A ansiedade – que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge 9,3% dos brasileiros de forma patológica e coloca o país no primeiro lugar em incidência em todo o mundo – pode causar manifestações físicas e psíquicas graves, gerando até mesmo diagnósticos errados quanto à origem de certos sintomas.
Quando não tratada corretamente, inclusive, a ansiedade pode desencadear outros transtornos mentais, como a depressão – enfermidade que, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), acomete aproximadamente 300 milhões de pessoas no mundo.
Convidado do Podcast do Portal M!, o médico psiquiatra Moacir Oliveira, especialista em Medicina Física e Reabilitação e pós-graduado em Psicoterapia e em Psiquiatria, explicou, dentre outras questões, que essa evolução para um quadro depressivo pode acontecer “devido às frustrações ou até mesmo ao isolamento social crônico”.
Sobre os sintomas físicos mais frequentes da ansiedade, o especialista destacou: boca seca, taquicardia, dificuldade de respirar, tensão muscular aumentada, tremores, sudoreses, entre outros. Diante da possibilidade de agravamento desse quadro, o psiquiatra alertou sobre a importância do diagnóstico preciso do transtorno de ansiedade para que os sintomas não sejam confundidos com outras alterações orgânicas graves, sejam elas cardiovasculares, neurológicas ou endocrinológicas.
Ao abordar os tratamentos para a ansiedade patológica, Moacir Oliveira citou a ,manutenção de hábitos saudáveis, o autoconhecimento, a busca por um terapeuta e, em alguns casos, a intervenção medicamentosa. Sobre este último quesito, o especialista recomendou abandonar qualquer preconceito com relação a remédios voltados para doenças mentais.
“Há condições em que nós vamos prescrever [remédios] por um tempo e em outros, mais graves e crônicas, nós vamos prescrever para a vida inteira. Este tipo de preocupação geralmente não existe para outras doenças orgânicas, como hipertensão e diabetes. A doença mental é revestida de uma espécie de rótulo, de estigma, que desqualifica a pessoa por ser portadora de um transtorno mental”, lamentou.
Como detalhou o médico psiquiatra, a falta de conhecimento sobre doenças mentais pode causar estranhamento com relação aos sintomas, consequências e tratamentos. “Pessoas que são desinformadas tendem a evitar o que não conhecem. O principal antídoto para o combate à psicofobia é popularizar informações sobre os transtornos mentais. Por vezes, o estigma vem dentro de casa e é importante ações de informação como esta”.
