Ocupantes de terreno em Canabrava reclamam de abordagem policial

Denunciantes disseram que sete viaturas estiveram no terreno particular

Por Jones Araújo
17/01/2021 às 19h13
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Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Representantes do Movimento Nacional de Luta por Moradia que ocupa, desde sábado (16), um terreno baldio localizado na Rua Artêmio Castro Valente, ao lado do Colégio Papillon Nobre, em Canabrava, denunciou a abordagem policial no local. Conforme denúncia, um policial chegou ameaçar usar balas de borracha.  

Conforme a fonte que não quis se identificar, a abordagem foi realizada por sete viaturas, liderada pela comandante da 1ª CIPM, major Gilmara Oliveira Coutinho e o capitão que, de acordo com a informação, se chama "Cedraz".  

Ainda conforme a denúncia, só nos dois dias de ocupação ocorreram três abordagens diferentes, contando com a da polícia. A líder informa que um segurança da empresa RMTS se apresentou e que antes da PM, um rapaz informando representar o dono do local, quis propor um acordo financeiro entre os líderes do movimento, mas, segundo a fonte, a saída das pessoas será feita só após manifestação do Ministério Público. 

"Uma hora falam que o terreno é de André Guimarães, outra do Assaí Atacadista. Um rapaz veio aqui afirmando representar o dono do terreno. Ele disse que queria conversar com os líderes para ver se conseguia resolver amigavelmente [de forma financeira] e que não ia esperar mais 24h. Não tem porque comprar a gente, não estamos a venda, estamos aqui porque precisamos, não temos condições e o terreno está vazio", afirmou a representante do grupo à reportagem do Portal M!.

O grupo é formado por 80 pais e mães de família que de alguma forma ficaram sem moradia durante a pandemia do coronavírus. Neste domingo (17), segundo dia de ocupação, eles informam que foram surpreendidos com a abordagem da polícia no local, solicitando que fossem retirados. 

"A gente está fazendo uma ocupação de um terreno que está vazio. Somos pais e mães de família sem moradia, não temos como nos manter. Chegaram aqui sete viaturas e disseram que era pra sair e poderia retornar", afirma uma das líderes do movimento que não quis se identificar.

"Teve um policial que foi um pouco grosseiro e disse entre eles que a nossa sorte era que não tinham arma com bala de borracha", conforme ela, a afirmação deu a entender que se o PM estivesse com esta arma utilizaria no momento. "Em seguida o capitão chegou e conversou e disse que era para sair porque era uma área privada", relata. 

crédito: arquivo pessoal

"Eu entendo que quando se fala em Segurança Pública, é pública. Se é uma área privada, não teria porque a polícia vim e fazer essa abordagem", diz uma das líderes. 

"A gente só sai daqui mediante manifestação do Ministério Público, a nossa palavra é uma só, ocupamos porque temos necessidade".  

Crédito: arquivo pessoal

 

Procedimento

O Portal M! entrou em contato com a Secretária de Segurança Pública da Bahia para verificar os procedimentos da Polícia Militar nos casos de ocupação de terreno particular. Conforme informações do órgão, por meio da assessoria de comunicação, se o dono do terreno chegou a fazer uma queixa para a PM, a corporação pode solicitar a saída dos ocupantes, mas através de conversa. 

Caso o movimento permaneça, o dono do terreno pode entrar com uma ação jurídica até que a Justiça determine a retirada.  

Referente à ameaça com bala de borracha, a SSP desaprova e informa que a 1ª CIPM não tem armamento preparado para aceitar munição de borracha e solicitou que a PM apure o caso. 

A PM  informou à reportagem que se algum dano moral ocorreu durante a abordagem os manifestantes podem prestar uma queixa na Corregedoria na Pituba ou pelo site da Ouvidoria.