Salvador é capital mais violenta para LGBTQIAPN+ no Brasil; saiba o que fazer caso se torne vítima

De acordo com GGB, São Paulo, Bahia e Mato Grosso lideram ranking dos estados com mais casos contra comunidade; veja números


Vixe d-flex me-2
Otávio Queiroz 25/01/2025 14:08 Cidades
Salvador é capital mais violenta para LGBTQIAPN+ no Brasil; saiba o que fazer caso se torne vítima - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil lidera os índices de violência contra pessoas LGBTQIAPN+ no mundo, segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB). Em 2024, foram registradas 291 mortes violentas dessa população — um aumento de 13,2% em relação ao ano anterior. Esse número, alarmante por si só, é apenas a ponta de um iceberg de preconceito, discriminação e intolerância que permeia a sociedade brasileira.

De acordo com GGB, São Paulo, Bahia e Mato Grosso lideram o ranking dos estados com mais casos violentos contra a comunidade LGBTQIAPN+. Além disso, Salvador é a capital mais violenta.

Bahia em 2º lugar no ranking e Salvador no topo entre capitais

Segundo levantamento do GGB, que é feito há 45 anos, a Bahia ocupa o segundo lugar no ranking dos estados mais violentos para a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil, sendo responsável por 10,65% dos casos registrados nacionalmente. O mais recente aponta que 31 crimes letais contra pessoas LGBTQIAPN+ foram registrados no estado, que só perde para São Paulo, com 53 casos. Além disso, Salvador, capital baiana, desponta como a cidade mais perigosa para essa população.

O levantamento aponta os estados com os maiores números de casos de violência letal contra pessoas LGBTQIAPN+. Veja o ranking completo:

  1. São Paulo: 53 casos
  2. Bahia: 31 casos
  3. Mato Grosso: 24 casos
  4. Minas Gerais: 22 casos
  5. Pará: 16 casos
  6. Pernambuco: 15 casos
  7. Rio de Janeiro: 15 casos
  8. Alagoas: 13 casos
  9. Ceará: 11 casos
  10. Maranhão e Paraná: dez casos cada

Outros estados, como Amazonas (oito), Goiás (oito) e Espírito Santo (sete), também registraram números significativos.

Salvador: capital mais perigosa para comunidade LGBTQIAPN+

No recorte por cidades, Salvador lidera como a capital mais violenta para pessoas LGBTQIAPN+, com 14 casos registrados. Em seguida, aparecem São Paulo (SP), com 13 casos, e Belo Horizonte (MG), com sete. Confira o ranking das capitais:

  1. Salvador (BA): 14 casos
  2. São Paulo (SP): 13 casos
  3. Belo Horizonte (MG): sete casos
  4. Maceió (AL): sete casos
  5. Fortaleza (CE): seis casos
  6. Manaus (AM): seis casos
  7. Rio de Janeiro (RJ): seis casos

Regiões, meios utilizados nos crimes e vítimas

As regiões Nordeste e Sudeste lideram em número de mortes, com 99 casos cada. Em relação ao tipo de arma usada nos crimes, os dados são igualmente preocupantes:

  • Arma branca: 65 casos
  • Arma de fogo: 63 casos
  • Espancamento: 32 casos

Entre as vítimas registradas em todo o Brasil, a maioria era composta por gays, travestis e mulheres transgêneros. Confira os números detalhados:

  • Gays: 165
  • Travestis e mulheres transgêneros: 96
  • Lésbicas: 11
  • Bissexuais: sete
  • Homens trans: seis
  • Outras seis pessoas identificadas como heterossexuais foram incluídas no levantamento, pois foram confundidas com integrantes da comunidade ou atacadas por defender vítimas.

Especialistas apontam racismo e machismo para alto índice

Embora os números sejam fundamentais para dimensionar o problema, especialistas apontam para a importância de uma abordagem mais ampla para lidar com a violência. “Matamos três ou quatro vezes mais LGBTs no Brasil do que nos Estados Unidos, que tem 130 milhões de habitantes a mais que o Brasil”, destaca Luiz Mott, antropólogo, historiador e fundador do GGB, ao Portal M!.

Ele relaciona o índice elevado às raízes históricas do racismo e do machismo no país. “Para que 10% mandassem em 90% durante o Brasil colonial, era necessário ser ultra-violento. Qualquer homem efeminado, travesti, era visto como uma ameaça à hegemonia do macho branco”.

Cuidados e prevenção: como minimizar riscos

Com o aumento da violência, é essencial que a comunidade LGBTQIAPN+ esteja informada sobre medidas de prevenção e saiba como agir caso seja vítima. Para reduzir os riscos, é importante evitar circular sozinho em locais isolados ou pouco movimentados, especialmente durante a noite. Conhecer os índices de violência na região onde se vive também é fundamental. Dados de 2024 mostram que São Paulo foi o Estado mais perigoso para a comunidade LGBTQIAPN+, com 53 mortes registradas, seguido pela Bahia, com 31 casos, e Mato Grosso, com 24.

Nas cidades, Salvador lidera como a capital mais violenta, com 14 mortes, enquanto São Paulo contabilizou 13 e Belo Horizonte, sete. Além disso, ter contatos de emergência sempre à mão e informar amigos ou familiares sobre sua localização pode ajudar em situações de risco. Ao utilizar aplicativos de relacionamento, priorize encontros em locais públicos e compartilhe informações do encontro com alguém de confiança.

