Redes sociais podem ser aliadas no combate ao desperdício de alimentos, diz influenciadora
Surthany Hejeij faz sucesso na internet ao preparar refeições com produtos que seriam jogados no lixo
A influenciadora Surthany Hejeij faz sucesso na internet ao postar vídeos – que já acumulam milhares de visualizações – nos quais ensina a preparar pratos e refeições em grande quantidades com alimentos que seriam jogados no lixo. De origem libanesa e venezuelana, ela fala de um assunto que não é comum nas redes sociais: o combate ao desperdício de alimentos.
Surthany Hejeij defendeu o uso das plataformas como aliadas neste aspecto ao participar do painel Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, na abertura do G20 Talks, que integra a programação do G20 Social, no Rio de Janeiro. A influenciadora contou como as redes sociais podem mudar a postura das pessoas diante do desperdício e melhorar a segurança alimentar.
“Muitas vezes, nós não acreditamos no impacto das redes sociais e como elas influenciam o nosso dia a dia. A gente vê vídeos que se tornam virais em que se vê muita comida desperdiçada. Jogam os sacos no chão. Eu tentei transformar essa visão em como esses alimentos podem ser usados e transformados de alguma forma para ajudar uma pessoa que precisa”, disse a influenciadora, que em alguns vídeos já preparou pratos típicos do Brasil.
Iniciativa do governo Lula, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza já conta com a adesão de 82 países. Brasil e Bangladesh foram os dois primeiros. O organismo tem apenas dois endereços físicos, um no Brasil e outro na sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma. O país se dispôs a arcar com metade dos recursos de manutenção.
Combate à fome entre refugiados
A atriz, empresária e ativista dos direitos humanos sul-africana, Nomzano Mbatha, desenvolve projetos de combate à pobreza entre refugiados. Como embaixadora da ACNUR das Nações Unidas, costuma visitar campos de refugiados no continente africano.
Nomzano relata que os refugiados são vistos, geralmente, somente pelo ponto de vista da pobreza extrema ou que deixaram suas terras e cultura por escolha própria.
Essa perspectiva, diz a ativista, dificulta encontrar grandes doadores interessados em apoiar a causa, por não identificarem os refugiados como pessoas com capacidade de se renovar.
“Estamos mudando a narrativa para dizer que os refugiados não são pessoas destruídas. São pessoas deslocadas por causa de consequências que não tem a ver nada com o que fizeram. Quanto mudamos a narrativa, convidamos o setor privado e ao convidar bancos do mundo inteiro vão entender que nos campos de refugiados existe uma economia. Há pessoas que estão se reconstruindo, vendendo frutas e verduras, roupas, pessoas que gostariam de começar uma nova vida”, ressaltou.
Ações conjuntas para combate à fome
Atual diretora Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campello comandou o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de 2011 a maio de 2016, quando coordenou programa para retirada de 22 milhões de brasileiros da situação de total insegurança alimentar.
No painel, ela destacou que não há ‘bala de prata’, uma solução única para o combate à fome e à pobreza. São ações que precisam ocorrer em conjunto. Ela citou, como exemplo, a merenda escolar, que foi melhorada ao longo do tempo no país.
“No Brasil, a gente está estimulando que as escolas comprem localmente, diminui a emissão de gases porque diminui o transporte, come comida mais fresca. Tem lugar que as crianças comem na escola, mas come biscoito recheado com suco de caixinha, ao invés da comida de verdade. É o que a gente está tentando fazer. Criança na escola se alimentando com qualidade pelo menos uma vez, está protegida em um momento do dia com comida de verdade”, disse.
No painel de abertura, a primeira-dama, Janja da Silva, informou que trabalha em um projeto para a construção de cozinhas sustentáveis, equipadas com placas solares, por exemplo, que permitem o funcionamento de fogões para o cozimento dos alimentos.
A primeira-dama relata que a falta de energia elétrica é um problema que afeta a vida de mulheres em diferentes territórios.
Em alguns países da África, elas precisam caminhar longas distâncias em áreas desertas para buscar lenha para o preparo de alimentos, podendo ser vítimas de agressão e violência sexual.
“É um projeto-piloto que tenho a honra de estar construindo em parceria com a Itaipu Binacional, o Ministério de Minas e Energia, e de Desenvolvimento Social que a gente quer levar para o mundo. A gente precisa transformar, porque quando se fala de fome e pobreza, isso afeta drasticamente a vida de mulheres e meninas e é para essa população que eu tenho o meu esforço voltado”, afirmou.
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