"Se a oferta de leitos reduz, a taxa de ocupação irá aumentar", diz infectopediatra sobre o 'boom' de internações de crianças com Covid em UTIs

O aumento nas internações pediátricas em UTIs por Covid- 19, que segundo o prefeito ACM Neto, chegou a 70%, causou surpresa entre especialistas. Pediatras contestam o "boom" e dizem que na verdade, houve uma diminuição na oferta de leitos. 

A infectopediatra Anne Galastri disse ao Portal M! que o aumento da taxa se dá em virtude da redução da oferta de leitos, tanto em UTIs, quanto em enfermaria. "É uma matemática simples. Se a oferta reduz, evidentemente a taxa irá aumentar", explicou a médica, que integra o Departamento de Infectologia Pediátrica da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape). 

"Quando analisamos os dados da Sesab dos últimos sete dias, o percentual aumentou. Por exemplo, no dia 7 de outubro, eram 31 leitos disponíveis. Já na quarta-feira (14), havia apenas 27 disponíveis. Ou seja, diminuiu o número de leitos, o que aumentou, a taxa de ocupação", afirmou.

Ainda, segundo Galastri, a declaração do prefeito é uma surpresa para os médicos da área de infectologia, já que a realidade diária é totalmente diferente do que foi apresentado.

"Aqui em Salvador o que vemos é uma redução de internação, a 'grosso modo'. É uma surpresa para todos nós da área de infectologia, porque não é isso que temos vivenciado. O que precisamos entender é se houve um delay de informações. Além disso, uma vez que o paciente vai para a UTI, esse tempo de permanência é de 10 dias e precisa ser muito bem avaliado", analisou a infectopediatra.

No boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), desta quarta-feira (14), foi registrada em Salvador, uma taxa de 59% de ocupação na enfermaria pediátrica. Foram 16 leitos ocupados no total de 27 disponíveis. No caso das UTIs, foram 20 leitos ocupados, sendo 27 disponíveis, com uma taxa de 74% de ocupação.