com Bolsonaro sobre o assunto. 
 
PT não 
 
Há quem diga, inclusive, que o nome dele na disputa pode fortalecer o projeto do prefeito ACM Neto, sobretudo, num eventual segundo turno. Isso porque, os apoiadores do presidente Bolsonaro jamais votarão nos quadros do PT. 
 
 
 
A fase delicada de Neto
 
Lideranças da oposição ouvidas ontem pela coluna deram um indicativo de que o ex-prefeito ACM Neto estaria encontrando dificuldades nessa fase de pré-campanha. Além de acumular desavenças no cenário nacional, o democrata estaria escanteando antigos aliados, como o ex-deputado estadual Pablo Barroso, que perdeu a última eleição e acabou ficando sem cargo na prefeitura. 
 
Banda C
 
O ex-prefeito estaria com dificuldade de dialogar com lideranças de algumas cidades das bandas A e B. Em muitos locais só tem a chamada banda C, que não tem tanta expressividade assim e não é boa de votos. Com a máquina na mão e um governo bem azeitado, Rui conta com o apoio dos 110 prefeitos do PSD e 110 prefeitos do PP, além de muitos atores das bandas A e B.
 
Briga em Itabuna 
 
Para ilustrar um exemplo das dificuldades locais, a coluna Vixe recebeu a informação de que a ex-presidente do Democratas de Itabuna, Maria Alice Pereira, teceu duras críticas ao presidente nacional do partido, ACM Neto, a quem chamou de "prepotente". A um site local, ela avaliou também os nomes já apresentados na região para as eleições do ano que vem e disse impropérios do pré-candidato do DEM. 
 
 

Desavença com Bruno
 
Um episódio colocou em rota de choque nos últimos dias o prefeito de Salvador, Bruno Reis, e seu antecessor, ACM Neto. Ex-prefeito de Amargosa, Rosalvinho Sales é apoiador declarado do ministro João Roma e trabalha na prefeitura da capital desde a gestão passada. No entanto, segundo informação chegada à coluna Vixe, Neto teria exigido a exoneração do ex-aliado por ter debandado para o lado de Roma. Mesmo com os pedidos do padrinho político, Bruno ignorou a exigência e manteve Rosalvinho nos quadros da prefeitura. 
 
 

Indefinição no PSDB
 
A possibilidade de o governador de São Paulo, João Doria, vencer as prévias do PSDB em novembro acendeu a luz amarela no tucanato da Bahia. Pelo desenho atual, o prefeito de Mata de São João, João Gualberto, caminha para ser indicado na vaga de vice de ACM Neto. No entanto, com Doria candidato ao Planalto, o comando do partido nacionalmente pode exigir que o PSDB local lance um candidato ao governo ou vete a aliança com o presidente nacional do DEM, já que recentemente Neto e Doria trocaram farpas publicamente. E o detalhe, o João Gualberto não se bate com o João Doria. Em breve, cenas dos próximos capítulos.
 
 

Errou, caiu, agora é aprender e seguir.
 
O episódio da queda do ex-secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, mostrou as várias faces da política, num mundo hoje totalmente conectado às redes sociais. Com uma gestão bem avaliada e apontada como revolucionária na estruturação e interiorização da saúde pública na Bahia, o então secretário extrapolou todos os limites ao ofender a chef de cozinha Angeluci Figueredo, chamando-a de "vagabunda" e causando uma verdadeira comoção devido à agressão, já que Angeluci é uma profissional séria, qualificada e das mais respeitadas e queridas dentro e fora da Bahia. Com o erro, a queda. Com a queda, que fique a lição. Ninguém tem o direito de ofender nem desrespeitar o outro. E, como visto ontem nos inúmeros comentários em suas redes sociais, que Fábio aprenda com o erro. A dúvida agora é se o tempo, ao passar, apagará essa mácula e ele, que teve uma condução exemplar ao longo da pandemia, poderá alçar novos voos na política, ou se estará liquidado politicamente. A conferir. 
 
 
 

O racha no PSOL 
 
Informações chegadas à coluna Vixe deram conta nos últimos dias de que o deputado estadual Hilton Coelho e o ex-vereador Marcos Mendes estariam perdendo espaço no PSOL da Bahia. Segundo um interlocutor do partido, Hilton e Marcos vão perder o comando da sigla para a turma que apoia a candidatura nacional de Guilherme Boulos - aqui na Bahia a ala chamada 'PSOL Independente' é liderada pelo professor e sindicalista Franklin Oliveira, que por sua vez, conta com o apoio do deputado Jacó, do PT.
 
Radicais perdendo força 
 
Segundo o boca nervosa, Franklin pretende tomar o partido do eterno candidato Fábio Nogueira, atual presidente da legenda no estado. Para isso, ele vai contar com o apoio do diretório nacional da legenda. "O Boulos, o Ivan Valente e a Erundina, juntos, serão 70% do PSOL nacional", prevê o filiado, que pediu anonimato e projetou ainda que nacionalmente o grupo de Glauber Braga e Luciana Genro tem perdido força e, com isso, enfraquecido os filiados mais radicais, que são ligados a esse grupo no estado. 
 

Perdendo hegemonia 
 
"O MES [Movimento Esquerda Radical], que é o grupo da Luciana Genro e do Glauber Braga, e a APS [Ação Popular Socialista], que é do Hilton, estão perdendo a hegemonia do discurso partidário. No Congresso Nacional, que termina em setembro, Boulos+Valente+Erundina, do grupo Revolução Solidária, tendem a consolidar uma maioria mais equilibrada, sem radicalismo e sectarismo, dentro do partido", projetou o interlocutor. 
 

A onda vermelha 
 
Segundo esse mesmo interlocutor, inclusive, a ideia de Franklin, Jacó e do grupo de Boulos é transformar o PSOL numa linha auxiliar ao PT - isso já vem ocorrendo em São Paulo. "Esse grupo quer reconfigurar o PSOL e sua imagem passando a ser um partido de esquerda, conectado com as minorias, com as identidades (LGBTQIA+, mulheres e negros), mas que é mais moderado, menos virulento no discurso público. E isso aproxima o novo PSOL do PT? "Aproxima. Mas de forma crítica. Estamos chamando isso de PSOL POPULAR, que é nome da tese desse grupo ao Congresso", avaliou o interlocutor. 
 
Fogo amigo
 
Outro detalhe que o boca nervosa deixou escapar foi o racha entre Fábio Nogueira e Franklin. "Eles eram do mesmo grupo, inclusive Franklin fez a campanha de Fábio para vereador. Eram unha e carne", disse. A avaliação de dirigentes do PSOL, esse é um movimento de vingança de Franklin/Jacó contra Fábio Nogueira e o deputado petista Valmir Assunção. Esse último rompeu recentemente com o deputado estadual, de quem era aliado prioritário.