Segunda onda da pandemia no Brasil será em abril, diz Christopher Murray

Professor na Universidade de Washington aponta a sazonalidade como um dos fatores de maior influência na disseminação do coronavírus, que ganha força com a chegada do outono e inverno

Por Redação
21/11/2020 às 23h59
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Foto: Institute for Health Metrics and Evaluation
Foto: Institute for Health Metrics and Evaluation

Diante da segunda onda de casos de Covid-19 registrada na Europa e nos Estados Unidos, a população brasileira se vê em alerta. Mas o diretor do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) e professor na Universidade de Washington, Christopher Murray, acredita que um novo pico só deve ocorrer no Brasil a partir de abril de 2021, e a gravidade vai depender da disponibilidade de uma vacina. 

A análise foi apresentada durante o Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), realizado virtualmente entre os dias 16 e 20 de novembro. O modelo estatístico aplicado pelo IHME para análise de dados da pandemia foi desenvolvido em março, mas já em julho foi revisado e passou a analisar dados do passado recente, tendo capacidade preditiva sobre a próxima semana. 

O instituto leva em consideração a dinâmica da transmissão, assim como o modelo comportamental humano e dos governos, que leva em conta fatores como uso de máscara, mobilidade (que é possível medir por meio de dados obtidos a partir de celulares), taxa de isolamento social, disponibilização de testes e a sazonalidade.

"No Brasil, a mobilidade medida pelos celulares [que caiu drasticamente no mês de março] aumentou no início de abril. Neste momento, já está bem próxima de antes da Covid-19, apenas 10% a 15% abaixo", revela Murray. Já em relação ao uso de máscara, o especialista analisa que a taxa de adesão cai conforme o número de casos diminuem.

Em novembro, os dados analisados pelo IHME revelam que, das 27 unidades federativas, uma apresenta adesão de 65% a 69% da população, enquanto todas as outras já estão abaixo de 64%.
Apesar disso, por causa da sazonalidade, o número de mortes por pneumonia - um dos indicadores de aumento de casos Covid-19 - tem queda associada à chegada do verão no hemisfério sul.

"Os mesmos esforços que funcionam nos meses de verão podem não funcionar no inverno", explica Murray. "No Brasil, o timing da vacinação é que vai definir quão severa será a segunda onda."

Para ele, é mandatório que os governos de todos os países reimplementem medidas de isolamento social quando os sistemas de saúde atingirem novamente níveis críticos de ocupação.

"A previsão é que o Brasil chegue a 188 mil mortes até 1º de março. Se o uso da máscara for adotado por 95% da população, como acontece em Singapura, 9 mil vidas podem ser salvas até a mesma data", explica.