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Janeiro Branco: psiquiatra aborda relação entre redes sociais e saúde mental

Na avaliação de Antônio Pedreira, convidado do Podcast do M!, a situação é cada vez mais preocupante

Este mês traz a campanha Janeiro Branco, com o objetivo de gerar reflexões sobre algo tão essencial quanto a saúde física: o bem-estar mental. É um convite à conscientização e à quebra de tabus que ainda cercam as questões relacionadas à saúde psicológica. Para tratar desse assunto, o  podcast do Portal M! ouviu o médico psiquiatra Antônio Pedreira, que falou sobre a campanha, com foco nas redes sociais e suas relações tóxicas.

Na avaliação de Pedreira, que também é psicoterapeuta, é cada vez mais preocupante o efeito das redes sociais na saúde mental. Para ele, o ambiente online por si só não é ruim, e isso pode ser comprovado através das possibilidades disponíveis.

“O ambiente online permitiu o desenvolvimento de ferramentas que possibilitam a aproximação de pessoas em tempo real e pessoas que moram em países distantes. Eu mesmo faço consultas a distância de pessoas no exterior. Agora, quando você me pergunta o que há de errado, a primeira ideia que me ocorre é o mau uso, o tempo exagerado de conexão online, o abuso e os riscos de fake news e bad news. Mas precisamos levar em conta que existem pessoas na internet que apresentam patologias diversas, como paranoia, personalidades antissociais, pessoas niilistas, com ciúmes patológicos, narcisistas e até mesmo psicopatas”, explicou. 

Conforme o especialista, a preocupação se dá porque não é possível saber quem acessará as redes sociais e o quão preparadas psicologicamente essas pessoas estão para lidar com o que pode resultar de uma postagem.

“Quero também ressaltar aqui que o ‘Dr. Google’ é muito importante porque dá informação em tempo real. No entanto, os clientes estão abusando, e já vão procurar para fazer a segunda opinião. E, às vezes, ler ao pé da letra sem nenhum conhecimento médico, aí mora um perigo muito grande”, alertou. 

Pessoas estão mais vulneráveis a relacionamentos tóxicos nas redes sociais?

O psiquiatra enfatizou que existe um risco aumentado de falsa segurança em se expor ao divulgar conteúdos,  sem ter a noção de como aquilo pode ser utilizado por pessoas capazes de perceber vulnerabilidades latentes, e que poderão dizer o que a pessoa necessita ouvir, e não o que é verdadeiro. Em função disso, Pedreira alertou que há o risco de agravamento de doenças.

“Vimos há algum tempo uma apologia de pessoas à anorexia, induzindo a pública criatura que estava seguindo essa personagem chamada Ana a acreditar em falsas realidades e a cometer comportamentos que podiam, inclusive, atentar contra a saúde, automutilação e até a própria vida. Pessoas com baixa autoestima, que se viam em relacionamentos à distância com indivíduos que lhe prometiam realizar sonhos, casamentos em tempo integral, dedicação exclusiva, viagens ao exterior, construir uma vida a dois, só para citar alguns”, lembrou.

Redes sociais podem servir de gatilho? 

Recentemente, chamaram atenção casos de suicídio envolvendo exposições e disseminação de fake news na internet. Por conta disso, o especialista observou que o suicídio tem múltiplos fatores causais, além de ser algo muito complexo. O médico também lembrou que o risco de se cometer suicídio é de cinco a dez vezes maior em pessoas que já tiveram uma tentativa prévia ou quando existe um histórico familiar. 

“Vale ressaltar que um enorme percentual de profissionais da saúde não sabe como agir diante de alguém com a intenção suicida, e muitos nem sabem lidar com as próprias emoções, nem com as emoções alheias. Na verdade, não existe um preparo, na maioria das vezes, para lidar com emoções. Entre os fatores mais frequentes que propiciam ou podem propiciar os suicídios, eu vou destacar doenças orgânicas, incapacitantes, principalmente doenças crônicas, transtornos mentais, ou então o uso de drogas ilícitas, também uso abusivo, sem falar de fatores sociodemográficos”, listou.

Considerando as redes sociais, Pedreira lembrou da existência dos haters e de pessoas “odiosas”, que estão o tempo todo “raivosas”, além dos stalkers, que se “tornam perseguidores de plantão, canceladores e bloqueadores, hackers que entram em sua conta e os praticadores de cyberbullying”.

Ainda nesse rol, o psiquiatra cita os divulgadores e consumidores de pornografia, pedófilos e os que utilizam perfis falsos em sites de relacionamentos só com o intuito de prejudicar diretamente alguém. “Essas situações, infelizmente frequentes, podem ser consideradas situações de gatilhos desencadeadores”, alertou.

 

Confira o podcast na íntegra:

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