O médico obstetra Luís Leite foi encontrado morto em sua residência, em Itabuna, no sul da Bahia, na manhã desta quinta-feira (21). O caso ocorreu meses após ele ter sido investigado por injúria racial contra uma auditora que trabalhava na Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Ainda não se sabe a causa da morte, que será determinada após necropsia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML).

De acordo com informações preliminares, familiares do médico acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito no local. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) também foi chamado para realizar uma perícia no imóvel e encaminhar o corpo ao IML.

O obstetra esteve envolvido em uma polêmica no início do ano, quando foi acusado de fazer comentários racistas a uma auditora durante uma auditoria na Maternidade Otaciana Pinto. Segundo a denúncia, Luís Leite teria afirmado que a auditora, uma mulher negra, era bonita por ter “sangue branco”.

“A vítima diz que trata-se de uma frase racista, ela estava no hospital quando foi abordada por esse médico, elogiando a cor da pele e afirmando que se ela tem uma pele bonita é porque ela tem sangue de branco”, relatou a delegada Lisdeili Nobre, responsável pela investigação. A auditora também citou outra frase dita pelo médico: “Você já viu alguém com pele preta ser bonita assim? Então, afirmo que se você é bonita é porque você tem sangue branco”.

O caso teve repercussão, e Luís Leite chegou a ser preso no Conjunto Penal de Itabuna em outubro deste ano. Ele foi solto no dia 6 de novembro, após a concessão de um habeas corpus. A mesma decisão que determinou sua liberdade também permitiu que ele recorresse em liberdade.

Desde o início das investigações, a defesa do médico negou as acusações. Segundo sua advogada, o obstetra apenas fez um comentário para um colega de trabalho. “Ele comentou que a moça era bonita, tinha a pele bonita. Ele, em momento algum, dirigiu a palavra pra moça ou dirigiu esse elogio pra suposta vítima”, afirmou.