Presidente da Sociedade Israelita da Bahia diz ser a favor da criação de Estado Palestino

Ao Podcast do Portal M!, Rogério Palmeira ponderou que o tema não é de interesse do Hamas

Por Bruno Brito
24/02/2024 às 14h00
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Foto: Divulgação
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A recente - muito criticada - declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparando as ações militares de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto na 2ª Guerra Mundial, reacendeu a discussão sobre a criação de um Estado Palestino. O tema foi abordado no podcast do Portal M!, que recebeu o presidente da Sociedade Israelita da Bahia (SIB), Rogério Palmeira. Durante a conversa, ele ressaltou que nem a comunidade judaica e nem Israel são contra a criação de um Estado Palestino.

"É importante a gente ver que a comunidade judaica não é - nem Israel, nem no resto do mundo na diáspora - contra o estabelecimento de um Estado palestino, muito pelo contrário", garantiu. 

Rogério Palmeira também afirmou que a região hoje chamada de Palestina não era apenas dos palestino, mas de todos os que habitavam a província: judeus, os atuais jordanianos, os atuais israelenses etc.

"A Liga Árabe rejeitou essa proposta [de criação do Estado Palestino]. Não foi a comunidade judaica - nem na diáspora, nem no atual Estado de Israel - que rejeitou. Também não foi o Estado de Israel que rejeitou as propostas, nem a comunidade judaica, de criação do Estado Palestino, nos Acordos de Camp David, nem os Acordos de Taba em 2000-2001", pontuou.

"Após os Acordos de Camp David, o príncipe saudita, que é documentado inclusive na biografia de Bill Clinton, era testemunha e um mediador do lado dos muçulmanos. Ele considerou Yasser Arafat [líder da Autoridade Palestina, à época] como o maior criminoso dos interesses dos palestinos, por rejeitar uma proposta que incluía uma devolução de todos os territórios palestinos e o estabelecimento de Jerusalém como capital do Estado Palestino", completou.

Na avaliação do representante da comunidade judaica na Bahia, nunca houve uma proposta tão generosa como essa. "Não apenas rejeitou como convocou a Segunda Intifada que acabou gerando entre outros eventos, a derrubada do governo [Yitzhak] Rabin e o casamento de radicais que resultaram no assassinato de Rabin. De lá para cá, outras propostas também foram rejeitadas como o Mapa do Caminho, os próprios Acordos de Abraão - a Autoridade Palestina se mostrou contrária". 

Diante disso, Rogério Palmeira reforçou ser a favor da criação de um Estado Palestino, mas ponderou não se tratar de um interesse do grupo terrorista Hamas.

"O Hamas não defende isso, e esse Estado Palestino tem que estar disposto - foi uma premissa dos Acordos de Oslo - ao abandono do terrorismo como arma de guerra. E o que a gente observou agora em Gaza, não apenas o ataque de outubro: estabeleceu-se não apenas o terrorismo, mas o estupro como arma de guerra e, infelizmente, as mulheres israelenses têm sido desacreditadas por grupos feministas ao redor do mundo", lamentou.

Por fim, o presidente da Sociedade Israelita da Bahia disse ter esperança no restabelecimento da paz. "Que os palestinos possam estar livres, sim, de grupos terroristas, que o Hamas consiga ser eliminado e que os países árabes da região possam apoiar a reconstrução de Gaza e que essa guerra termine o mais rápido possível", completou Palmeira.

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Confira o podcast na íntegra: