Em gesto de reparação, Lázaro Ramos compra casa onde mãe sofreu agressão e funda ONG
Ator revelou episódio no livro ‘Na Nossa Pele’, que expõe força das memórias e das ações que transformam dor em reparação

O ator e escritor baiano Lázaro Ramos lançou recentemente o livro “Na Nossa Pele”, pela editora Objetiva, dando continuidade ao diálogo iniciado em “Na Minha Pele”, de 2017. O novo título reúne experiências pessoais, reflexões sobre o racismo estrutural, representatividade negra e as transformações sociais no Brasil. A publicação também aprofunda a relação afetiva do autor com a mãe, Célia Maria do Sacramento, que faleceu quando ele tinha 19 anos.
Memória da violência e transformação em ação social
Em um dos trechos do livro, Lázaro relembra uma passagem de sua infância em Salvador, quando tinha apenas 10 anos. Durante uma visita à casa onde sua mãe trabalhava como empregada doméstica, presenciou um episódio de agressão cometido pela patroa contra ela.
“Numa dessas visitas, enquanto eu no quarto me distraía com algum brinquedo improvisado, ouvi de repente um estalo. Saí apressado para ver o que estava acontecendo e percebi que a patroa da minha mãe tinha acabado de dar um tapa no rosto dela. E continuava a humilhá-la”, relata Lázaro no livro.
O episódio, que havia sido temporariamente reprimido por ele, voltou à tona em 2022, durante uma caminhada com os filhos pela capital baiana. Ao passar pelo imóvel onde o fato aconteceu, decidiu comprá-lo. O espaço hoje abriga uma ONG que acolhe profissionais resgatados de trabalho análogo à escravidão. O rosto de Dona Célia foi eternizado em um grafite na parede.
“A sensação foi de vingança misturada com justiça e insegurança”, conta Lázaro na obra. “Descobri nesse dia que dava pra sentir tudo isso junto. E deu ainda uma vontade enorme de fazer o tempo voltar e compartilhar com minha mãe essa e tantas outras conquistas.”
Célia Maria: presença constante e inspiração artística
Em “Na Nossa Pele”, Dona Célia tem papel central. Segundo Lázaro, a princípio, o título do livro se referia às peles de mãe e filho. O autor destaca a importância de revisitar a imagem da mãe com um novo olhar, livre das marcas da dor.
“É uma homenagem, uma maneira de ser justo com ela. Muitas das memórias que eu tinha de minha mãe tinham a ver com dor, porque ela sofreu muito. E assim eu a descrevia. Aí eu fui fazer uma investigação, pesquisar quem foi essa mulher incrível”, diz Lázaro, revelando que a mãe era alegre, criativa e estudava teatro à noite, após o trabalho. Ela o levava para assistir às aulas, o que o influenciou diretamente na decisão de se tornar ator profissional.
“Sou uma extensão do sonho dela”, afirma o artista, ao perceber semelhanças com a mãe, como o gosto pela conversa, o humor e a vulnerabilidade.
Família, rotina e novos projetos
Aos 46 anos, Lázaro é pai de João Vicente, de 13 anos, e Maria Antônia, de 10, frutos de sua união com a atriz Taís Araujo. Juntos, formam uma família guiada pelo afeto, diálogo e disciplina. Mesmo com a rotina intensa de trabalho, o casal faz questão de levar os filhos à escola todos os dias.
“Somos uma família do toque, do dengo, do abraço, do estímulo verbal aos pontos positivos das crianças. Damos limite e exigimos o ‘boa tarde’, o ‘com licença’, o ‘por favor’, o ‘muito obrigado’”, explica Lázaro. Segundo ele, mesmo com agendas atribuladas, enquanto Taís grava a novela “Vale Tudo” e ele ensaia para a terceira temporada de “Os Outros”, o convívio familiar é mantido nas refeições e nos momentos de colocar os filhos para dormir.
Novos rumos e planos para o futuro
Morando atualmente no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, Lázaro afirma que gosta da nova vizinhança, apesar de ainda não ter explorado a praia da região. Ele revela que é apegado às pessoas, mais do que aos lugares, e brinca ao dizer que irá acompanhar os filhos, mesmo que eles mudem de cidade ao ingressarem na universidade.
“Já falei para as crianças que quando elas entrarem para a universidade, se forem pra outra cidade, vou atrás”, diz ele. O ator também compartilha o desejo de viver em Cabo Verde, onde finalizou o manuscrito de seu novo livro no Dia das Mães de 2024.
“Eu me permito sonhar”, resume o autor, que prefere ser chamado de comunicador, por englobar suas múltiplas funções nas artes — ator, escritor, diretor e produtor.
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