O que fazer em caso de violência

Se você for vítima de violência, é essencial buscar ajuda imediatamente. Caso esteja ferido, procure atendimento em um hospital ou unidade de saúde mais próxima. Denunciar o ocorrido é fundamental, seja através do 190 ou diretamente em uma delegacia especializada, como a Delegacia de Crimes de Intolerância ou de Atendimento à Diversidade, se houver na sua cidade.

Ao registrar a ocorrência, detalhe ao máximo o incidente, incluindo descrição dos agressores, local e hora do crime, além de possíveis testemunhas. Também é recomendável buscar apoio jurídico e psicológico em organizações como o GGB ou centros de referência LGBTQIAPN+.

Segundo Luiz Mott, é importante garantir que as leis sejam aplicadas com rigor. “Se o gay foi insultado, tem que haver inquérito, e o responsável precisa ser punido”, disse ao Portal M!.

Educação e ação como soluções de longo prazo

Para enfrentar essa realidade, é necessário investir em educação e em mudanças estruturais. “A solução passa por oferecer educação sexual em todos os níveis escolares, ensinando que a orientação sexual e a identidade de gênero são direitos do cidadão”, argumentou Mott.

Ele também destaca a importância de aplicar rigorosamente as leis existentes e de promover o orgulho LGBTQIAPN+. “Que a comunidade saia do armário, que se assuma e tenha orgulho de quem é”, ressaltou ao Portal M!.

Apesar de avanços como o casamento igualitário e a criminalização da homofobia e da transfobia, a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ continua sendo um reflexo de uma sociedade que precisa urgentemente enfrentar suas desigualdades. Os dados do GGB são um lembrete brutal de que ainda há muito a ser feito.

Mais Lidas

Cidades

Últimas Notícias

Fernanda Torres conquista prêmio de Melhor Atriz no Satellite Awards com ‘Ainda Estou Aqui’ -
Cultura 26/01/2025 às 19:40

Fernanda Torres conquista prêmio de Melhor Atriz no Satellite Awards com ‘Ainda Estou Aqui’

Atriz conquista seu segundo prêmio na temporada de premiações, após Globo de Ouro, e se consolida como favorita ao Oscar 2025


BBB 25: Confira como será a formação do segundo paredão da edição, com o Big Fone tocando ao vivo -
BBB 25 26/01/2025 às 18:50

BBB 25: Confira como será a formação do segundo paredão da edição, com o Big Fone tocando ao vivo

Confira a nova dinâmica da noite e quem está na mira do paredão


Azul suspende voos em 12 cidades e promove readequações operacionais em diversas rotas -
Negócios 26/01/2025 às 18:00

Azul suspende voos em 12 cidades e promove readequações operacionais em diversas rotas

Companhia justificou decisão por fatores que têm impactado severamente setor aéreo, como aumento expressivo nos custos operacionais


Surto de Norovírus atinge cruzeiro com mais de 6 mil passageiros; Anvisa monitora situação -
Cidades 26/01/2025 às 17:10

Surto de Norovírus atinge cruzeiro com mais de 6 mil passageiros; Anvisa monitora situação

MSC Grandiosa registra 127 casos de Doença Diarreica Aguda; passageiros relatam sintomas e medidas são intensificadas


Brasileiros deportados dos EUA são algemados em voos; entenda repercussões -
Política 26/01/2025 às 16:20

Brasileiros deportados dos EUA são algemados em voos; entenda repercussões

Governo brasileiro intervém para garantir dignidade no transporte de deportados


Carnaval 2025: Governo da Bahia anuncia prorrogação para inscrição de projetos -
Carnaval 26/01/2025 às 15:30

Carnaval 2025: Governo da Bahia anuncia prorrogação para inscrição de projetos

Inscrições podem ser feitas até 27/01, com entrega exclusivamente presencial


Calor do verão e superlotação de praias elevam riscos de doenças na alta estação -
Saúde 26/01/2025 às 14:40

Calor do verão e superlotação de praias elevam riscos de doenças na alta estação

Em entrevista ao Portal M!, infectologista Robson Reis fala sobre aumento de casos durante verão e dá dicas de prevenção


Com participação de Luiz Caetano, Monte Gordo celebra São Francisco de Assis com festa de fé, cultura e tradição -
Cidades 26/01/2025 às 13:50

Com participação de Luiz Caetano, Monte Gordo celebra São Francisco de Assis com festa de fé, cultura e tradição

Evento reúne milhares de pessoas, música, cortejos e programação variada em dois dias de celebração


Carnaval de Salvador 2025: confira histórias e atrações dos principais blocos -
Carnaval 26/01/2025 às 13:00

Carnaval de Salvador 2025: confira histórias e atrações dos principais blocos

Maior festa popular do mundo acontece, neste ano, no dia 27 de fevereiro (quinta-feira)


BBB 25: Diego e Daniele Hypolito escolhem quem receberá colar do Anjo -
BBB 25 26/01/2025 às 12:10

BBB 25: Diego e Daniele Hypolito escolhem quem receberá colar do Anjo

Ginastas terão almoço do anjo neste domingo (26)