Ademir Ismerim reconhece que não há como provar fraude na urna eletrônica

Advogado especializado em Direito Eleitoral atesta a situação, mas diz que discussão proposta por Bolsonaro está "confusa" 

Por Jones Araújo e Osvaldo Lyra
30/07/2021 às 20h00
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Foto: Divulgação
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia prometido apresentar, nesta semana, evidências de fraudes em eleições passadas, mas acabou admitindo, na sua live semanal de quinta-feira (29), que "não tem como comprovar que as eleições foram ou não fraudadas". Para o advogado especialializado em Direito Eleitoral, Ademir Ismerim, a discussão que Bolsonaro tenta propor está "confusa".

Ismerim reconhece que realmente não há como provar a existência de fraude nas urnas eletrônica, mas afirma que a tendência é que o país não passe por uma situação de suspeita sobre as eleições.

"Fraude na eleição, na urna eletrônica, não tem como provar. O sistema é fechado e incapaz de se conseguir provar fraude. Ele [Bolsonaro] está querendo um mecanismo para poder saber se o resultado da urna é aquele mesmo. A posição de Bolsonaro foi demonizada, todo mundo acha que é um absurdo, mas a tendência - pelo menos o que a gente imagina - é que não passe por qualquer situação dessa", afirma.

Na live de quinta-feira, o presidente mostrou vídeos que circularam pelo WhatsApp e pela internet como indícios de fraude eleitoral nas eleições de 2014 e de 2018. A suposta fraude já foi desmentida em diversas oportunidades.

Em alguns vídeos, eleitores alegaram que votaram no número 17 e o candidato não aparecia na urna eletrônica. Em outro vídeo, um suposto desenvolvedor de sistemas identificado como Jeferson mostra uma possível alteração do código-fonte da urna. Para provar a fraude, o desenvolvedor faz os testes em um simulador, não na própria urna eletrônica.